A igreja - Atos 2:42-47 (continuação)
O projeto da igreja é isso: viver em comunidade.
Aquelas pessoas, que eram a igreja, no meio de tanto medo, opressão, fome e miséria, se amavam. Não disputavam poder algum, não competiam, não buscavam seus próprios interesses. Essa comunidade buscava os interesses uns dos outros. Gente que se abençoava mutuamente, transbordavam de alegria, se abraçavam, repartiam tudo entre si, abriam suas casas aos irmãos. Não transformaram aquilo numa religião, não que não havia uma doutrina pela qual lutavam, mas devido ao amor que sentiam, não poderiam ser indiferentes ao sofrimento do próximo.
E que sofrimento...
Israel, marcada por brigas religiosas, país dividido, vários partidos políticos, os fariseus, os saduceus, os essênios, os zelotes, a guarda romana, um rei corrupto. Não havia respeito por ninguém.
No meio disso tudo, uma comunidade que era presente que serve. Abrir o coração e respeitar os corações abertos. Não estavam preocupados se o irmão estava certo ou errado, mas se estava bem ou não. Preocupados se alguém estava alegre, sofrendo ou sem esperança.
Imagine o contraste. Imagine o impacto. Mostraram que há outro jeito de se relacionar, de ver o próximo.
Jesus ressuscitou e por isso, há um tempo de salvação, de transformação, de vitória sobre o pecado, sobre a angústia e o sofrimento. Não que vamos parar de sofrer, mas o sofrimento não vai nos derrotar. É diferente.
Não se fala mais da ressurreição de Cristo, e é por ela, só por ela, que haverá um novo dia, uma razão para existir, continuar a ter fé.
É possível conviver em comunidade sem ter medo do outro, porque todos necessitam. Porque Jesus venceu a lógica, ao 3º dia ressuscitou e tomou as chaves do inferno. Ele está vivo, e todos que nEle estão, podem viver um para o outro.
Um pastor querido disse: "A gente não nasce pra viver, a gente nasce pra conviver". É diferente.
A igreja de Atos 2:42-47 descobriu isso. Portanto: "E todos os dias acrescentava o Senhor, à igreja, aqueles que se haviam de salvar".
Ah, se descobríssemos isso dentro de casa...
Nosso chamado é para conviver, ou seja, "preste atenção uns aos outros".
Apesar de nos reunirmos hoje num mesmo lugar, prestamos atenção uns nos outros?
Em casa, nos reunimos, mas será que estamos no mesmo lugar, somos cúmplices? Nosso coração é um só? Buscamos o bem do outro?
Quantos ensinos, em nosso meio, geram divisão, juízo, desconfiança, investigação? Eles "perseveravam no ensino dos apóstolos" - o que gerava comunhão.
Creio num Deus que ressuscitou por nós. Nos ensinou a amar. E quando amamos a Deus, amamos o próximo, então não precisamos nos preocupar com o pecado, porque quando amamos, não há lugar para o pecado.
A igreja se subdividiu em pequenos grupos, nas casas das pessoas, e isso foi muito bom, pois recupera algo que o crescimento das igrejas fez: esquecer a comunhão. Aliás, o motivo pelo qual abraço a idéia dos cultos nos lares. Prefiro os grupos pequenos. Nos grupos, há comunhão, partir do pão, afeto, abraços, saudade. Algo que as igrejas, perderam. Como hoje em dia, onde há muita tecnologia (MSN, Orkut, Facebook, Smartphone, Ipad, Tablet, etc), mas não há comunhão, nem prazer em estar junto. A igreja também reflete isso. A cada dia somos levados a nos isolar.
"Não posso pedir pra alguém orar por nós, porque tenho vergonha". Os pequenos grupos recupera o porquê da igreja, um lugar onde nós podemos contar ao outro o "porquê" de estarmos em oração.
Porque a igreja de Atos 2 era uma comunidade, um presente que serve, sinais e prodígios aconteciam. Porque Deus opera em comunidades de amor, de união. Quando um ora pelo outro. Quando uma família está junta. Onde realmente há amor, onde partilham tudo. Aprenderam, finalmente, a responder: "Onde está o teu irmão?"
Nos chamamos de irmãos, mas nos tratamos como primos.
Nada pode acontecer se uma comunidade prega: "amigo a gente escolhe. Irmãos, somos obrigados". Absurdo.
Prefiro, honestamente, "há amigos mais chegados que irmãos" ou "usem a riqueza deste mundo ímpio para ganhar amigos, de modo que, quando ela acabar, estes os recebam nas moradas eternas".
A fé cristã chama a todos para serem irmãos, em Cristo. Temos que aprender com os discípulos, em como ser "irmão".
"Partir o pão em casa, comiam juntos com alegria" - hoje em dia, nem nos visitamos. Todos dizem que o tempo não dá, é só correria, é muito trabalho, mas na verdade, você não quer. Não queremos contato. Pensamos que, o que nos descansa, é a cama ou o sofá (se tiver uma Tv, melhor). Mas o que descansa, é o outro, é o aconchego das pessoas que amamos, é saber que você ajudou a suprir as necessidades do próximo, orou com ele.
A igreja de Atos 2:42-47 acordou a humanidade. Viraram referência. Precisamos recuperar isso.
A igreja ainda é o lugar onde a dor e o sofrimento são diminuídos. O Espírito Santo criou uma comunidade capaz de diminuir o sofrimento, pela comunhão, pelo amor, pela cooperação. Diminuir o sofrimento dos outros é o espírito da igreja.
Ser um presente que serve. Sempre.
Posso não acabar com o sofrimento do próximo, mas posso ajudar a diminuí-lo.
Podemos comer juntos, ouvi-lo, orar com ele, por ele, oferecer minha casa.
Quando pensarmos numa "igreja", pensemos:
estudar a palavra, aprender com os discípulos, servir ao próximo, conviver, dividir o alimento, físico e espiritual, orar,
haver sinais e maravilhas (milagres), união, fazer tudo pra diminuir o sofrimento do próximo, louvar e adorar, impactar principalmente os não convertidos.
Isso é igreja.
Que Deus nos de graça, de ainda perceber, o próximo. A começar pela nossa casa, a nossa família.
Graça e paz.
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