sexta-feira, 9 de julho de 2021

Religiosidade (pte.1) - Sl 95.1-11

Li, aprendi e entendi que, a religião é um conjunto de crenças e ritos sobre seres superiores, onde os fiéis (os que creem) desenvolvem uma relação de obrigações e benefícios. Esta afirmação é de Otto Maduro, sociólogo, que mostra nos dias atuais o fenômeno religioso, bíblico inclusive.

Assim, o Evangelho é a superação da religião.

Minha visão é que, nesta religião aplicada hoje (bíblica inclusive), Deus está distante, nos céus, lá em cima, e os fiéis aqui embaixo, cumprindo suas "obrigações" para ter acesso ao todo-poderoso, e se cumprirmos nossas "obrigações", Deus nos abençoará. Mas o contrário também é verdadeiro: se não cumprirmos, nem formos fiéis em nossas obrigações, seremos amaldiçoados. Observe que não falo de uma prática de fé ou religião. E esta é a lógica que alimenta a estrutura religiosa vigente nos dias atuais, que ainda constrói mecanismos de manipulação dentro deste sistema. O lema é: "Seja fiel e obedeça, caso contrário, será amaldiçoado. E ainda que se esforce, jamais serão fiéis". O que fazer? A resposta é compensação.

A religião oferece, desde os primórdios humanos o mecanismo de compensação, o sacrifício. Ao oferecer sacrifícios a Deus (e fomos ensinados assim) que está irado devido ao nosso pecado, oferecemos o sacrifício de animais, o que vai aplacar Sua ira - no Antigo Testamento há a descrição de todo processo sacrificial proposto à religião judaica. Um Deus satisfeito continuará a abençoar Seu povo. As pessoas não entenderam que, sim, Deus ensinou a fazermos isso, porém, a adoração hoje mudou: não existe mais sacerdote para oferecer sacrifício certo, nem lugar certo, nem dia certo - Jesus foi o sacrifício vicário de uma vez por todas! Aleluia!! Um exemplo claro é a história de Jonas (Jn 1.3-16). A lógica da religião está tão profundamente enraizada em nós, a ponto desta compensação, seja ela bênção ou maldição, fazer com que sejamos escravizados e manipulados. Mas Jesus Cristo não nos libertou? Porque a lógica da religião quer nos escravizar? E isso nada tem a ver com fé em Deus, acreditar em Sua Palavra e desígnios, nem crer na morte de Jesus na Cruz para nossa Salvação. Como diz um pastor que gosto muito, a religião se não te pega no medo ou na culpa, te pega na ganância. Pior, ela primeiro cria, depois devolve o que a demanda criada por ela mesma, pede.

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Religiosidade (pte.2) - Sl 95.1-11

O medo faz com que você participe da corrente do jejum, corrente da fé, corrente da oração, subir no monte, etc. Mas tem que ser na minha igreja, debaixo da minha cobertura apostólica, assim eu vou orar por você, e Deus irá te abençoar. Mas tem que trazer sua oferta aqui, não em outro lugar, você precisa estar aqui. Agora, se não fizer o que Deus está mandando... Pense e me diga: Quem nunca deixou de fazer algo que Deus mandou, que jamais deveríamos fazer, mas fez? Esta é a condição humana. Assim como a religião coloca o homem/mulher como um ser abençoado, que deve viver como cabeça não por cauda, que deveria estar nos lugares altos, mas como não está vivendo isso, falta-lhe se submeter à lógica da religião, ou seja: "Venha no minha igreja, se submeta à minha cobertura espiritual, na corrente da oração, dê sua oferta aqui, e então, receberá os favores extraordinários desse Deus todo-poderoso que servimos".

Outro argumento da lógica da religião, é a ganância, porque transforma Deus num ídolo (idolatria), que via de regra é adorar outros deuses que não o Deus da Bíblia. A ganância coloca Deus como apenas um meio ou um caminho para atingirmos os fins que se busca. Muitos adeptos das religiões castradoras utilizam o Sl 37.4,5 para transformar Deus num meio para alcançar os fins buscados. Afinal, buscar primeiro o reino de Deus é a senha para satisfazer os desejos do teu coração. Pergunto: Quais são os desejos do seu coração? Distorce e inverte o verdadeiro sentido de buscar a Deus de todo coração, alma, entendimento e força, para um significado religioso idólatra, e de novo, usando Deus como um meio a alcançar coisas.

