quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Na lama - Jo 9.6

Jesus cuspiu. Como frase solta é até repulsivo e na verdade, nem imaginamos isso. Talvez, se fossemos nós, faríamos uma oração, imporíamos as mãos sobre, fecharíamos os olhos, uns falariam em línguas, outros rodopiariam. Mas cuspir e ainda pegar a lama para curar?

É amados, é por isso que somos humanos a caminho da santidade, e não Jesus, o Cristo. O Deus encarnado, o verbo, o pão, com a calma de um pintor, recolheu a lama, da qual fomos criados e, como se preenchendo um vazio, o curou.

Tiro desse texto para minha vida, que Deus permite que alguém chegue à lama para ser curado, e só o será, pelas mãos de Jesus Cristo.

Lama, neste caso, é o submundo, são as agendas secretas, mensagens de whattsapp que só você tem, conversas paralelas, olhares maliciosos, pornografia e corrupção, tão presentes na alma do ser humano. Porque se não chegarmos ao ponto de enterrarmos o pé na lama, não buscaremos em Deus o perdão tão necessário, sentir arrependimento a ponto de mudar, e enxergar o que antes não víamos - eis a transformação.

O  milagre chega até nós muitas vezes é por meios não tão agradáveis (demissão, doença, frustração, crises, solidão) e acredito que é justamente para nos mostrar a realidade do que fazemos, mas não percebemos. 

Jesus não está desatento à nossa luta, mas sim, nos fazendo crescer, amadurecer na fé, nos aproximar dEle, que pode todas as coisas. Nunca se esqueça, irmão, você não está só!


Graça e paz!

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Não se perca! - Hb 3.13

Sem rodeio: a minha geração está voltada aos prazeres, deleites, vontades deste mundo tenebroso. Qualquer vento de doutrina é logo abraçado.

Ora, somos ou não discípulos de Cristo?

Quando algumas Igrejas, que já foram do Senhor, onde o Espírito Santo era quem determinava eventos, ações e direções mas hoje, quem rege essas igrejas são pesquisas, quantidade de membros, valor de arrecadação, palavra rasa, sem qualquer discipulado, ministérios que sustentam quem a Igreja quer ser, sem qualquer ação social, elitizada, mas cheia de posts, propagandas das atividades, e pastores que nada tem a ver com o cheiro das ovelhas, irão se tocar que estão no caminho errado? Já se perguntaram "por quê" as pessoas saem das Igrejas, abandonam a fé? Meu Deus...

Me preocupo, mesmo que não tenha nada a ver com a sua vida, irmão, com o ódio nas redes sociais, que propagam mentiras e querem a queda do seu inimigo. Falam de amor mas não amam! Os versos bíblicos estão lá mas a fé bíblica não. Pessoas estão aprendendo a Palavra através dos louvores não pela Palavra de Deus.

O que Jesus te ensinou? Qual Evangelho você vive? Não pode ser o Evangelho de Jesus. As pessoas se vitimizam ou se culpam, apenas para as pessoas ao seu redor serem á favor da sua opinião ou sua causa - que abraça cães e gatos mas maltrata o próximo, que abraça causas humanistas mas esquece que Jesus Cristo quebrou paradigmas, dogmas e se entregou para te salvar. Salvar do que? De você mesmo, ingrato.

Há pessoas que apontam o erro do próximo, mas em seu quarto fechado, em seu celular, tem coisa muito pior. Hipócrita! Sepulcro caiado! Pode ser homem por fora mas por dentro, você está morto. Os outros podem não ver, mas jamais esqueça que Deus é onipresente (Is 55.9).

Gente que esqueceu sua identidade, perdeu sua conexão com o alto e se conecta com o pior desta terra. Ei, meu irmão, você é cidadão do céu! Não há nada aqui há para você. Conheço pessoas, parentes e amigos, que um dia frequentaram a Igreja do Senhor, mas o foco que tinham caiu do céu para a terra, olharam para o homem (como se fossem diferentes disso) e começaram a justificar seus "achismos" porque viram líderes e ministros fazer coisas humanas - ei, amado, lembre de uma coisa: eles estão no lugar certo, dentro da Igreja. E você? Onde está neste momento? Nos braços de quem está sua alma? Deixou o lugar secreto e agora perde tempo em suas vaidades que levam ao vazio, que sente mas não confessa, por correr o risco de estar errado? Perdeu o 1º amor e aceitou que nada pode fazer? Que bom... você não pode nada mesmo, quem pode é Deus.

