sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Ciclo da vida (pte.2) - Eclesiastes 3:1-8

Houve um tempo de transformação, rasgar vestes judaicas, vestes essas, que religiosamente, não serviria para o reino, nem como remendo. Mas tempo de coser as relações refeitas pelo perdão, através da Graça. Não adiantaria pois o vinho novo romperia os odres velhos. 

Houve tempo de falar. Tanto, que sua Palavra se tornou insuportável.
Houve tempo de calar-se, descer ao matadouro como ovelha, muda, diante dos seus algozes. 

Porém, para Jesus, só houve tempo de amar, tempo de paz, mesmo vivendo o tempo todo de seu ministério, em guerra e perseguido.
E hoje, enganam o povo falando de uma existência na qual só há "vitória", "riso", "cama quente", "riquezas", só se ganha, dança se ajunta tesouros, constrói, só se nasce, se agrega, se celebra, só se tem sucesso. 
Temo pelo silêncio. 

Então vem a vida. Chega o tempo de chorar, de lamentar. Sim, porque a chuva cai tanto para os ímpios como para os filhos de Deus.Chega o tempo de prantear, de perder, de morrer, de arrancar, de lutar, de enfrentar, de calar, de rasgar, de jogar fora, de reconstruir com as próprias mãos. 
E então o ser sem a sabedoria da vida se escandaliza, se enfraquece e se julga traído por Deus e perseguido por uma 'conspiração' divina. 

As estações mudam.
Já comi muito doce. Agora, com diagnóstico perverso, danoso á minha saúde, tenho que parar. Chegou o tempo de não comer mais açúcar, até quando Deus quiser.
De repente, alguém teve que colocar uma sonda para urinar.
Um dia, meu pai amputou uma perna: "Filho, é a nossa vida. É só Jesus, né, filho?!" Disse ele. Uma ano e meio depois, minha mãe foi para a UTI. Ambos, creio, estão nos braços do Senhor, por Sua misericórdia e Graça.
Mudaram os tempos. Mudaram as estações.
Recebemos os planos do Senhor (Jó 2:10). 

Segundo o texto de Eclesiastes, nada acontece por acaso, por força da oportunidade, do azar ou sorte, ou coincidência. Por trás dos fatos há amor. Há a sabedoria que o homem não compreende, porque só iremos entender, depois, quando os fatos se consomem. 




NaquEle, que em todas as estações e circunstâncias, nos aguarda com seu amor e misericórdia.

Ciclo da vida (pte.1) - Eclesiastes 3:1-8

Em Eclesiastes, Deus nos mostra que há tempo para todas as estações da vida. Não há nem houve, exceções. Nem mesmo Jesus, o Cristo.
Também para o Cristo houve tempo de nascer, tempo de viver e tempo de morrer. 
Assim, teve tempo de plantar e semear, arrancar o que foi plantado e abrir espaço para os frutos que desejavam produzir. Para Jesus, houve tempo de matar ("Nunca mais nasça fruto de ti" - Mateus 21:19) e tempo de curar. E curou, muitos.
Houve tempo de derrubar: "Aqui não restará pedra sobre pedra" (Mateus 24:2), e tempo de edificar, no caso, a igreja: "As portas do inferno não prevalecerão" (Mateus 16:18).
Também houve tempo de chorar, por não encontrar um companheiro no dia da tentação (Mateus 26:39,40), de lamentar a morte de um amigo (João 11:35) e de uma cidade que rejeitava seus profetas: "Quantas vezes eu quis ajuntar teus filhos, mas vós não quisestes" (Mateus 23:37). Houve tempo de sorrir com gente simples e pecadores.
Houve tempo de fazer vinho, beber e dançar nas bodas de Caná. Houve tempo de espalhar as pedras de tropeço, e juntar as pedras que Ele, Jesus, usaria para construir sua igreja, erguida de 'Pedros'.
Houve um tempo de abraçar a todos, até os inimigos, mas também se afastar dos abraços da religiosidade.
Houve tempo de buscar os perdidos, receber o arrependido, e achar o perdido dado como inalcançável. 

Houve também um tempo de lamentar quem teve a chance, não aproveitou, nem acreditou, para aqueles que tinham direito mas perderam porque o rejeitaram. 

