terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Igrejas precisam de pastores e mestres (pte.1) - I Pe 5.2,3



A Igreja é feita por evangelistas. Após 200 anos no Brasil, há quem dê conta que precisamos de pastores e mestres (assim como eu). A herança dos missionários, da qual somos filhos, é óbvia, mas e agora? 


Os evangélicos romperam com a igreja apostólica-romana, não pertencem à essa diocese, pertencem aos seus templos. Se considerarmos as religiões de matriz africana que não eram reconhecidas, e se o são hoje, é graças ao crescimento da religião evangélica, que se impôs e admitiu não pertencer mais aos católicos-romanos. O IBGE mostra isso, onde espíritas, candomblé, umbanda, e evangélicos começaram a despontar. Mesmo sendo de outras religiões se diziam católicas apostólicas-romanas, pois não entendiam que, o que praticavam rompia com a diocese, o catolicismo. 

Dentro da Igreja atual, o personagem mais importante é o evangelista, que traz pessoas para a Igreja. Fica fácil compreender porque pastores evangelistas tem força, formam grandes Igrejas, mas continuam, não amadurecem - não sabem apascentar nem ensinar. O turn-over é enorme. Anunciam Jesus, existe um dom e o serviço para isso. Só depois, essa pessoa é cuidada pelo pastor, e ensinada pelo mestre. O evangelista não cuida nem ensina. Mas por ser uma instituição, sendo líder, dirige uma Igreja e é chamado de "pastor" - porém, ele não é pastor! 
Esta Igreja cresce, cresce, mas não amadurece, porque não tem pastor nem mestre. O evangelista não se preocupa com o próximo - o próximo para o evangelista é quem ele ganhar para Cristo, não a pessoa que está morrendo de fome - quem se preocupa com o faminto é o pastor. A Igreja está sendo liderada por evangelistas, lembrando que nada tenho contra, apenas uma constatação de inversão de papéis e ausência de dons.
O pastor conta pessoas, o evangelista conta cadeiras vazias. "Precisamos levar mais gente para o céu"; "Precisamos aumentar esse templo"; "Preciso colocar mais gente aqui".
(Leia a continuação)

Igrejas precisam de pastores e mestres (pte.2) - I Pe 5.2,3

Agora, recentemente, a Igreja começa a perceber isso. Precisamos suscitar pastores e mestres, pois já temos mais de 40% de crentes neste país, ele já está ganho, só que agora é hora de apascentar o país, ensinar, mas não mudamos a estrutura, a cultura, ou o social. Porque líderes evangelistas não farão isso mesmo, o dom deles é tirar o camarada do inferno! E eu digo: "Então, vai lá, retira ele do inferno e entrega pra mim". E assim, poderemos transformá-lo num agente do céu.
Não adianta pregar mais, eles já se converteram, já nasceram de novo, mas continuam ensinando que devem falar de Jesus, evangelizar, convidar para o pastor fazer o apelo, e para ter apelo, tem que ter quem precise, porém, o evangelista tira a pessoa do inferno, mas são mestres e pastores tiram o inferno da pessoa. 

E nos Seminários, sinto muito, mas não ensinam noções de ministério. Seminário não é para apascentar a Igreja local, só mantém a lógica denominacional. A pessoa frequenta um Seminário para aprender a ser metodista, ou aprender a ser baptista, ou aprender a ser presbiteriano, mas não é lá que aprenderá a cuidar de uma Igreja local - aprenderá apenas a doutrina de sua denominação, o que intensifica sua instituição, porém gera essa Igreja que vemos hoje, onde todos reclamam mas não se unem, que não vê o próximo (que precisa de amor), mas aponta para o pecador (que precisa de salvação), e só consegue ver o próximo dentro de sua casa - quando vê os da sua casa. 

Temos que compreender qual é o dom de cada um, desenvolvê-lo, caso contrário, a comunidade não irá se desenvolver, nem crescer. Muitas vezes as pessoas não sabem o que é o Evangelho, porque se batizaram, o que estão fazendo, e são cobradas porque não estão na Igreja no domingo (está fazendo o quê?) - está em pecado. 

É uma proposta: Porque não capacitar os mestres? Se é pastor, porque não andar junto e capacitá-lo? Qual o dom de cada um? Vamos desenvolvê-los para servir na Igreja do Senhor.


Que o Senhor nos dê Graça, ainda mais...

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Somos um, em Deus - Jo 17.11,21



Achei muito bacana a campanha de um pastor que admiro e sua Igreja deste ano. Nossas ideias batem, quase o mesmo caminho para chegar ao mesmo fim, em concordância. Chamamos isso de unidade. E a Trindade bíblica que cremos são 3 pessoas ao qual chamamos "Deus" e é identificada por Deus-Pai, Deus-Filho e Deus-Espírito Santo. Sim, Ele é plural, mas é uno, possui uma unidade. Deus é um montão de eus.
Nós, criados à imagem e semelhança de Deus (plural, uno), não somos divisíveis - como alguns, infelizmente tratam separadamente o corpo, a alma e o espírito (tem gente incluindo a mente também). 
Homem e mulher, em unidade: um é osso dos ossos do outro, que é carne da carne do outro. 

Assim é a família, enquanto uns são "nós" de travar, de amarrar, de doer, de fazer mal, de não deixar ir, outros são "nós" de irmandade, de unidade, de ser irmão, de estar ao lado, mesmo que ausente - o tal do "tamojuntu" (que nunca confiei!). 

O sonho de Deus sempre foi viver em comunhão com Sua criação, especialmente ao carregarmos a imagem e semelhança do Pai. A Bíblia diz que, Criador e criaturas conversavam (Gn 3.8). Já pensou que doido isso? Até que o homem (indivíduo) quis usurpar o trono do Senhor, comeu do fruto que a serpente lhes deu, e cobiçou: Viram que era boa para comer (Gn 3.6) - Se são únicos e já terem tudo, por quê quiseram ser "igual a Deus" (Gn 3.5)? Eles já eram a imagem e semelhança! 
O humano tentando ser divino, fez a avalanche desabar: Caim matou Abel, na torre de Babel houve divisão da unidade para o indivíduo, grupos individuais chamados de "nações" lutavam contra outros grupos individuais, e foi assim que o mundo do eu nasceu, não mais o homem coletivo mas o homem indivíduo - agora somos nós contra eles! 

