segunda-feira, 14 de maio de 2018

Converta-se ao outro - Mt 15.21-28



Jesus foi surpreendido. Falo isso, sem medo, pois nesta passagem bíblica do Novo Testamento, Jesus deixa claro que veio para os judeus. E como a Palavra de Deus diz "crescia em sabedoria, estatura e Graça" (Lc 2.52), Jesus também aprendeu com essa mulher cananéia. Naquele tempo era difícil as pessoas entenderem que Jesus era Deus - hoje em dia, é difícil as pessoas entenderem que Jesus foi homem. A cada impacto, a cada dor, a cada angústia, nos identificamos com Jesus, afinal, são sentimentos humanos.
Essa mãe diz que sua filha está endemoniada (e hoje as pessoas riem por não acreditarem no inimigo da nossa alma), pede ajuda, mas ouve de Jesus que Sua missão seria para com as ovelhas perdidas de Israel, e que não podia fazer nada por ela. Como a aflição de uma mãe só é menor que a aflição de Deus, essa mãe mexeu com Jesus. 

Primeiro, os judeus consideravam os gentios como "cães" (Lv 11). No primeiro momento, Jesus não responde. Mas quando esta mulher se humilha ainda mais, então, Jesus vê nesta mãe um sentimento que nosso coração deveria ter: Fé. Foi grande a fé desta mãe. E finalmente vê, não como judeu, superior, mas como Filho de Deus - e se dirige à mãe, com amor e misericórdia, e admite que jamais viu tamanha fé que agora vê. Na aflição nos despimos de qualquer sentimento, e o que resta é amor, misericórdia, fé - infelizmente, só concebemos fé nestes casos de total incapacidade. Onde só o povo judeu teria Salvação, Jesus vê no coração desta mulher, em seu desespero, o sentimento que desejava encontrar nos homens, a fé suficiente para nossa Salvação. 

Jesus ensina a nos converter ao outro, muito além da fronteira (ou trincheira?) da religião. Devemos permitir a ação de Deus mesmo que o outro ainda não consiga ver ou perceber. Reconhecer a fé do outro, e no outro, pois um espírita tem fé, assim como o umbandista ou católico - já experimentou dizer que não têm? Eles apenas, erraram o alvo. E aqui está a nossa função: amar o próximo. O mundo precisa disso, e quem, senão a Igreja do Senhor poderá fazê-lo? 

A aflição desta mãe provoca Jesus, que volta e explica que não pode, que isso e aquilo. Para o judeu (e Cristo era judeu), os gentios eram cachorrinhos, por se acharem melhores. Mas a fé e a necessidade, em amor, desta mãe, faz com que se humilhe ainda mais se considerando mesmo um cachorrinho, mas que necessita grandemente, das migalhas do Pão da vida, mesmo que seja dos restos que caem da mesa. Tenho certeza que isto abriu os olhos de Jesus, que muda o status desta mulher, já que agora não é mais a quem os judeus entendem como inferior (distantes, abjetos), mas fala com quem Deus a reconheceu - a sua fé no Cristo, Filho do Deus vivo, que pode todas as coisas.
Jesus nos dá o exemplo de nos converter ao outro, a capacidade de admitir que "agora vi algo importante em você" - o ato de converter-se ao outro. 

Precisamos nos converter ao outro. Não há família, Pai, irmãos e comunhão, se não houver conversão. Aquela mãe quis dizer: "Senhor, eu já sou convertida a Ti".
Que povo engraçado que somos, onde sabemos da conversão a Deus, mas não sabemos nada sobre converter-se ao próximo?


Que Deus nos dê mais da Sua Graça...

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