Houve também um tempo de se esconder, sair de circulação, dizendo que pérolas não se dão aos porcos, nem as coisas quando não recebidas voluntariamente, ficam ocultas aos que a rejeitaram. 
Por isso, teve também o tempo de lançar fora o que não daria fruto, e se antes tinha algum valor, para nada mais serviria, a não ser ser pisado pelos homens.

(leia a continuação)

domingo, 3 de agosto de 2014

Ser uma benção (pte.5) - Lucas 8:26-39

No gadareno, não há trabalho para psiquiatria, psicólogo, terapeuta, assistente social. É trabalho para o ungido do Senhor. É trabalho de quem leva Deus a sério. Só a igreja do Senhor pode pará-lo. 

Ganhar almas para Jesus é correto. 
Mas o homem não é feito de corpo, alma e espírito? Ganha-se a alma para Jesus, e o resto do homem? Estamos desenvolvendo uma evangelização para uma alma sem corpo, e isso é um fantasma! Empobreci o inferno porque a alma foi ganha para Jesus Cristo, mas o corpo não precisa de equilíbrio? Não precisa de família? Não vive em sociedade? O papel da igreja é entender que não é mais, apenas, ganhar almas, mas produzir justiça na terra. 
Alcançar lugares, como onde vivia essa 'legião', que matou os porcos mas não morreu - porque espírito não morre afogado. A 'legião' continua matando, roubando e destruindo. 
Existem outros gadarenos. O "ide" (Marcos 16:15) é ir até os "gadarenos" contemporâneos e libertá-los, pelo poder do Senhor ressurreto. 

Precisamos que o nosso caráter seja maior que o nosso carisma. Precisamos ser mais hospital e menos tribunal.
"Para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis, no meio de uma geração corrupta e perversa" (Filipenses 2:15). 

Vivemos nessa geração perversa, que não ama, só usa o próximo. Um gadareno pode estar ao seu lado. 
Deus coloca essas pessoas necessitadas ao nosso lado, acredite. Ouvimos alguém dizer que não está aguentando mais, que o mundo não tem mais jeito, que as pessoas não se respeitam ou que não aguenta mais sua família, e o que fazemos? Muitas vezes, concordamos.
A pessoa está ali, ao seu lado, pingando a bola, mas você não chuta - não fala do amor de Deus.
Pense. Vai lembrar de alguma oportunidade dessas na sua vida.
Não andamos como luzeiros.
Sim, somos diferentes da geração de Jesus, pois só acreditamos no que vemos. 
A voz da igreja não é mais ouvida porque a mensagem não é vista. Falamos, mas não praticamos. Somos a geração que vê com os olhos, não apenas com os ouvidos.
Compartilhemos nossas bençãos, deixando brilhar a luz. E brilhando, glorifique o nome daquEle que nos salvou.


NEle, que nos trouxe das trevas para sua maravilhosa luz,

Graça e Paz!

Ser uma benção (pte.4) - Lucas 8:26-39

Acostumaram-se a ver aquele gadareno nu, em desgraça, possesso. Quando o veem curado, se assustam, não estavam acostumados a bondade, saúde, solidariedade e paz.
"Legião" era nome dado a 6 mil homens do exército, era um termo militar, não espiritual.
Os demônios entram nos porcos que se jogam e morrem. Recado de Jesus: O nome de Jesus tem poder, sobre qualquer legião! A Graça alcança a cidade e manda o recado: "O meu reino chegou!". Não mais opressão ou sequestro, mas equidade, paz, justiça e amor. Não há nada em nós que não seja alcançado pela Graça.
Louvado seja o nome do Senhor! 

Aprendi que se entendermos a abrangência da Graça, aprenderemos que não podemos menosprezar o poder do inimigo, nunca.
O inimigo tem poder para desconfigurar o projeto de Deus na vida de um homem: sua família. Também é possível que a nossa humanidade seja roubada. 

Nas igrejas hoje, o inimigo recebe tratamento desigual. 
Uns veem o inimigo como opositor de Deus. Não. Ele é o inimigo de 'nossas' almas, nós, a coroa da vida - nós que nada fizemos de bom, caímos, nos afastamos de Deus, mas ainda assim, Ele nos ama. Para ser 'inimigo' tem que estar na mesma classe (Deus) e ter o mesmo poder (amor), portanto...
Outros veem o inimigo com grande poder. 
Teme mais o inimigo do que a Deus, dá até mais ibope: "O inimigo está furioso!" - que bom, pior se estivesse feliz! 
Não dê a ele um poder que ele não tem. Alguns tem Deus no coração, mas o diabo não sai da cabeça. 