Enquanto isso, os "nós" literais cresciam, na forma de sentimentos e ações: frustração, amarração (entenda como quiser), dificuldade de relacionamento, interesses, agendas, males de toda sorte, traição, corrupção, confusão, onde a vida começou verdadeiramente a ser um grande "nó". Para combater esses "nós", só "nós" - coletivo, comunhão, gente como gente deve ser - sim, a família continua a ser o sonho de Deus, na retomada da unidade perdida. 

Na descendência de Abraão, Deus prometeu abençoar todas as famílias da terra, e congregar novamente as famílias humanas. E foi por isso que Jesus nasceu, da unidade divina, não usurpou ser Filho de Deus, mas se fez homem, se humilhou e mergulhou na hostilidade humana para falar de amor e de paz: "Para que todos sejam um, Pai, como Tu estás em mim e eu, em Ti. Que eles estejam também em nós" (Jo 17.11,21).
Maior declaração de unidade conosco, nunca se ouviu.
O sonho de Deus é este: sermos um.


A Graça e a paz de Cristo seja com todos!

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Boas obras na vida cristã (pte.1) - Mt 5.1-16



Paulo e Jesus, nos alertaram que somos salvos, sim, mas pela Graça, não pelas obras preparadas por Deus. Uma seria para que ninguém receba a glória que é de Deus, a outra, para que as pessoas glorifiquem ao Pai ao nos ver praticando tais obras. Porém, nem Paulo nem Jesus nos dizem quais são essas boas obras. 

Interessante é perceber que Jesus nos diz que as boas obras tem a ver com quem somos, e como seres "luminosos" - porque Jesus é a luz do mundo e habita em nós - iluminaremos o próximo, como um holofote que aponta para o outro, onde esta luminosidade é manifesta através das boas obras. Já os que são "iluminados" (esotéricos, espíritas), apontam o holofote para si mesmos, pois creem que as boas obras os levarão ao céu - fazem ao outro mas no fundo, fazem a eles mesmos, e usam o outro, porque estas boas obras (talvez) os levarão a algum lugar.
As nossas boas obras não são atos de bondade, mas são expressões da nossa natureza - gera novo comportamento, novo jeito de ser gente, nova forma de viver, e finalmente, ser como gente deve ser.
Ou seja, as boas obras são reflexo da luminosidade da vida de Cristo em nossa natureza. E as boas obras só podem existir graças ao outro. Assim, Jesus ilumina os homens através da luz que habita em nós - "Vós sois a luz do mundo" (Mt 5.14), nós iluminaremos o mundo, não seremos iluminados! Nós vamos mostrar as coisas como são, vamos apontar caminhos, vamos mostrar a vida e dar o caminho da Salvação! 

As boas obras estão no texto citado (Mt 5.1-16), as boas-aventuranças, onde Jesus subiu aos montes, sempre quando queria falar com discípulos, num grupo mais intimista, assim como os mestres de Israel - Paulo cresceu aos pés de Gamaliel - uma forma de dizer que aprendeu com o seu mestre. 

Como já disse aqui no Blog, a Bíblia não dá a receita da felicidade, mas aponta para o tipo de pessoas felizes. Os discípulos, para Jesus, era felizes (bem-aventurados). 

Ser humildes de espírito é saber que Deus é quem nos sustenta (At 17.28) onde o princípio das boas obras é tratar meu próximo como igual, dignos, como irmãos porque há um só Pai, de todos. Todos dependem de Deus, mas nem todos vivem como se dependessem de Deus. Nos julgamos ser "deus", logo, mandamos, ajuizamos, julgamos, exigimos, etc. É Deus quem nos permite mais uma hora (não mais um dia). Não sei quanto tempo tenho - e quem não sabe quanto tempo tem, tem muito pouco tempo - só posso viver esse pouco tempo que tenho, em Deus, onde minha oração é: "Obrigado pela Tua misericórdia, eu estou vivo". 

Consegue imaginar na sua cidade, todos tratando outros como iguais, sem discriminação nem segregação, merecedores, como você, da benção, do respeito e da vida, quanto qualquer um? Imagine como seria sua cidade? É isso que Deus quer, que pratiquemos as boas obras, a começar por sermos humildes, de espírito...
(leia a continuação)

Boas obras na vida cristã (pte.2) - Mt 5.1-16



Somos pessoas que choram pelos outros, que se compadecem. Já chorou pela dor do outro? É um choro compassivo, olha e se vê no outro, como o samaritano que pensa: "Se fosse eu, gostaria que parassem".

Jesus cansado, querendo se recolher, mudou sua agenda para distribuir o pão à multidão, teve compaixão. Poderia dizer que estava cansado, com fome, precisando descansar, e reagendar - como muitos fazem! Mas se compadeceu daquela gente - pior se pensarmos que esse mesmo povo iria gritar "crucifica-o" algum tempo depois. Mas Jesus se compadeceu, melhor, permitiu que a necessidade desta comunidade mudasse sua agenda. Imagine se a nossa agenda, compromissos, horários, etc, fosse flexibilizada pela necessidade do outro? Imagino a esposa ouvindo o marido dizer: "É... vou levá-la ao mercado e na volta, lavo a louça, depois, se der tempo, assisto o jogo na tv". O marido não vai mais fazer o que só ele quer, mas mudou sua agenda para servir ao próximo. Na maioria das vezes, a esposa ouve do marido: "Agora não tenho tempo, minha agenda não tem essa flexibilidade". 

A compaixão de Jesus permite vermos que o povo tinha uma necessidade e vamos cuidar deles. Isso e compaixão.
Imagine se aqueles que tem o poder de decisão, tem a possibilidade de alterar leis, fazer cumprir mandatos, prender e soltar, alimentar, plantar e colher como decreto, mudassem suas agendas para servir ao próximo? Imagine o bairro, sua comunidade... Agora, imagine a sociedade... E agora, imagine o país? O que norteia nossa agenda (onde vamos, o que faremos, o que compraremos) se fosse a necessidade do outro? Que revolução seria?

