Remorso ou arrependimento?

"A tristeza, segundo Deus, opera arrependimento para a salvação, e não produz remorso; mas a tristeza segundo o mundo, produz a morte" (II Coríntios 7:10)

Vivemos dias de relativismo ético. Na sociedade de hoje, roubar ou matar não são unânimes. Por exemplo, matar é pecado. Mas quase todos concordam que, matar o indivíduo que assassinou uma velhinha indefesa, não seja pecado, e sim, um ato de "justiça". E ainda dizemos: "Demorou...".
Uma pessoa querida despertou em mim a busca por essas dois sentimentos: remorso e arrependimento.
Apesar de parecidos, são completamente antagônicos.
Porque sentimos remorso ou arrependimento? O que nos leva a sentir um ou outro é o pecado.
Quando pecamos, além de sairmos do centro da vontade de Deus, perdemos (temporariamente) nossa comunhão com Ele. Sem arrependimento e confissão, podemos ficar afastados da presença de Deus e sem sua proteção, e estaremos abertos aos constantes ataques de nosso inimigo.
Pecado é infringir a lei de Deus.
Pecado é um estado de rebelião direta contra Deus.
Pecado é uma atitude de recusa de submissão.
Pecado é uma opção pela auto-suficiência, gerando no homem uma ilusão de potência.
Pecado ilude. Anestesia.

Quando pecamos, confirmamos o que o profeta Isaías disse:
"Toda cabeça (fonte dos pensamentos e da vontade) está doente, e todo coração (fonte dos sentimentos) fraco. Desde a planta do pé (o andar) até a cabeça (o pensar) não há nele coisa sã" (Isaías 1:5,6)

Ceiando estavam Pedro e Judas. Mesmo avisado por Jesus, que antes que o galo cantasse, o negaria 3 vezes, Pedro respondeu: "Ainda que tenha que morrer contigo, não te negarei". Judas, através de um sentimento maligno, pergunta: "Por ventura, sou eu, Rabi?".
A diferença entre Pedro, que o negou, e Judas, que o traiu, é simples: arrependimento e remorso.
O primeiro, Pedro, negou Jesus 3 vezes, mas se arrependeu aos pés da cruz. Em Mateus 26:75, Pedro chorou amargamente. Permitiu que o Senhor o redimisse, e através da graça derramada, transformou um discípulo em apóstolo. Lhe deu vida. (veja João 21:15-17).

Judas, por sua vez, traiu Jesus o indicando com um beijo, e sentiu remorso. O Espírito Santo de Deus não age no remorso. Quando procurou os sacerdotes para devolver o dinheiro, quis ele mesmo resolver as coisas. Mais uma vez, do seu jeito. E ainda disse: "Pequei..." (Mateus 27:4). Plena consciência da situação. O remorso nos faz agir achando que somos capazes de resolver. Não houve transformação. Lhe trouxe morte.

Essas palavras tão comuns, parecidas num primeiro olhar, são profundamente diferentes.

Assim como Pedro, quando (se) ouvirmos o galo cantar, saibamos: Deus está nos lembrando que estamos nos afastamos dEle.
O galo canta através de uma dificuldade, um sofrimento ou uma dor, uma angústia, decepção ou até mesmo, a nossa consciência.
Porque muitos sabem que estão negando a Cristo. Mas não conseguem parar.

A Palavra de Deus nos alerta para o caminho quase imperceptível do remorso e do arrependimento:

• João 5:14 - "Eis que já estás são; não peques mais, para que não te suceda alguma coisa pior"
• Salmos 32: 3-5 - "Enquanto eu me calei, envelheceram os meus ossos pelo meu bramido em todo o dia. Porque de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; o meu humor se tornou em sequidão de estio. Confessei te meu pecado, e a minha iniquidade não encobri. Disse eu: confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a culpa do meu pecado"
• Tiago 5:17 - "Confessai, portanto, os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros, para serdes curados"

Hoje, em nossos tempos, há uma auto-suficiência.
Aprendi que o meu direito termina, aonde começa o direito do próximo.
Hoje em dia, as pessoas pensam que tem total liberdade para tomar qualquer decisão, a que achar melhor, sem ser questionada por ninguém. As pessoas não querem se submeter a qualquer autoridade, se achando no direito de determinar as normas de conduta de acordo com seus desejos, sem limites.
Apenas crimes hediondos são considerados "pecado". As práticas antes escandalosas, estão sendo assimiladas, encaradas com naturalidade.
A ausência de um modelo, de educação, desde a pré-infância (de 2 a 7 anos, onde se começa a aprender "valores") faz com que não tenhamos com quem aprender ou nos parecer, ou imitar.
Governo, justiça, polícia, escola e família, estão cada vez mais, desacreditados.
Diante da inexistência de uma postura ética (o que importa é o fim, não os meios) não aprendida, a pessoa escolhe o que lhe parece melhor.

A Constituição diz que, casamento, deve ser entre marido e mulher, portanto, homem e mulher. Mas querem aprovar o casamento homossexual. Que rasguem a Constituição desse país. E qual será o limite?

No remorso ficamos tristes, abatidos. Mas vamos repetir o mesmo erro.
No arrependimento, mudamos de atitude. Há transformação.


Graça e paz.