quinta-feira, 26 de julho de 2012

Salmos 106:14,15 - "Entregaram-se à cobiça no deserto e tentaram a Deus. Concedeu-lhes o que pediram, mas fez definhar-lhes a alma"
Ainda me incomoda o fato de Deus poder fazer concessões, dada a insistência e obstinação de quem pede. E Quem pede pode até festejar a resposta da sua oração: recebeu sua benção. Mas esse prêmio é o resultado do desejo obstinado, da cobiça, da insubordinação. E a consequência é o definhar do seu ser.

Explico o que me incomoda: ¹ a espiritualidade baseada em resultados objetivos. Muita gente, ainda hoje, acha que Deus está do seu lado (ou contra!) conforme seus desejos se realizam.
Temos um objetivo. Perseguimos com pensamento positivo, em oração e esforço. Quando conseguimos o objetivo, diz-se: "O Senhor confirmou!".
Muita gente se esquece que os ímpios (perversos e ateus) também são bem sucedidos, com o detalhe de não recorrerem á Deus.
Mente obstinada e coração obsessivo. A "auto-ajuda" que o diga. Não há problema em traçar objetivos, planejar e ter disciplina para alcança-los. Essa receita geralmente dá certo.
O perigo é ² confundir a vontade de Deus com meu êxito na vida. Nem tudo que dá certo é correto.
E nem tudo que é correto, dá certo. Fez tudo certinho, mas não deu.
Ao ler Eclesiastes veremos que nosso mundo é incorreto, há sim contradição. Não dá pra afirmar que "fiz tudo certo, o resultado será certo" ou "não fiz nada certo, mas deu certo!"

Há exemplos que, justamente por dar certo, acabam matando o ser, que se confunde com as conquistas exteriores.

³ É um grande erro imaginar que a alma possa ficar feliz pelas conquistas exteriores. A alma lucra igual a um vaso com lindas flores no canto da sala em dia de culto no lar. Ou seja...

4 Pensar que, o que julgamos ser bom nos faça bem, é perigoso. Queremos um emprego, com fé e esperança de mudança para a nossa família, mas exatamente naquele emprego, você pode perecer. E o que seria benção, pode ser maldição. Deus é onisciente. E aquilo que chamamos de "mal" pode ser a nossa salvação.
O Salmo 106 nos adverte justamente para isso, que é possível alguém festejar um acontecimento, porém, a sua alma irá se perder do caminho do bem.
"Meus caminhos são mais altos que os seus caminhos" (Isaías 55:9), portanto, o Senhor sabe o que é melhor para nós. "Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã...Devíeis dizer: se o Senhor quiser, e se vivermos, faremos isto ou aquilo" (Tiago 4:14,15).

Nenhuma conquista que não melhore nossa alma significa alguma coisa aos olhos de Deus. De que adianta ganhar o mundo e perder sua alma?
"Perder a alma" é perda da humanidade, da sensibilidade, da capacidade de valorizar o que é essencial. Perder isso é banalizar o espírito, anestesiar o valor para construção do interior do homem.

Que possamos prosperar sim, mas somente quando o ter não mate o ser, somente quando a prosperidade externa (do que se vê) não definhe a nossa alma (o que se é).
Caso contrário, veremos as tragédias que vemos todos os dias.



NaquEle que, apesar de ser Deus, se fez servo,
Graça e Paz!

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