Que a necessidade de quem está a ponto de tirar sua própria vida nos norteie. O foco continua sendo o ser humano, e isto é uma boa obra, através da luz de Cristo em nós. E mais profundo ainda: Se esses necessitados vissem estas ações para com eles, renderiam "Graças a Deus" e glorificariam o Pai que está no céu.
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Boas obras na vida cristã (pte.3) - Mt 5.1-16



Somos pessoas mansas. Moisés foi um grande líder, aprendeu em 40 anos no Egito e 40 anos no deserto, era manso, mas era um líder quando devia ser, pois pegou um bando de escravos rebeldes, sem lei, de um lado, e entregou do outro lado, antes mesmo de ser um Estado, que já tinham um culto e a lei, e agora poeriam ser um Estado, um povo, com cultura, alfabeto, 5 livros escritos, liturgia (quem era Deus, o que deveriam fazer e qual a expectativa de Deus em relação a eles). 

Manso não é quem não reage, mas quem não sonega o que tem - dons, possibilidades, conhecimento - quebrou as pedras talhadas com os mandamentos, ficou doido com o bezerro de ouro. Repassou conhecimento e temor de Deus ao povo, para que todos recebessem o máximo possível. Imagine o nosso povo, não querendo tudo para si, mas querendo tudo para todos? Este era o propósito. Este povo criaria escola excelente para todos, não só para alguns. Imagine uma cidade onde as pessoas não negam e ainda fazem tudo para todos. Essa é uma boa obra. 
Somos as pessoas que tem sede e fome de justiça, não nos contentamos com a injustiça. E só para lembrar, não há justiça sem amor. Apontamos o erro, auto-cobrança: "Não pode isso!"; "Isso não é justo!". Porém, a iniquidade se multiplicou, não há mais relação entre os homens - o ser humano não significa mais nada! Jesus disse que "a lei é para os homens, não os homens para a lei". Não há mais quem tenha fome e sede de justiça - nós nos importamos. Mais uma boa obra.  

Somos misericordiosos, que em hebraico (haram) quer dizer 'ventre' - assim como uma mãe, Deus nos carrega no ventre, e assim temos todas as condições para uma vida saudável, e nós temos condições de dar todas as condições para que o outro viva, com dignidade, apesar dos erros. Misericórdia é Deus nos amando, apesar dos nosso erros e ausência de méritos - dando o que precisamos, não o que merecemos (Salvação, não condenação) - para vivermos uma vida digna.
Imagine se nossa cidade, estado e país, tivesse mil misericordiosos? Tivesse o fruto da luz que há dentro de nós (Jesus Cristo)? Essa luz dentro de nós manifesta segregação, compaixão, capacidade de doação, sede de justiça, dignidade do ser humano (apesar de nós).
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Boas obras na vida cristã (pte.4) - Mt 5.1-16



Somos limpos de coração. Olhamos para as possibilidades de alguém, assim como Deus. É a Graça.
Jesus chamou Levi (Mateus, o coletor de impostos), odiado pelo povo. Se alguns de nós estivessem ali, diríamos: 
- "Jesus, vai chamar Levi? Então tô fora...";
- "Tem algo contra ele?";
- "Eu e a torcida do Flamengo...";
- "O que pensa sobre Levi?";
- "Bandido, leviano, corrupto, ladrão, não confiável...";
- "Eu vejo diferente... Vejo um santo, um apóstolo que escreverá sobre mim e durante séculos, quem quiser saber sobre mim, terá que ler o que ele escreveu. Vejo também alguém que chamei para me seguir, e ele veio, e nunca mais foi o mesmo, se transformou. Pedro e os outros tinham para onde voltar, Levi não, é odiado pelo povo e não aceito pelos romanos. Ele voltaria para onde?" 

Quando o homem olha para alguém, quer saber seu passado (currículo): O que fez, onde andou, quem é, mora onde, se tem dinheiro, se é bom caráter, etc. Quer saber o seu passado.
Quando Jesus olha para alguém, olha o futuro: as suas possibilidades. Porque nenhum dos apóstolos estava pronto para seguir Jesus.
Jesus era limpo de coração. Eu sou fruto dessa Graça, e assim como Jesus, sei bem o que a Graça pode fazer - e só gente que sabe, investe na humanidade.
Porque arrecada mantimentos e roupas? Porque eu sei o que a Graça pode fazer.
Porque vai orar e louvar nos hospitais, com doentes e no ministério de idosos? Porque eu sei o que a Graça pode fazer. Porque ministra às pessoas o Evangelho? Porque eu sei o que a Graça pode fazer. Porque faz ações sociais? Porque eu sei o que a Graça pode fazer. Porque trabalha de graça numa ONG que cuida de crianças e idosos numa comunidade carente? Porque eu sei o que a Graça pode fazer.
Eu crio meios para que a Graça de Deus faça o que só ela pode fazer!!
Deus pode pegar um corrupto e transformar num apóstolo. Outra boa obra. Acreditar nas possibilidades da Graça, simplesmente porque a vida de Cristo está em nós. É a fé, não no desejo que aconteça, mas na certeza de quem me falou - é ter certeza no caráter de Deus. Ele disse que posso ter certeza, que posso esperar: "Esteja convicto, já está feito" - Pronto, eu creio, Deus tem caráter! 

Acredite nas possibilidades da Graça, porque onde o sujo de coração diz: "Esse cara não tem jeito", o limpo de coração diz: "Sim, tem jeito, nada é impossível para Deus". Invista na vida, sempre.
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Boas obras na vida cristã (pte.5) - Mt 5.1-16



Somos pacificadores que promovem a paz, que não é pano quente nem concorda com o que está errado. A Bíblia diz que "a justiça é uma semente que se semeia na paz" (Tg 3.18), mas paz é disposição, não é fruto da justiça - aprendi que Deus diz: primeiro deseje a paz, e depois de desejá-la, estaremos prontos para admitir a justiça, e q o outro também tem o direito.
Mas se não quero a paz com o outro, só tenho o direito. Nunca haverá paz porque ela é disponibilidade de coração -  paz não é ausência de guerra, é ausência de trégua. 
Paz é um desejo profundo de comunhão, fruto íntimo em ter comunhão, amizade, comunidade, voltar a ter família, vida comunitária. Somos quem ajuda as pessoas para que se disponibilizem à paz, e quando isso acontece, estão prontas para que a justiça seja feita. Mais uma boa obra. 