É uma pena que leia esse texto como um julgamento, ao invés de ver como uma alerta. Não esqueça que eu erro, e muito. Sou pecador como você, e por saber quem sou, me agarro em Cristo Jesus, o único mediador entre Deus e os homens, capaz de perdoar meus pecados. Isto se chama "exortar" uns aos outros (Hb 3.13) - porque o meu desejo é que você, irmão, nunca se perca.

Desculpe, não quis ofender, mas gostaria de saber que tem alguém preocupado comigo e que diz boas palavras. Me preocupo realmente contigo. O exemplo de Jesus eu aprendi: Quem ama, cuida. Vou atrás da ovelha que se perdeu, falo a verdade para que Jesus Cristo seja louvado e você, meu querido, não renegue tamanha Salvação.


Se quiser e precisar, estou aqui, irmão!

Graça, paz e misericórdia do Senhor!

Jesus, a esperança eterna - I Cor 16.22

Temos esta esperança eterna: Que Jesus Cristo é o nosso Senhor, único e suficiente Salvador da nossa vida, e buscará Sua Igreja para morar eternamente com Ele. Que convite maravilhoso! Ainda mais se olharmos para o estado de coisas que deixamos e permitimos aqui na terra. Isso nós merecemos, o que não merecemos, o Senhor Jesus nos promete.

Limitar nossa expectativa no que Deus pode fazer agora, é perder de vista o que Deus pode fazer eternamente. Ser feliz é ter essa esperança, não em nós mesmos, mas nEle, o Filho do Deus vivo.

A promessa de Jesus é de novos céus e nova terra, e essa, funcionando como nos dias do jardim do Éden. Como desejo que as coisas sejam reestabelecidas, cada uma em seu devido lugar - mas isto será apenas quando Jesus voltar. Revelado Cristo, seremos revelados junto com Ele, e seremos como Jesus é. Pois a criação - a terra toda, os animais, as plantas, tudo - anseia pelo dia da manifestação ("apocalipse") visível da Glória de Deus. Ser semelhantes a Cristo será apenas quando esta era acabar, esta era decaída, fora da presença de Deus, onde o príncipe deste mundo impera, influencia pessoas e circunstâncias, para tentar de todas as formas, nos afastar dos propósitos de Deus. Se conseguirmos compreender e do que se trata o nosso futuro, começaremos a nos purificar agora. 

E então, viveremos a plenitude em sermos parte do corpo de Cristo (Ap 22.17), como Igreja, cujo papel estará plenamente identificado com o papel de "Noiva" do cordeiro, em unidade através do Espírito Santo de Deus, gerando em nós aquele clamor que não cansamos de dizer: "Maranata" (em aramaico), ou melhor, "Vem Senhor Jesus" (I Cor 16.22b).

Que a esperança encha nosso coração diariamente!


Graça e paz!

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Autoridade - Sl 66.7

Estar em posição de autoridade exige algo que nós temos que lutar muito para alcançar: santidade. Deus é santo, e é tão profundamente santo, que propõe que sejamos também (Lv 19.2). Nenhuma palavra hebraica semelhante a "autoridade" é usada nas Escrituras Sagradas como exousia. A autoridade de Deus como soberano é ensinada, mas não vem desacompanhada de Seus atributos visíveis, que através da teologia sistemática conhecemos as qualidades do caráter divino, de acordo com a revelação permitida por Deus para que o compreendamos, não mais que isso. É impossível compreender Deus, mas é possível ver Sua autoridade através da história.

Logo, quando aprendemos a estar na posição de autoridade precisamos nos santificar, pois um líder corre o risco de fazer o que não se deve, e também palavras que jamais devem ser pronunciadas. A autoridade nos permite conduzir, ensinar, jamais expor. A santificação vem através da Palavra de Deus, e os sentimentos decorrentes desta transformação permite termos o discernimento de que convivemos com quem ainda não foi transformado. Assumimos atitudes, segundo nosso ponto de vista, que os filhos de Deus esperam que sejamos santificados - só assim poderemos aconselhá-los e teremos sua confiança. Isto influenciará nossa comunhão com estes irmãos, nem descuidados nem frios demais.