Lembre: o diabo está debaixo dos nossos pés! 

Outras igrejas ainda, não creem na existência do diabo. E é isso que ele quer. Enquanto a culpa do mal recair no homem, existirão livros, magia, auto-ajuda, desencapetamento, dia para oração 'forte', óleo ungido no avião (mais perto de Deus) e todo tipo de feitiçaria para desviar o foco. E acaba num looping, sem fim.
Para derrotar o inimigo é preciso ter (e suas armaduras), resistir, para que ele fuja de nós. E isso, para quem não crê, é intangível.
De um lado a supervalorização, do outro, o menosprezo. O ministério dele continua sendo roubar, matar e destruir. Pode dizer o que for, só não diga que ele não é trabalhador e inteligente.

(leia a continuação)

Ser uma benção (pte.3) - Lucas 8:26-39

O gadareno, após Jesus tê-lo libertado dos demônios, disse: "Eu quero Te seguir!". Jesus diz: "Não. Segue o teu caminho, volta para tua casa". 
Quer um futuro de honra, gadareno? Quer seguir Jesus? Volta quebrantado, arrependido. 
Na condição que estava, provavelmente machucou e envergonhou muita gente. Voltar, pedir perdão e se quebrantar, é negar-se a si mesmo. Até porque, temos primeiro que obedecer a vontade de Jesus em nossa vida. Seja feita a Tua vontade, Senhor. 

Portanto, esse gadareno deixou de ser 'endemoniado', mas ainda não foi abençoado. A partir do momento que este gadareno repassar aos seus (família, vizinhos, ao próximo) a sua mudança, o seu amor, perdão, domínio próprio, paz, etc, ele será abençoado. Apenas quando a benção passa por mim e chega ao outro, sou abençoado. A Graça de Deus é a família. 

Sempre digo que somos um cano. 
A água que passa pelo 'cano', é o Espírito Santo. Essa 'água' abençoará outros. Só neste instante, é que serei abençoado. Enquanto retenho a benção, não compartilho, não amo meu próximo, não ajudo, só eu uso, não há benção. Só me faz abençoado se ela passar por mim e alcançar outros. 
Jesus quer que o gadareno faça na sua casa o que foi feito com ele. Que compartilhe o que Jesus gerou nele.
Jesus nos ensina que a diferença dos seus filhos e os filhos do diabo, é o cuidado (I Timóteo 5:8). Quando o cristão deixa de cumprir isso, se torna pior que o infiel. 

Futuro com honra é quebrantamento.
É isso que Jesus nos ensina com esse texto, que a benção é mais que a cura. Jesus ensina que a Graça derramada não foi apenas a libertação dos demônios, mas a libertação do egoísmo - volta e compartilha o que Jesus fez. 

Gadara, onde tudo aconteceu, era sitiada, sem identidade própria, era tomada pelos romanos. Inclusive a bandeira tinha como símbolo um javali. Apenas havia criação de porcos (animal imundo aos judeus). Autoestima baixa. Oprimida. Igual ao gadareno, totalmente tomado pelo inimigo.

(leia a continuação)

Ser uma benção (pte.2) - Lucas 8:26-39

A Graça de Deus alcançou a família desse gadareno. 
Não é fácil viver em família. Mas é impossível viver sem ela. A família, como a conhecemos (pai, mãe e filhos) já não é maioria, está sendo bombardeada.
Quando Jesus restaura a dignidade desse homem, desumanizado, libertando-o, o sentimento que aflora nele é 'gratidão'. Ele quis seguir Jesus. Mas ouve: "Não. Não seja mais um, porque a minha obra na sua vida não está completa. Volta para sua casa, para os seus, para que te vejam. Eu quero que a Graça que te alcançou, alcance também a sua família!"
As multidões seguem a Jesus por comida ou milagres. Na simplicidade da família é onde começa tudo (http://marcioneves67.blogspot.com.br/2012/04/familia-forcas-contrarias-realizacao-de.html). 
Jesus pede que o gadareno volte ao seu lar, á sua família, porque talvez existam mais famílias desestruturadas. 