Somos os perseguidos pela justiça. O mundo está cheio de ódio, e nós, promovemos o amor, clamamos por justiça. Há desapego no mundo, e nós proclamamos amor ao próximo, clamamos por misericórdia e responsabilização sobre o outro. Cheio de injustiça no mundo e nós clamamos por justiça. Cheio de necessidades, de pessoas buscando seus próprios interesses, e nós dizemos que precisa flexibilizar a agenda em favor do outro que necessita. É óbvio que vamos ser perseguidos, vai custar, mas você está preparado? 

Para ser perseguido precisa estar disposto, e só estaremos dispostos ao entendermos "Quando por minha causa" (Mt 5.11) - que é quem mora dentro de nós. Não é um bom coração ou compreensão da vida, Jesus é a luz dentro de nós, afinal não há outra forma de viver.
Não faço boas obras para ser salvo, eu sou salvo (pela Graça!) por isso faço as boas obras. Nada que eu faça agradará a Deus, porque deus me abençoa enquanto durmo - temos que descansar e dormir mais! Cristo em nós é a esperança da Glória.
Fazemos as boas obras porque não tem outro jeito de viver. Somos da turma que voltou da rebelião, não temos nada a ver com o pecado. Somos o sal da terra, preserva e impede a maldade de avançar.
Não somos felizes porque fazemos boas obras, mas felizes porque graças a Cristo, que habita em nós, Deus reina.
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Boas obras na vida cristã (pte.6) - Mt 5.1-16



O reino do céu é nosso, nos foi dado. Deus habita e reina em nós, e somos felizes porque abraçamos, não porque fazemos boas obras.
Somos felizes não por nos compadecer de todos, mas porque Deus faz nossa compaixão dar resultados, e assim, somos consolados. Somos felizes não por distribuir o que recebemos, mas porque temos ainda mais para distribuir - nós herdamos a terra. Somos felizes não porque queremos justiça, mas porque Deus ouve nossa oração e fará obras maiores em nosso meio. Somos felizes não porque tratamos bem ou reconhecemos valores, mas porque Deus nos trata com dignidade, apesar de pecadores. Somos felizes não porque somos limpos de coração,  mas porque acreditamos que por trás dessa sociedade caótica, Deus sempre aparece e diz: "Fique tranquilo, Eu estou aqui" - e só então investimos. Somos felizes não porque levamos as pessoas a terem uma mensagem de paz, mas porque Deus nos chama de FILHOS, e somos reconhecidos - até porque, para ter um coração assim, só sendo filho mesmo de Deus. Somos felizes porque Deus reina em nós, porque só fazemos algo de bom porque a resposta para nossas orações é: "Fiquem tranquilos, abençoarei vocês como abençoei os profetas". A gente não merece, mas Deus, apesar de saber tudo (onisciente), abençoa, até porque os profetas viveram assim. 

O maior presente pra mim, seria: "Rapaz, você viveu como os profetas, que vieram antes e sofreram perseguições". E apesar da vergonha, ficarei com o sentimento de realização, ciente de que o Senhor fez em mim algo tão extraordinário que eu jamais imaginei que pudesse acontecer na minha vida. "Servo bom e fiel" - não... Deus, o Senhor é bom e fiel!! Bendito seja o Teu nome.



Graça e paz!

sábado, 16 de novembro de 2019

Ser como criança, não infantil (pte.1) - Mt 18.1-5


O ser (o estado do homem) criança é bíblico. Ser como criança é a principal condição para entrarmos no reino de Deus. Desde o jardim do Éden a Trindade prometeu uma criança (Gn 3.15), e em toda peregrinação espiritual, conduziu seu povo até que essa criança nascesse de mulher através do Espírito Santo, para salvar a humanidade. Os judeus apresentam essa criança à humanidade (sim, Jesus era judeu e cumpriu todas as tradições judaicas), para que tenhamos Salvação. Essa criança cresceu, em Graça e sabedoria, e diante do homens, convidou: "Quem quiser viver sob o reino de Deus que se torne uma criança". 

Discorro a relação de uma criança com o Pai, na visão da criança, que para ela (eu ou você) o Pai sabe tudo e pode tudo. Esta criança confia, sem medo da vida, em ser feliz.
Imagine um pai que colocando a criança no alto, pede: "Pode se jogar que eu te pego". E a criança se joga... porque confia.
Uma criança feliz, obedece, depende e descansa nos braços do Pai, porque ali ela quer estar, ama o que vê e se sente amada, segura e salva. Uma criança assim só pode ser feliz. 

E há pessoas com problemas de relacionamento com o Pai (relacionais e existenciais) porque não viveram a fase do super-homem e ficou um vazio, uma ausência, uma busca dentre outros relacionamentos.
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Ser como criança, não infantil (pte.2) - Mt 18.1-5


O ser criança até aqui é ser como Jesus, onde Pai e Filho eram um só.
Uma criança não é dominada por ambições, como no v.1 onde os discípulos se preocuparam em "Quem era o maior", uma vez que Jesus falava do "reino" - se tem reino, deve ter cargos, hierarquias, poder, suce$$o, etc - o que revela qual a real motivação. O contraste é que os mesmos discípulos aprenderam com Jesus uma vida simples, amar a Deus e ao próximo.
Quem tem ambição não é feliz com o que tem, sempre quer mais, sempre insatisfeita. Satanás ambicionou ser como Deus, Adão e Eva também. A Igreja está do jeito que está hoje porque muitos a veem como os discípulos viam: possibilidade de posição, poder, suce$$o, hierarquia. Enquanto no reino de Deus a posição mais importante é servir. 

Uma criança não é dominada por preconceitos. Antes de nos convertermos, recebemos informações sobre religião, práticas e ideias sobre Deus que muitas vezes impede experiências profundas com o Pai. A criança acredita no que dizemos. Não há preconceito contra nada nem ninguém, não impõe sua opinião. Jesus sempre andou e recebeu os que sofriam preconceito: pecadores, prostitutas, leprosos, cobradores de impostos, iletrados. 

A criança é humilde. Em Mt 18.4, Jesus ressalta: "Aquele que se humilhar como essa criança, será o maior no reino dos céus". O exemplo de humildade é a criança, o que agrada a Deus ("Aos humildes concede Graça" - I Pe 5.5) - tanto para com o próximo (horizontal) onde cede para ficar em paz e gerar o bem ao próximo, quanto em relação à Deus (vertical), onde um espírito humilde reconhece que precisa de Deus, não pode viver sem Deus.
O centurião (Lc 7.6,7) foi humilde como uma criança, a ponto de surpreender Jesus. 