Quem se concentra na verdadeira função de autoridade, está numa posição de representar a Deus, nas palavras e ações. Mas apenas àqueles a quem Deus honrou para ter autoridade, fiel à Palavra e em amor às pessoas. Confesso que conheci poucos assim. O homem, ás vezes, quer ser autoridade (poder) sem ter recebido de Deus tal função.

É por isso que estar em situação de autoridade (sim, porque não somos, nós estamos) exige restrição - é necessário santificar-se. Não há outro caminho para tratar situações e pessoas com amor. Outros poderão, você não. Deve obedecer ao Espírito Santo, conforme é dito á você, enquanto autoridade, sacerdote, pastor, líder ministerial, pai, avô, e não ouvir e cumprir o que você, ser humano, quer ou acha correto. Este é o preço que se paga por chegar à ser usado como canal de benção, ou uma autoridade que representa Deus, porque deve ser exemplo para todos, de dentro e de fora da Igreja do Senhor. Na qualidade de membro do corpo, está junto, na mesma missão, sem demonstrar ou assumir ser uma categoria especial. Não existem cristãos de 1ª classe e outros de 2ª classe. Não existe "unção" sobre uns e outros, existe só um ungido, e este, é o Cristo. A autoridade espiritual só existe quando demonstrada através do fruto do Espírito Santo, caso contrário, é apenas uma autoridade humana, sem valor divino, e devidamente reconhecida entre as pessoas, não para Deus.

O Espírito Santo testifica com o nosso espírito quem somos.


Graça e paz!

sábado, 3 de outubro de 2020

Formação espiritual (pte.1)

Aprendi como teólogo, partir das cartas para o Evangelho, para que assim nos tornemos sistemáticos. Mas se estamos fixos às doutrinas e elas não nos levam ao Evangelho, confesso que prefiro mudar as doutrinas. A sistematização nos leva a compreender melhor o Evangelho, mas as doutrinas, fruto desta compreensão, jamais podem substituir o Evangelho do Senhor. 

Vejo Paulo dizendo que, se alguém ler suas cartas e não o levar ao Evangelho, pare de ler suas cartas. E é isso que farei, são 4 passagens bíblicas. Isso quer dizer, falo da formação espiritual que devemos ver no Evangelho de Jesus.

Para início das leituras, deixo claro: Jesus é uma pessoa, não um programa. Modelo de liderança sem ter nada a ver com os mecanismos modernos (motivacional, leadership, autoajuda, palestrante, coaching, por exemplo) que empresas do mundo inteiro usam para quantificar, qualificar e treinar, não discípulos, mas seus "robôs" que parecem seres humanos. Se tiver que puxar o saco, puxam. Se tiver que babar diante do chefe, babam. Se tiver que puxar o tapete, se acotovelar com o amigo, puxam e se acotovelam. Posso dizer tranquilamente isso pois 25 anos da minha vida foram de viagens pelo Brasil, de empresa em empresa, de administração em administração, vendo e ouvindo casos surreais, seres humanos humilhados, corruptos e sem valores, não viviam, apenas existiam para perpetuar em seus empregos. Eu não era convertido ainda, por isso, nem posso descartar minha experiência. Foi Deus quem permitiu.

Esse  mundo corporativo compreende o Jesus histórico, que marca a humanidade em seu nascimento e a partir de sua morte e ressurreição, mas não entende nada da aplicabilidade do Evangelho de Jesus, o quanto é eficaz em suas vidas - e poderia ser, por conseguinte, na vida profissional também. Mas não o são, porque o mundo não trata, nem quer, as pessoas, apenas cuida delas. Para exercer meu ministério, descobri que devo conhecer e amar as pessoas. Hoje, entendo porque passei 25 anos no mundo corporativo.

Ao falarmos de liderança, até o ímpio já descobriu que Jesus é o modelo perfeito e que nos mostra a formação espiritual ideal. Ao falar disso, falaremos mais da vocação e menos de liderança.

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Formação espiritual (pte.2) - Mc 6.30-34

Imagine que está cansado, precisando descansar um pouco. Num domingo, após as 22h, toma banho e deita ao lado de sua esposa. Neste momento de descanso merecido, o telefone toca e alguém precisa muito conversar, orar, desabafar e resolver um problema. Assim, quer sua visita. Seja sincero: Qual é seu primeiro sentimento?