Não há problema em ter sonhos no coração e buscá-los. Desejo o bem, a saúde dos que amo, o fim da pandemia, felicidade para minha família e amigos, conforto, prosperidade, férias nos EUA, carro 0km, roupas novas, aumentar minha biblioteca, escrever meus 2 livros (prontos!), que as pessoas me vejam como um homem de Deus, cheio do Espírito Santo, é uma boa parte do que desejo. Isso é legítimo!

E se eu dissesse que não desejo nada disso, ainda assim teria uma espiritualidade, mas desumanizada. Deus o sabe. Sou humano, se cortar meu braço sai sangue, e não é azul, e também não serve para me salvar. Posso estar a caminho do céu, mas ainda estou aqui, vivo aqui e aspiro a santidade, buscada a todo momento. O ser humano deve curtir uma praia, amigos, churrasco, abraços e sorrisos, valorizar a saúde, ver o fruto de seu trabalho ser reconhecido, e se não se preocupar com isso, perdão: você está se desumanizando.

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Religiosidade (pte.3) - Sl 95.1-11

Espero que compreenda meu ponto de vista: se não me importar com a vida humana, minha e dos outros, por supor que apenas quero Deus, estou desonrando a Deus e tudo o que o Pai criou, não glorifico a Deus. Ele me deu o dom da vida, e se negligencio a beleza de tudo o que criou nesta terra, acho mesmo que Deus deve dizer: "Filhão, eu criei tudo isso para você... E coloquei você aí, para cuidar do teu irmão, da terra. E a cachoeira que fiz? E as crianças? E os animais maravilhosos?". Acredita mesmo que escutar louvores o dia inteiro, de olhos fechados, entronizado, está vivendo para Deus? O problema desta lógica da religião é fazer de Deus o meio, o caminho, para nos levar à satisfação dos nosso desejos, e passo a curtir mais os meus desejos que a Deus, podendo chegar ao ponto de não reconhecer Deus acima dos meus desejos.

A experiência da nossa peregrinação espiritual retroalimenta os nossos penúltimos desejos (sim, porque Deus é o último), tem foco nas coisas que Deus vai te dar, alimentando nossa ganância, trai o Evangelho! Não há outra palavra. Transforma Deus num ídolo, e não só isso, mas naquele caminho para chegar ao fim, ou seja, aos nossos desejos. O Evangelho é uma proposta para viver, não para nós mesmos e nossos sonhos, mas para os outros, onde a vida de alguém depende da abundância de bens que você tem e recebe - veja isso como uma oportunidade! Quem guarda o que tem só para si não é rico para com Deus, não enxergou, nem tem experiência com Deus, muito menos conhece a Evangelho de Jesus. E ainda mantém o homem/mulher onde sempre estiveram: aprisionado em seus egos, onde nada nos satisfaz. É por isso que quando Jó diz que antes conhecia a Deus só de ouvir falar, pela experiência dos outros, está resignificando o mundo material, concreto, que seduz pelo desejo que temos e a partir da experiência da transparência com Deus.

O Evangelho é a superação da religião já que nos convida a abrir nossos olhos e contemple a face de Deus. Tenha certeza da mudança na sua vida, a começar pela benção das pessoas ao seu lado através da Graça do Senhor na sua vida, e seremos abençoados onde estivermos.

Que assim seja, amém!

quinta-feira, 8 de julho de 2021

Não siga seu coração! (pte.1) - Jr 17.9

O maior mito cultural do mundo ocidental pop é "siga seu coração". E as pessoas adotaram como sendo a melhor saída, algo como, o que importa é o que sente. A fé, nesse momento, está em si mesmo, no sentimento, na vontade (o que se quer), no que deseja (emoção volúvel) e até pela opressão, declamado em prosa e verso nas mídias, músicas, novelas e filmes, e mais recentemente, nas redes sociais. Ninguém mente mais que o nosso coração.

Eleger seu coração como bússola te direcionando para onde quer, ou onde acredita ser o caminho certo, é preciso coragem - porque ele nos parece simples e libertador. Por que não? Afinal, o que o seu e o meu coração dizem é que a realidade deve servir à nossa vontade e desejos, não é mesmo? O coração pensa o melhor de você, mas o pior dos outros. Mas se esses "outros" pensarem bem de mim, eles se tornam pessoas maravilhosas. Errado é sempre o outro. Nós somos Davi, o outro é sempre Golias. Somos sempre Paulo, nunca Saulo. Somos sempre Pedro, nunca Judas. Basta alguém discordar de você. Ou basta tocarem uma música na Igreja que você não gosta, ou desafinam, ou a Palavra que o pastor trouxe é fraca. Melhor: se você não sentir arrepio, então Deus não está naquele lugar.