A criança perdoa, fácil. Pode até brigar, chorar, ficar "de mau", mas daqui a pouco, as crianças estão brincando novamente, por que se perdoaram. Optaram pelo amor e perdão, não a vingança. Preferem ser felizes do que ter razão (orgulho). Já os adultos que brigam por causa da briga das crianças, não se falam nunca mais.
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Ser como criança, não infantil (pte.3) - Mt 18.1-5

Ao falar que devemos ser como criança, Jesus alerta para não ser infantil (I Cor 14.20). As características de criança devem ser mantidas: Crianças não sabem o que é gratidão (não tem medida do que é feito em favor delas). O que é o sacrifício feito pelos pais (a ponto de dizermos: "Diz obrigado pra mamãe", pois eles não sabem), assim como não sabem o tempo ("Quanto tempo falta para o Natal?"), a distância (na estrada, perguntam a cada 5 minutos: "Já chegou?"). Por valores (não importa a conta bancária ou se interessam pela troca de favores) ou pela importância (um porteiro, um traficante ou empresário tem o mesmo valor para uma criança). Não passa pela cabeça de uma criança alguém ser melhor que o outro. Enfim, Jesus coloca um padrão para nossa espiritualidade: a criança. 

O que me marca neste texto é que uma criança jamais perguntaria "Quem é o mais importante nos céus?", como os discípulos fizeram.
Jesus, mais que ser aquela criança prometida no Éden, deu exemplo: se fez criança para que todos o sejam também, aos nascidos de mulher, renasçam através do Espírito Santo, cresçam em graça e sabedoria. E afirmou: "Eu dei o exemplo, agora sejam assim".
Jesus mostrou que o Pai é nosso, mostrou quem era e como era o Pai: tudo para nós e tudo em nós, se formos como criança.
O Pai enviou Seu Filho, para nos reconduzir ao Pai, nascermos de novo, e pelo Espírito Santo, sermos filhos herdeiros, co-irmãos com Cristo - legítimas crianças! 

Quando eu crescer quero ser como criança...



Graça e paz, naquEle que nos ensinou como viver e como morrer!

terça-feira, 5 de novembro de 2019

Pobreza e injustiça (pte.1) - Mc 14.7



Imagine que está tomando um café bem gostoso numa padaria chic, pensamento longe nos afazeres, e uma menina com olhar triste, mão na boca e pés descalços entra e pede um pão.
Muitos podem pensar: "Como deixam uma menina entrar assim?". Sem saber como agir, muitos também põe uma moeda na mão da menina e desejando muito que ela vá embora, solta um sorrisinho, e pronto. Sim, a pobreza nos incomoda. O pobre também.

Já ouvi gente dizer que dá esmola, ou um trocado, porque pode ser um anjo do Senhor, ou que a sua parte ele faz, mas se essa menina (ou os pais dela) compram drogas, bebida alcoólica ou se prostituem, não é problema de quem deu esmola. Por mais que respeite, não concordarei jamais, pois quem dá esmola, muitas vezes quer dizer "este problema não é meu". Modo fácil de virar as costas para um problema que, ou é derivado da nossa ação, ou da ausência dela.

Diante da pobreza avassaladora que nos cerca, justificamos o fato de Jesus dizer que, como "os pobres sempre terão convosco" (Mc 14.7), então, não temos culpa, será assim e pronto. E caminhamos indiferentes, superiores, achando que o problema não é nosso.
O detalhe maior deste verso é que há uma saída: se quisermos, podemos fazer o bem, ou seja, temos a oportunidade de não sermos mais indiferentes aos que nada tem, e amarmos este próximo. Foi o que disse Jesus. Sempre teremos os pobres conosco devido à dureza do nosso coração - em não dividir o que sobeja, em cobrar alto a quem nada tem. Agora, e se mudarmos nosso coração?
Não use a Palavra de Deus para justificar a pobreza nem a (nossa) injustiça que a gerou. Jesus constatou que "a dureza do vosso coração" (Mt 19.8) dura até hoje, gerando o divórcio e a pobreza. Acredito que Jesus gostaria de ouvir: "Mestre, já não há mais menino(a) descalço(a) entre nós".

A Bíblia é explícita no que concerne a relação entre o pecado da opressão e exploração, e a existência do pobre e da pobreza. A injustiça deve ser denunciada, uma vez que Deus é justiça, e o seu povo (cristão) deve ser santo. 

Continuo firme, até que me provem o contrário, de que o texto de At 2.42-47 e At 4.32-35 é dos mais profundos no que diz respeito a suprir a necessidade básica do próximo, onde naquela padaria chic, as meninas pedintes, provavelmente, estariam usando sandálias. Não é a toa que o povo perseverava na doutrina ensinada pelos apóstolos, no templo, na comunhão, no partir com alegria o pão, nas orações, tinham tudo em comum, e de coração simples repartiam os bens, e o povo ao ver sinais e maravilhas, os recebia com graça, onde havia temor e louvavam a Deus, e a Igreja só crescia, pois Deus, acrescentava os que deveriam ser salvos - pois em sua simplicidade, havia dependência de Deus, em tudo.

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Pobreza e injustiça (pte.2) - Mc 4.7


A fome e miséria identificados são dos que estão abaixo da linha da pobreza (segundo o Banco Mundial), ao faltar as necessidades básicas (água, comida, roupa, abrigo, saneamento, educação, saúde), onde 1,1 bilhão de pessoas vivem e onde morre 1 criança a cada 3 segundos. O contraste são crianças descalças pedindo pão em padaria chic. Diferenças sociais, físicas e materiais, raça, sexo, cultura, capacidades e oportunidades, que demonstram o abismo entre a miséria e opulência, entre a mesa farta e outras sem comer há dias.
Essas desigualdades cresceram ao longo do séc.XVIII, com o liberalismo, quando a industrialização catapultou as oportunidades fomentadas pelo capitalismo, alterando a relação trabalho-capital. Os feudos avistavam seu fim, assim o homem trabalhador era virtude, pois fazia o bem para a sociedade. Assim, a riqueza era demostrada como triunfo, vitória, enquanto o inverso disso, a pobreza era o fracasso pessoal. Ricos ganhavam dinheiro, enquanto pobres cuidavam dos bens do rico. Se Deus era testemunha do esforço e suor do trabalhador pobre, e a pobreza e fracasso se davam pela ausência de Graça, então, o pobre era assim porque Deus quis.
O pobre ganhava para a sobrevivência. Ricos, são ricos a custa do pobre, e assim ficavam mais ricos, mas precisavam do pobre trabalhando para eles para ficarem mais ricos. E então, "os pobres sempre os terão convosco" está plenamente justificado.