Calma, aconteceu com Jesus. Ele sabe. Jesus foi para o outro lado da margem do rio descansar, assar um peixinho, relaxar, depois de um dia estafante. Mas a multidão vai até Ele, como a situação acima trouxe essa pessoa até você, porque sabe que o mundo nada tem de bom a oferecer, mas você, assim como Jesus, tem refrigério, cura, oração, boas palavras, uma saída. Chamo sua atenção para o olhar de Jesus... é pura compaixão: "São ovelhas sem pastor" (Mt 6.34).

É nesse momento que vejo se Jesus está formado em mim. No momento que estou relaxando, quase dormindo, mas há alguém que necessita, grita, e esse ministério que você alega ter sido chamado, a vocação fala mais alto. Este propósito de Deus em nós faz com que, mesmo com sono, dor, ou prejuízo, nossos olhos "enxerguem" o outro, sentimos compaixão - nos colocamos no lugar de quem sofre - e compreendemos sua realidade. Se teus olhos aprenderam a vida inteira a enxergar padrões e valores ensinados, abram os olhos para tudo o que é bom, honesto, justo, puro, se há virtude e se louva a Deus, e não para valores como preço, beleza, fama, aparecer na mídia, etc. Nossos olhos querem mais, sempre mais.

Jesus olha e enxerga a multidão com compaixão: "Olha essas crianças... os doentes...eu preciso ir até lá!". Jamais olha com raiva ou como perda de tempo. Aliás, como os discípulos viram: "Sujou! Lá vem esses caras esfomeados e interesseiros de novo!".

O olhar fala muito sobre nós. O poeta já dizia que "os olhos são a janela da alma". Assim, devemos aprender a interpretar o que os olhos dizem. Pois os olhos de Jesus são de amor, acolhimento, misericórdia, compaixão, olhar de quem está presente, de abraçar e sorrir. Precisamos ser líderes que tenham os olhos de Cristo. E quando isso acontecer, a riqueza e profundidade do Evangelho chegará às pessoas.

O Evangelho muda o jeito de ver o próximo, inclusive de relacionar-se com ele.

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Formação espiritual (pte.3) - Mt 14.14-21

Mais uma vez, os discípulos estão preocupados com a hora, com a multidão com fome, com seu cansaço. Jesus não para e sempre tem alguém querendo falar com Ele. A multidão faminta, na visão dos discípulos, não vai dar certo: "Mestre, diz amém, chega de sermão, dispensa essas pessoas". Mas Jesus, querendo transformar e ensinar seus discípulos delega: "Deem vocês de comer a essas pessoas".

E pior é que essa é mesmo a nossa lógica: "Se esse povo não for embora, como faremos? Temos pouco dinheiro... Quanto vamos gastar? Não vai dar...".

Somatizamos nosso cansaço, a crise política, desemprego, juros altíssimos, o momento socioeconômico mundial, orçamento, queda nos dízimos e ofertas, etc. Onde estão os olhos de quem foi vocacionado a ministrar a Palavra de Deus?

Trazem o menino, que pode ter algo na cesta. Essa cena me encanta, porque Jesus sabe que há 5 pães e 2 peixes. O encontro dos olhos de Jesus na direção deste menino, que recebe de volta um sorriso, sabendo que é olhado pelo Cristo. É lindo este momento, olhar acolhedor que diz ao menino sem mesmo abrir a boca: "Ei, estou contando com você, hein!?!". Porque o céu será daqueles que se assemelham às crianças. O colo de Jesus é imenso, dá colo como nós não sabemos. Assim, esse menino se sentiu abraçado, acolhido. Há um mistério aqui: os pães e peixes são trazidos à tona, um milagre, e é na oferta que esse menino faz que se multiplica nas mãos de Jesus - é o milagre, que na real, satisfaz quase 5 mil pessoas.

E os discípulos (e hoje em dia, nós!), fazendo conta baseado na lógica humana, que não tinha dinheiro nem padaria aberta. Qual a lógica que você trabalha? E a lógica que lidera? Qual a lógica que vivemos em nossa vocação, como ministro do Evangelho? Qual o pacote de 'management' (gerenciamento) que usamos nas Igrejas para dar certo?