O coração ainda pode encontrar e nos mostrar, algum pensamento imoral, atraente.

(Leia a continuação)

Não siga seu coração! (pte.2) - Jr 17.9

Quando alguém se apaixona, já ouviu "Ah, é o coração é quem manda!"? Só que não... primeiro a gente pensa, depois agimos, quem faz o contrário é irracional, um cachorro ou gato, o ser humano não! Então, pare com essa história porque se ainda quer continuar naquele relacionamento tóxico, é opção racional sua, ok? Além do mais, não é bíblico dizer e pensar "siga seu coração". Mas o contrário, a Bíblia nos adverte pois Deus sabe que nosso coração é enganoso, a ponto de Jesus, o médico dos médicos, o Senhor dos senhores e Rei dos reis, listar sintomas diabólicos vindos do coração: maus pensamentos, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias (Mt 15.19).

Saiba que seu coração diz apenas o que quer ouvir, não diz a verdade - daí muitas pessoas dizerem que quem manda é o coração, porque assim têm um aval para o que sentem, e se errarem, foi o coração que mandou, não a pessoa. Patologicamente egoísta, cumprir o que o coração diz é perverter as relações e empobrecer o desejo que te levará à miséria narcisista, de quem está próximo a você e de toda sua alegria. Consumir essas coisas é vã-glória, não a Glória de Deus.

O coração não nos salvará, ele necessita ser salvo. Seu coração e os sentimentos que decorrem dele não são deuses - não foi criado para isso, mas foi criado para acreditar em Deus e se submeter a boa, agradável e perfeita vontade do Pai. Se teu coração crê em Deus, exatamente como foi criado para ser, há Salvação (Hb 7.25) e terá alegrias sobrenaturais (Sl 43.4).

Não acredite em seu coração, direcione ele para acreditar em Deus. Ouça e siga Jesus, não o seu coração (Jo 10.27).

Que Deus o abençoe!

domingo, 4 de julho de 2021

Tens orgulho da sua arrogância? (Jo 6.44)

Como seres humanos acreditamos em nossa capacidade de tomar decisões baseados onde aprendemos: nos sentidos, no raciocínio e na vontade. Diferente disso, Jesus nos abala declarando que, é Deus quem nos envia, e é só por isso que Cristo nos recebe. Resumo: percebe como a sua vontade é impotente? Questiono, porque a avassaladora maioria nem percebe, e continuam acreditando que "yes, we can" ("Sim, eu posso").

Fazemos escolhas diárias e talvez por isso, acreditamos ser fundamental o possibilidade de escolher. Me diz: Ao nascer, você escolheu seu nome? Escolheu o lugar onde nasceria? Escolheu seus pais e a casa onde moraria? Então, quando fala de liberdade de escolha, você quer dizer o quê? Não somos competentes, nem suficientes, principalmente, quando se trata de aspectos espirituais - é aqui que somos cegos, mortos e sem graça! Acredito mesmo que deveríamos duvidar de tudo o que pensamos e queremos fazer.

Para começar, não temos "como" vir até Cristo por livre e espontânea vontade. É Deus quem nos chama, envia, traz, escolhe, quer e realiza esta obra maravilhosa em nós. Se não fosse isso eu estaria perdido. E justamente por causa dEle, sou dependente da Sua misericórdia imerecida - esta seria a postura do cristão humilde. Se sou ou tenho algo de bom, é a Graça! Fui até Jesus pela Graça, permaneço nEle pela Graça, sou preservado vivo pela Graça, ressuscitarei pela Graça, e ainda se tiver um ato de bondade, é devido à Graça que me alcança. Teologia tem a ver com humildade.

Não sabemos se, ao sairmos de onde estamos (trabalho), chegaremos no local para onde vamos (casa). Se Deus me levar, sei que chegarei.

Se algumas respostas surgirem em seu coração, é a evidência de que foi Deus quem te chamou e que você faz parte do seu rebanho, que você pertence ao Senhor e seu reino, é um dos filhos, porque responde ao seu chamado. Não resista, nem ache que você sente, pensa ou quer algo - é Deus!

Que Deus te abençoe!