A desigualdade é refletida nas relações sociais. Karl Marx teorizou sobre a liberdade (compra/venda) e igualdade (social), pois só expressavam o interesse de uma minoria, o que foi pouco equilibrado com a justiça trabalhista. O capitalismo precisava da igualdade jurídica (patrão/empregado).

Se a sociedade são atividades dos homens, ações humanas que tornam esta sociedade possível, elas organizam e mostram as relações humanas - e as desigualdades sociais são portanto, o domínio da propriedade (fato jurídico e político). Essa dominação dá origem às desigualdades de um sistema social, passam da desigualdade econômica para a desigualdade cultural, e desigualdade política. Isto, nos ajuda a ter melhor compreensão de nós mesmos e do próximo.

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Pobreza e injustiça (pte.3) - Mc 14.7



A culpa é de Deus? Se todas as riquezas do mundo fosse (re)distribuídas com equidade todos seriam ricos. O problema no Nordeste, por exemplo, não é a seca. É a cerca. Se as distribuições tanto de renda, como de bens e serviços, fossem justas, as lixeiras teriam a função apenas de guardar lixo. E a indústria da reciclagem não prosperaria à custa do pobre. 
A riqueza gera pobreza, quando devia subsidiar e dividir. A minha riqueza é a sua pobreza. Existem pobres porque existem ricos - onde a riqueza deveria atingir a todos, ser bênção, ela se torna o berço de todas as injustiças, a raiz de todos os males.
Sem rodeios, Tiago afirma em sua carta que os ricos oprimem os pobres: não há riqueza sem opressão. A desigualdade é mantida na base da violência contra o próximo. É simples pensar que o mandamento de amar seu próximo resulta na equidade.
A Igreja primitiva descobriu essa verdade e eliminou, ao menos, as maiores distorções sociais.

A vida dos ricos também é infeliz, é uma tragédia dentro do luxo. O rico tem tanto dinheiro, tanto dinheiro, que só tem dinheiro. O dia que perder esse dinheiro não lhe restará nada. O dinheiro pode comprar uma casa, mas não um lar. Pode comprar uma mulher, mas não uma esposa. Pode tratar sua doença no melhor hospital, mas não trará a vida perdida de volta. A riqueza material não é condenável, mas tem armadilhas para o espírito, e é difícil chegar ao céu, como Jesus diz (Mc 10.25).

Só a infelicidade é equivalente. Num mundo maligno, onde seu príncipe reina (vemos suas ações todos os dias), não será possível enriquecer sem ganância, abdicando da justiça. Riqueza e felicidade só estarão juntas no millenium, prova que poderíamos tê-los agora, nos dias de hoje.
Quando vejo famílias nos lixões, vivendo de recicláveis, vejo que falhamos. Deus fez sua parte. Agora, cabe fazer a nossa.


Graça e paz do Senhor Jesus!

sábado, 19 de outubro de 2019

Apesar dos problemas não perca a fé (pte.1) - Hb 4.14-16


As aflições da alma colocam contra a parede a nossa fé, nossa caminhada com Deus.
Que necessidade é essa? Porque precisamos nos apegar ao trono da Graça?
O livro de Hebreus foi escrito aos judeus convertidos, comparando a jornada no deserto, do Egito à terra prometida, onde ficam no deserto mais de 40 anos e todos morrem, conosco, nos dias atuais. É possível que saiamos do Egito e não cheguemos à terra prometida, ao melhor de Deus para esta vida, e que ao atravessarmos o deserto, nesta travessia, não desfrutemos do descanso, da benção e da bondade de Deus para nós? Sim. 

Para que isso não aconteça, precisamos estar atentos ao o que ouvimos ( a fé vem pelo ouvir) para que não desviemos no caminho (Hb 2.1). Esta é uma advertência à tentação (Hb 2.18) - o motivo pelo qual desviaram (e desviamos ainda hoje) de Deus. A tentação é o momento que nos aparenta ser melhor fazer o que é contrário à vontade de Deus. Porque fazer a vontade de Deus contraria a expectativa e o desejo pessoal, exige um sacrifício nosso. Ao estarmos neste estado de "tentação", colocamos sub judice, a vontade de Deus, pois ela não parece ser a melhor opção, segundo o nosso olhar.
Pois assim como aconteceu ao povo de Israel no deserto, neste vale de lágrimas, costumamos nos afastar em nosso coração dos caminhos de Deus, nos tornando incrédulos - eis que vem a ira de Deus contra o seu povo - exatamente como a geração que saiu do Egito (Hb 3.10). E se nosso coração se afasta dos caminhos de Deus, perverso e incrédulo será. Exortemo-nos, uns aos outros, e que ninguém se perca no engano do pecado: quem se rebelou, ouviu, desobedeceu, pecou e morreu no deserto (Hb 3.16). 

As Boas Novas foi pregada á Israel e chegou a nós. Sei que não entraram no descanso do Senhor, mas e quanto a nós? Que não caiamos na esparrela da desobediência para perdermos a Salvação (Hb 4.11). Porque há uma diferença brutal: Temos hoje a Cristo, o Filho do Deus vivo, e pela fé nEle, somos salvos, nada temos que sacrificar, pois Cristo foi o único e suficiente sacrifício eterno, passando por todo tipo de tentação, sem pecar. Então, começo a compreender: Tenho que me achegar ao único que é digno de se assentar no trono, responsável pelo único e santo sacrifício por nós, pois só assim receberemos Graça e misericórdia, para nos ajudar neste momento de necessidade.