O gerenciamento divino é o gerenciamento do milagre, é oração, encontro de Jesus com o menino. Estou cansado da minha lógica, dos meus números, dos cálculos que me faz mandar a multidão embora porque não sei o que fazer com a fome delas. E vejo Jesus trazer a multidão para um abraço: "Come aqui comigo, meu irmão". Isso acaba com qualquer pesquisa marketeira, igreja com propósitos ou não, querer crescimento a todo custo (inclusive á custa de Deus).

Isso é Graça, reino de Deus aqui, jamais um programa de liderança implantado na casa do Senhor para que cresça. Uma multidão é alimentada porque as mãos de Jesus fizeram o milagre com as coisas que um menino trouxe. Essa é a lógica do reino de Deus, e para o homem ilógico (avesso da lógica). Não é programável, mas pode ser vivenciado, e como experiência com o Espírito Santo, num gesto de ação de Graças, presenciamos o milagre e devemos viver graças a isso, graças a Deus.

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Formação espiritual (pte.4) - Mc 8.13-21

Os discípulos esqueceram de levar o pão para o barco após a multiplicação no monte. Jesus os indagou: "Vocês não entendem?". Tem olhos mas não veem, tem ouvidos mas não ouvem. Jesus fala comigo e com você, apesar de já termos visto e/ou vivido experiências sobrenaturais, milagres de Cristo, assim como com os discípulos, mas assim como eles, também muitas vezes não entendemos , duvidamos, e discutimos ainda sobre o pão esquecido, olhando para o dinheiro e a padaria - possiblidades humanas. O menino entendeu, os discípulos, não. E você? Ao repartir o pão e o peixe, quantos cestos sobraram? E ainda não entenderam? Honestamente, ás vezes acho melhor que líderes de ministérios não entendam, pois quão arrogantes mais seriam? Se pudéssemos supor que controlamos a multiplicação, então... Cheios de poder. Os evangelhos mostram que Jesus tem dificuldade em fazer os discípulos compreenderem a lógica do reino, porque o reino não tem a nossa lógica. Lógica, no reino de Deus, só vivida  enquanto Graça, e os enfermos, livres, crianças, pobres, os que tem fé, nos ensinam essa Graça - estes ensinamentos não existem em Seminários, Teologia, hebraico. Tal ensinamento vem do mistério da Graça, surpreende pois vem de pessoas simples, de fé, daquelas Igrejas simples, essas pérolas do reino, da boca dos pequeninos, já que deixa claro que o céu é destes, num princípio de liderança do reino de Deus: torne-se um pequenino. Imagino o quão difícil é nos tornar um destes (Mt 11.25).

Louvo a Deus pois o Evangelho chega até a mim como Graça. Não tenho que dominar, sujeitar, porque se tiver que fazer isso, fatalmente me suicidarei espiritualmente. E o Evangelho brota onde jamais pensei que brotaria. Enquanto líderes espirituais e ministeriais, somos chamados a nos tornar os pequeninos.

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Formação espiritual (pte.5) - Jo 21.15-17

Pedro pensa em abandonar tudo, então Jesus o chama para uma conversa: "Nós andamos juntos, Pedro. Você não entendeu, vivemos juntos cada situação, não? Você não queria que eu morresse, etc. Mas eu queria saber, Pedro: Tu me amas?". Pedro diz claramente: "Senhor, sempre quis fugir dessa pergunta...". Sim, porque essa pergunta é profunda demais. A resposta que queremos dar, não é a que sentimos e nem a que cumprimos, apenas desejamos. E traz em si uma realidade que eu não aguento - sim, a pergunta é para todos nós. Eu queria mostrar o que fiz, meus planos, estratégias, as pessoas e Igrejas que ajudei, almas que ganhei, quanto dinheiro dei, quantas roupas usadas doei... Não podemos falar, Senhor, sobre coisas, ações ou serviços? Crescimento da Igreja? Ou investimento missionário? Vale do Jequitinhonha? Ou ajuda ao sertão nordestino? Ou Seminário e minha média alta?

E assim como a Pedro, Jesus nos diz: "Não. Quero falar sobre você. Quero perguntar se você me ama. Eu quero saber se a  sua agenda é mais que um programa, se tua vida condiz com as coisas que diz, com o que ganha, com o que conquista, e até viagens. Se tua vida é mais que um show, luzes, som alto, politicagem, ou se o teu ministério é apenas isso (planos, estratégias, exclusão, atas de reunião, salário, carteirada, relatórios, só grandes coisas). Eu quero saber se há outras coisas, porque essas coisas que Eu disse, só te esconde, é só casca!".