Muitos perguntam-se: "Onde errei?"
A culpa gera em nós uma dor maior que a catástrofe em si. A catástrofe pode ser superada, perdoada, a dor da culpa, difícil. Somente pela Graça do Senhor sobre nós. A culpa corrói e mata. 

Ao mandar o gadareno para casa, Jesus sabia que haviam pais que sentiam culpa. Antes de honrar e seguir a Jesus, "vai e reconcilia-te primeiro com teu irmão, e depois, apresenta a tua oferta" (Mateus 5:24). Honra teu pai e tua mãe e não cause a ira aos seus filhos. Família. 

Talvez ali existissem filhos órfãos de pais vivos. Haviam pais que sentiam culpa, esposas vitimizadas, humilhadas e abandonadas pelo marido. Se Jesus te enviar para o seu lar, não resista. É porque tem algo importante a fazer. Jesus valoriza a família. 
O que Jesus faz em mim ou em você é para que cada um seja um canal, uma ponte, jamais um ponto final ou um muro, não termina em nós. 
Quando Ele nos alcança, quer que sejamos não mais um, mas alguém que, de fato, se reúna em nome dEle, revelando o que é ser 'abençoado': "Abençoado" não é aquele que recebeu uma benção. 
Senão, vejamos:
O que eu pedi a Deus, chegou. Não tenho mais essa necessidade. Mas... sou abençoado porque a benção chegou? Não. Alguém sedento quer água. A água chega. eu bebo. E digo: "Deus me abençoou!". Não. 
Sou apenas um "sem sede".
Você não é abençoado, é só um "liberto".
Se quer mesmo ser abençoado não pode viver apenas em torno da sua benção, agradecido ao libertador. 
Abençoado é partilhar sua benção - no caso da água, deixei de ser sedento, e também posso matar ainda a sede de outros, do próximo, carentes da 'água viva'. Repasso a outros minha carência suprida.

(leia a continuação)

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Ser uma benção (pte.1) - Lucas 8:26-39

A mensagem principal desse texto é óbvia: Jesus cura.
Não há demônio que resista. A Graça vai além do poder maligno e do que está diante dos nossos olhos, o óbvio. Mas tem algo mais profundo aqui.
São muitos, uma legião, em apenas um gadareno.
Quando Jesus chega, este homem vai até Ele, mas quem fala são os demônios: "Que temos nós contigo?". Muitos em um só, quer dizer que esses 'muitos' impedem de você ser 'você' mesmo. O seu 'eu' foi roubado, não era mais o gadareno, mas muitos demônios. 

Jesus veio para redimir toda criação do pecado. E não abre mão de cuidar de todos, como se fosse apenas um.
Jesus, apenas um e único, onde seu sangue lava os pecados de todos para a salvação.
Os demônios são muitos a se apoderar de um só. Por isso sempre vemos Jesus pregando para multidões. Mas Jesus tinha tempo para cada um: a mulher do fluxo de sangue, para Zaqueu, para a sogra de Pedro, para a mulher Cananéia, para as crianças, para a filha de Jairo, para a mulher samaritana, etc. Jesus tinha tempo para os indivíduos. 

Ao chegar, Jesus percebe que um sujeito é impedido de viver, porque é habitado por muitos. E devido á possessão, não havia nada de humano nele. Nem humanidade. Estamos, portanto, diante do antagonismo do ser criado, da coroa da criação de Deus: o homem.
Tem que haver uma intervenção!
A Graça alcança a todos, com restauração, graça, misericórdia, poder e dignidade. 
Espiritualidade, em Jesus, não é o homem tentando transformar-se em "santo", mas na exata proporção contrária, um santo tentando voltar a ser humano. Voltar àquela humanidade que o pecado deformou no Éden. O pecado nos fez cair.
Em Jesus, quanto mais santo, mais humano, mais simples.
Em Jesus, a santidade não impressiona, porque Ele é santo.
No gadareno, Jesus vê a santidade que deveria ser restaurada porque sua humanidade, fora roubada. 

A obra está incompleta quando levamos alguém para Cristo. A pessoa aceita, é o início, mas não termina. Jesus não é o fim, é o caminho.

(leia a continuação)