(leia a continuação)

Apesar dos problemas não perca a fé (pte.2) - Hb 4.14-16


O momento de necessidade é quando estamos cansados. Não perdi a fé, mas as aflições da minha alma me cansam. O risco de perder a fé, a Salvação, é por sermos incrédulos, desobedientes, rebeldes, virarmos as costas para Deus, porque alimentamos expectativas em Deus o que não deveríamos. E ao passar por este tempo de dificuldade, sem chão, sem esperança, tribulação (simbolizada pelo deserto), começamos a ficar amargurados com Deus. E oramos, sem blasfemar, mas ressentidos:
- "Porque estamos passando por isso, Deus?";
- "O que o Senhor quer de nós?".
O tempo passa, as aflições da alma não passam, não há remédio, e oramos temerosos, mas já com audácia:
- "Deus não estou entendendo qual é a sua?";
- "Eu estou aqui, Senhor, não me recuso, me ensina!".
Aqui, já há murmuração:
- "O que o Senhor quer de mim?";
- "Porque deia isso acontecer?". 

Nesse momento, achamos que deus não está fazendo aquilo que você quer que Deus faça, e brota, como uma plantinha no vão da parede, uma amargura no coração. E assim, vamos esfriando. Seu coração que era quente (sapatinho de fogo), já não é mais. Orava tanto e agora, não ora mais. Buscou tanto, e hoje já não lê tanto a Palavra. Era comprometido(a) em servir, mas na hora que precisa não vem o que o que espera, de alguém engajado vira um observador. E como cínico e cético:
"Deus te ama!" - Você dá um sorrisinho irônico;
"Deus é bom!" - Só se for para os outros;
"Deus cuida de você" - Acredita mesmo nisso? (irônico). 

Assim, o Evangelho está dentro de você mas como conhecimento cultural e social, não como prática de fé - já não chora mais, não canta louvores, não está feliz, nem sorri, só observa. Daqui há pouco, não quer mais saber dos irmãos, da Igreja, da fé, do pastor, da Palavra de Deus. O próximo passo é odiar a Deus.
E aqui, abre-se mão dos valores morais. E na Babilônia, é fácil pensar que Deus não está nem aí para me ajudar, provavelmente, não está nem aí para me julgar. Aliás, Deus? Quem é Deus?
"Se Deus não existe, tudo é permitido" (Dostoievski). Se alguém perdeu a conexão do coração com Deus não tem por quê se sacrificar para ser agradável a Deus.


(leia a continuação)

Apesar dos problemas, não perca a fé (pte.3) - Hb 4.14-16


A carta aos Hebreus fala deste processo, deste cuidado na caminhada. E o melhor é que o texto nos oferece uma saída, a única saída: Devemos buscar nosso sumo-sacerdote, intercessor que nos coloca diante do Pai. Não hesite em clamar e buscar por Jesus porque só Ele vai entender você - Jesus passou por tudo o que você passa, e não pecou. Em tudo foi tentado, mas disse: "Calma, eu já passei por isso".
Solidão (Mc 14.32-42), assédio do mal (Sl 55.12,13), abandono (Mt 27.46), lar (Lc 9.58), família (Jo 9.26), chorou (Jo 11.35), fome (Mt 4.2), sede (Jo 4.7b), traição (Lc 22.48).
O problema de sentir essas aflições na alma e não receber refrigério, bálsamo, ou não ver as coisas acontecendo do jeito que queremos, é projetar essa dor, o mau sofrido, em Deus. E perder a fé é a decorrência óbvia. Nos abrimos a qualquer pessoa, vacilamos diante de quem nos faz mal, até as que sentam conosco à mesa, que nos traem.
É natural que algo que planejou, é legítimo querer que aconteça, pois anda na linha, se sacrifica em vários momentos, mas... a benção não vem! A esperança quando adiada traz tristeza no coração (Pv 13.12). E começamos a lamentar, nos tornamos cínicos e céticos, pois se Deus não está nem aí para mim, a incredulidade e frustração encontram campo vasto para tomar conta da nossa alma.

Quando a vontade de chutar o balde nos encontra, Deus vem e diz: "Não foi para isso que eu te criei, filho. Isso nada tem a ver com você, não se comporte como se fosse um deles - não faça o que eles fazem - este é o sacrifício, o ônus que tem que suportar para ser quem eu quero (imagem e semelhança), a menos que você não queira". Veja que não tem plano B.
Nessa luta para andar segundo a vontade de Deus, convivendo com as pressões, com as feridas, com as contrariedades, doenças e infortúnios, e algumas ao mesmo tempo, temos um esgotamento. Não é que que não creia mais, é que eu não aguento!!
E mais uma vez o livro de Hebreus vem e nos diz: "Calma. Eu já passei por isso". Imagine no Getsêmani.

Quando perceber esfriar, tratar Deus com murmuração, perceber que as coisas não tem mais sentido, nem mesmo buscar as coisas de Deus, desobedecer a voz do Espírito Santo e se tornar cético, cínico, apegue-se à sua fé e busque o trono da Graça para que Deus trate você com misericórdia e derrame Graça sobre sua vida (Hb 4.16). 

É quando falamos o que não deveríamos, Deus fecha o Seu semblante, e se puder imaginar, veja Jesus ao seu lado, põe a mão no seu ombro, olha para o Pai, e diz: "Pai, tem misericórdia... Eu sei bem o que ele está passando, eu passei por isso". Jesus sujou os pés com a mesma sujeira, passou e sofreu o que passamos e sofremos. Permita que Jesus segure a sua mão, isso vai passar. Ele já atravessou o vale de sombra e morte, e pede: "Não desanime, eu já passei por isso. A gente vai chegar do outro lado. O deserto é só passagem, não é o final. Final, é o céu".


Graça e paz,
NEle, onde você encontrará misericórdia e graça!

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Somos atraídos para Jesus (pte.1) Mc 2.14-17

Judeus eram colônia romana, pagavam impostos exorbitantes. Escribas eram doutores da lei, estudiosos. Fariseus eram os xiitas, aplicando a lei de Israel. Publicanos recolhiam impostos - traíam Israel e faziam o serviço sujo para Roma, e claro, levavam o seu debaixo dos panos - por isso eram odiados por todos. 

Jesus sentou-se à mesa com publicanos e pecadores. As pessoas de reputação duvidosa como estes, mais prostituas e leprosos, sentiam-se à vontade na mesa com Jesus. 
Diferentemente dos citados acima, Jesus não usava Sua autoridade para se distinguir, mas era a lâmpada em relação aos pirilampos - uma atração irresistível. A autoridade jamais vista em Israel, não como os escribas (apesar do conhecimento destes) nem como os fariseus. Chegaram ao ponto de achar que Jesus trazia uma nova doutrina - ou seja, algo do qual eles nunca ouviram através dos fariseus e escribas, que se julgavam acima do povo. Jesus não. 