Pedro diz também sobre as lutas ao qual Jesus teve que caminhar com ele. Assim, sabe tanto de Pedro, quanto de mim e você, acredite.

E Jesus, de novo, indaga: "Eu quero falar de nós dois: Você me ama, Pedro?". É a resposta que dá a verdadeira sustentação ao nosso ministério (chamado, vocação).

Sem isso, o ministério cansa, e se torna administrativo (relatórios, números, etc). O sentido profundo em amarmos a Deus é sobre todas as coisas e de todo coração. Nos exemplos administrativos, isso não acontece. E a resposta, todos sabemos: "Tu sabes todas as coisas, Tu sabes que eu te amo".

Essa deve ser nossa resposta, para que as lágrimas corram em seguida e os suspiros vem, e saibamos, como Pedro, que descobriu: "Eu consegui dizer!".

Que possamos ouvir, como Pedro ouviu. Jesus diz: "Agora vai, Pedro. Agora você está pronto para apascentar as minhas ovelhas".


Graça e paz!

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Unção - Tg 5.13-20

Só posso discutir a palavra "unção" dentro do contexto bíblico. Ou seja, derramar azeite sobre alguém para consagrá-lo, santificá-lo, para o qual Deus o chamou (I Rs 19.16; I Sm 16.13; Ex 40.9). A unção buscada sempre deve se a que Deus ordena através do Espírito Santo (I Jo 2.27). Assim, o final desta história é, e sempre será, Cristo. Jesus é o único ungido, não há outro ungido. Cristo, que é um título e significa "ungido" (grego) e "messias" (hebraico) para o qual é o Filho do Deus vivo, que se entregou para morrer na Cruz, derramar seu sangue, como o cordeiro pascal, e nos dar a Salvação. Não há outro "ungido", e sim, àqueles que estão debaixo da unção do Cristo - mas não somos Cristo, somos co-herdeiros com Cristo, se o aceitarmos como único Senhor e Salvador da nossa vida. 

Vira e mexe, um crente pede para ungir aliança, carro, casa, chaves, xbox, computador. E este óleo, muitas vezes é comprado na Conde de Sarzedas/SP (local de objetos religiosos duvidosos em sua origem), sem qualquer tratamento e origem, oração, onde apenas o querer do crente opera. Vamos combater isso de modo bem simples: Ensino bíblico. 

Já se perguntaram porquê algumas Igrejas não tem estudo bíblico? Onde lemos no NT, Jesus orientando os discípulos a ungirem objetos? Ou os apóstolos distribuindo óleo ungido? É assustador as distorções teológicas em função do interesse pós-moderno em obter e centralizar poder. Não concordo com os que veem o óleo como remédio. Os abusos cometidos (catolicismo e neopentecostais) contrariam a adoção de práticas supersticiosas, que nada tem de divino, e sim, de origem humana para corromper a fé dos que creem. O texto acima (Tg 5) repreende líderes da Igreja do Senhor, cuja a fé é pouca para curar, não ensinam o povo de Deus a orar (difícil vermos "campanha de oração"). Ao ler "orar sobre ele" (v.14), vejo alguém acamado, fraco, pois quem ora, ora ao redor e "sobre" o doente. Em seguida "o Senhor o levantará" (v.15), primeiro por estar deitado enfermo, segundo, pelos pastores orarem justamente porque esta pessoa está impedida de sair e ter comunhão com os irmãos.

E finalmente, a fabricação deste "óleo ungido" extrapolou, se transformou num grande negócio onde usam o nome de Deus para dar credibilidade a esta negociata com um único objetivo: untar quem necessita de bênçãos espirituais. Além disso, observei ao longo de 15 anos, líderes e ministros de Deus alardearem a chegada de um avivamento, que só será avivamento se originar no Espírito Santo de Deus! Não se inicia avivamento nos homens primeiro... Além dos conceitos pregados pelos reformadores forem resgatados e proclamados - o mais rápido possível.

Afinal: Que avivamento é esse que dizem estar acontecendo, mas que não produz frutos de arrependimento? Que avivamento é esse que não muda caráter nem comportamento? Que avivamento é esse que não tem como base as Escrituras Sagradas?

Sério que você já pediu e foi atendido em ungir seu carro ou casa?


Graça e paz!

Que Deus tenha misericórdia de nós.