sábado, 20 de outubro de 2018

Chorar diminui a dor (pte.1) - Sl 30.5b

Aconselhei uma pessoa que perdeu o pai e apesar de não querer, desabou a chorar no funeral. Em certo momento, foi interpelada pela mãe: "Engole o choro. Somos servas do Senhor, temos que dar exemplo". 

Passados alguns anos, viu-se sozinha num sentimento de culpa: "Engole o choro". Primeiro, não sabemos lidar com a morte, e depois, fomos ensinados a não chorar. Mas qual o problema em chorar?
Só tem problema em chorar: Talvez vejamos como fraqueza.
Ouço muito: "Prometi que não iria chorar!" - mas qual o problema, porque não chorar? Fomos criados ouvindo "homem não chora" ou "quem chora é fraco", porém, Deus nos mostra outro caminho: Quem chora é feliz, porque será consolado. Amém.  

Essa pessoa que aconselhei sente, na verdade, culpa por ter chorado. 

Porque você sorri ao tirar uma foto/selfie? Ao sorrir, ficamos mais bonitos - talvez venha daqui o sentimento de preservar a imagem, pois ao chorar ficamos feios. E justamente por não chorar, ficamos feios mesmo, mas por dentro - e estar feio por dentro não permite sermos bonitos por fora. Não é o que Deus nos diz: "O coração alegre aformosei o rosto" (Pv 15.13), contradiz isso.
Shakespeare contradiz isso ao dizer: "Chorar diminui a profundidade da dor". E Carlos Drummond de Andrade disse: "Um dia desses, colocarei em dia todos os choros que não tive tempo para chorar". 
De um lado, o choro alivia nossa dor, do outro, não temos tempo para chorar - portanto, sentiremos dor contínua. E Nando Reis completa: "Triste é não chorar". Porque é preciso colocar para fora todo esse choro. 

Ao aconselhar essa pessoa, eu disse: "Pare de se culpar, você chorou e pôs para fora uma dor que poderia se materializar numa doença".

(leia a continuação)

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