A autoridade vinha do se misturar com as pessoas, do compartilhar os mistérios do reino de Deus a quem quisesse ouvir, o que geralmente acontecia com os pecadores, primeiro por não conhecerem a Torah, segundo por julgarem-se pecadores mesmo, e distantes de Deus, não eram menosprezados nem intimidados por Jesus - algo que fariseus, escribas e publicanos faziam e fugiam justamente por serem inescusáveis. Os mistérios do reino de Deus são revelados aos simples e pecadores.
(leia a continuação)

Somos atraídos para Jesus - (pte.2) Mc 2.14-17


Demônios temem a Cristo, os homens, não. Os espíritos malignos suplicam para não serem destruídos (Mc 1.23-26) e Jesus não ameaça homens com seu poder, Ele nos ama. Jesus não é feiticeiro que faz um "trabalho" e se impõe pelo medo, para ser adulado e ser servido, como uma troca: você me dá "isso", e eu trago a pessoa amada, ou te darei um carro 0km, ou curo essa doença! Jesus coloca homens em pé, ensina a andar com as próprias pernas para que tenham autonomia responsável. Demônios são expulsos, homens são libertos.

A pureza de Jesus não segrega, mas abraça os excluídos e impuros. Leproso em Israel era impuro, e contaminaria todos que tivessem contato com ele. Jesus, ao tocar o leproso, cura-o, purifica-o. Ao invés de se contaminar pela lepra, transfere pureza ao leproso (Mc 1.40-42). É aquela história:
- A mosca quando cai na água, ela contamina a água ou a água purifica a mosca? 

A virtude de Jesus oferecia perdão. O paralítico é perdoado em seus pecados (Mc 2.5-7). O olhar de Jesus não condena, nem sua voz acusa. A mensagem de Jesus é de Salvação, não moralista, em juízo - anuncia o ano da Graça do Senhor.
Jesus perdoa pecados. Em pleno sábado, quando os religiosos mostram o quão não entenderam a Deus (Mc 3.1-6), Jesus promove a vida, já que guardar o sábado é se distanciar do sofrimento do próximo. O sábado é para o homem, não o homem para o sábado (Mc 2.17). A religião lava as mãos enquanto nosso irmão sofre e chora. 

Publicanos e pecadores sentem-se à vontade na companhia de Jesus, pois à sua mesa estão dispostos os mistérios do reino de Deus, libertação, inclusão, perdão, compaixão, solidariedade e generosidade. Jesus sempre chamou todos ao arrependimento, pecadores e seus pecados, corruptos e imorais. Nunca legitimou e permitiu uma vida de pecado, mas nunca se eximiu em perdoar alguém.


Graça e paz!!

domingo, 28 de julho de 2019

Vida devocional - Rm 12.2



O objetivo do devocional é sermos transformados, e isso só acontecerá se renovarmos a nossa mente, de glória em glória. Saiba que é uma das coisas importantes da vida de um cristão.
Ouvimos tantas mentiras a respeito da vida (como vivê-la, para onde vamos, de onde viemos) que muitos acabam substituindo pela verdade, e apenas a verdade nos liberta. Assim como a rotina é importante numa família (filhos, cônjuges, trabalho) também é importante na vida espiritual, pois o que nos aperfeiçoa é o que praticamos. Não falo da rotina "domingo-culto-casa-trabalho-domingo-culto-casa-trabalho-domingo...", assim você será no máximo um bom fariseu. Por exemplo, não engordamos porque você foi no Burguer King 2 vezes, assim como não fica forte por ir na academia 2 vezes. A rotina, nestes casos, muda tudo.
No caso do devocional, é um tempo a sós com Deus. É você, a Palavra de Deus, e a presença do Espírito Santo.
Esse tempo a sós com Deus é necessário, reforça nosso sacerdócio, nossa fé.
Para começar, pegue sua Bíblia. Enquanto oramos, falamos com Deus. Enquanto lemos a Palavra, Deus fala conosco - e é essa meditação diária que compreendemos as saídas para os nossos dilemas.
O Senhor fala conosco num processo: 
  
Adoração - Coloque um louvor, uma música em adoração ao nosso Deus. É o período em que sua mente e coração precisam ser direcionados (metanóia) para que a emoção sinta a presença de Deus (Sl 139.7,8), uma vez que Deus é Espírito. Uma consciência de que Deus está sempre ao seu lado, e isso, mudará nossa concepção de vida e nossa relação com Deus. 

Ouvir a Palavra de Deus - Ao ler e compreender, mudando a nossa mente e entendendo o recado de Deus. Comece num livro, e de capítulo em capítulo, compreenda a mensagem que Deus quer conosco. Lembra daquela transformação e mudança de mente (metanóia)? 

Meditação - É algo que menos fazemos ao orarmos. Porque falamos, pedimos e choramos, e após o "amém", acreditamos que estamos quites com Deus e que cumprimos nosso dever. Pode ser tudo, menos devocional. Meditar, não é como na yoga, budismo, hare khrisna, que é esvaziar a mente para o seu "eu" sair e atuar. A meditação cristã requer o esvaziamento de nós mesmos, mas com o preenchimento da verdade de Jesus Cristo. 
É como permitir essa verdade descer da mente para o coração, e é por isso que muitos confundem com o "sentir", mas este, não passou pela mudança da mente (metanóia), e não mudará nada em sua vida. Meditar naquilo que leu, que ouviu Deus falar e reproduzir na sua existência. 
Davi fala com quem no Salmo 103.1? Com Deus? Não, fala com ele mesmo. Pegue o que está na sua mente (Deus sabe todas as coisas) e faz descer ao coração (entendimento), que fala com a alma (executar). Medite no texto que ler. 

Oração - Ao sentir a presença de Deus, o combustível acionado, tanto no coração quanto na alma, então vai orar. Agradeça, clame, peça, ofereça, queira relacionamento e intimidade, use o louvor, o vídeo, o pregador, o livro, para que você entenda mais e mais, interceda pela fam[ilia, pela Igreja. A chave da oração não é saber falar, é ter a certeza que ali está o seu Pai, naquela conversa. 

Acredito mesmo que mudará sua vida se conseguir fazer isso todo dia. Depois me fale...


Graça e paz!