sábado, 26 de junho de 2021

Tudo é espiritual, até dinheiro (pte.1) - I Tm 6.6-21

Nestes tempos de pandemia muitas coisas tem aflorado. Alguns dizem que perdemos o poder de compra, outros, que a economia prevê aumento do PIB. O paradoxo é que tudo está caro ao passo que o dólar cai e o PIB sobe. E porquê tudo está mais caro, justamente no tempo de pandemia, onde deveria estar acessível principalmente aos mais necessitados. Porém, quem tem poder aquisitivo fez seu pé-de-meia, ou seja, dispostos a pagar, fizeram estoque para que sua base de segurança fosse maior. Faltou no mercado produtos básicos, o que encarece para os mais pobres. 

Como o arroz, alimento básico do brasileiro, sobe? Quem organiza os preços? O mercado. Os insumos hospitalares e alimentos sobem de preço, inclusive a vacina, que dá muito lucro em detrimento da vidaEm tempos de calamidade global (pandemia) todos deveriam fazer um esforço para garantir a manutenção da vida - mas é feito o contrário. Os ricos (1%), pela falta de alimentos ficam mais ricos (7%, em média), e os pobres, mais pobres (-11%). Todos querem o dinheiro, poder, enriquecer, e é desta forma que, quanto pior, melhor.

Esta é a lógica de mamon, ou o mundo do mercado. Essa lógica de mercado que tem por deus a mamon, é cruel pois impõe riqueza e poder em favor do sofrimento e pobreza. E os que adoram mamon querem, a qualquer custo, manter o status quo, a estrutura vigente que conspira contra a vida humana. A pandemia aflorou essa visão.

Dinheiro é espiritual.

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Tudo é espiritual, até dinheiro (pte.2) - I Tm 6.6-21

O Novo Testamento fala de fé em 200 versos, fala de salvação em 200  versos, mas ao falar de dinheiro há mais de 2 (dois) mil versos, que só perde para o tema reino de Deus. Isso me faz ter certeza que dinheiro é espiritual.

Hoje compreendo melhor o que é denunciar, que na verdade, é a essência do Evangelho de Jesus. Precisamos denunciar a injustiça social, a pobreza, o mercado, o dinheiro, a fome - senão, seremos seus colaboradores. Deus está interessado em nós, em nossa vida. Talvez, para quem é de carne e osso, sem fé, Deus não quer dizer muito - aliás, como o mundo pensa. Já no mundo "espiritual", pode até ser, mas não se preocupa com inflação, o preço do combustível ou o preço do pão. Mas para nós, seres vivos, humanos, que ainda não temos o corpo glorificado, necessitamos de tudo isso para nossa sobrevivência - agora, se Deus, que é Espírito, não tem nada a nos dizer sobre a nossa realidade (humana) ou aquilo que vivemos dia a dia, a nossa história (passado e futuro), então, Deus não faz nenhum sentido, aqui e agora, e fará sentido somente para o céu, depois da morte e no mundo espiritual, porque em vida, não tem nada a acrescentar. Infelizmente, este é o pensamento de muitos: que Deus é só para depois, o porvir, um mundo que não vivemos. Se pensarmos assim, o Evangelho não diz nada mesmo, é só para o outro mundo mesmo, porque aqui e agora, tenho contas a vencer no final do mês.

Isso ajuda a compreender porque o dinheiro é espiritual, porque precisamos dele, e é essa necessidade que faz com que muitos se tornem seus escravos.

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Tudo é espiritual, até dinheiro (pte.3) - I Tm 6.6-21

Vivemos num mundo estruturado, sustentado pela lógica de mamon, adorado no seu templo chamado "mercado". É por isso que muitas vezes cito neste Blog que devemos fugir da "Igreja-mercado". E como viver aqui, se somos discípulos de Jesus? Como viver neste mundo? Paulo nos dá caminhos. Alguém consegue ler a Bíblia e ver boas palavras, mas somente à luz de Cristo, com os olhos espirituais abertos, conseguiremos ler as entrelinhas. Olhar e ver além do que se vê.

No Evangelho, vemos que só há um Senhor, Jesus, o Cristo, e que não podemos seguir a 2 (dois) senhores. Mamon não é deus, ele é o dinheiro elevado à categoria de Deus, porque nem todo dinheiro é mamon, quero deixar claro. O homem pode transformar, na sua vida, o dinheiro em deus, rivalizando com nosso Pai. Mas Deus nunca deixou de ser Deus. Para os que creem e que não creem: dinheiro não é papel, ele "fala" conosco - é a raiz de todos os males! O papel é neutro, o valor do dinheiro e a sensação de poder, de satisfação e de superioridade que ele proporciona não - é maligno, diabólico. O que se intensificou nos dias atuais com o dinheiro transitando em forma de Pix, virtual, bitcoins, mercado pago, onde você não vê seu valor, e só compra, compra e compra.

Um copo de plástico no chão, por exemplo, não fala comigo - eu pego, jogo fora, e pronto. Mas um dinheiro jogado no chão, fala com você, te chama. Se eu passar e vê-lo, ele vai falar com você, chamar sua atenção. Provavelmente, alguém pisará nele, olhará para um lado e para o outro, vai agachar e pegar para si - o ditado não diz que achado não é roubado? Não para um cristão...

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Tudo é espiritual, até dinheiro (pte.4) - I Tm 6.6-21

Paulo nos alerta para a sensação que o dinheiro dá, de poder, o que na verdade, neste mundo com a lógica de mamon, dá poder mesmo. Muda o caráter, muda a visão. Com o dinheiro você compra, inclusive os homens/mulheres que vendem tanto a sua alma quanto seu corpo, e até o espírito. A grande Babilônia caiu - caiu o mercado, as almas e os corpos que eram comercializados - o dinheiro nunca é neutro. Ele dá poder, seduz, cativa e faz exigências. Jesus deixou claro que não poderemos servir a Deus e ao dinheiro, até porque, o dinheiro exige ser servido, quer e faz escravos, e ao cairmos em seu encanto, passaremos a viver de acordo com seus imperativos, porque ele é vivo, existe, e pode-se apaixonar loucamente por ele - concorda que jamais nos apaixonaríamos por um copo de plástico no chão? Tem gente que ama o dinheiro e o que ele proporciona nesta lógica babilônica, e se acha "gente de bem". Sempre digo que paixão é diferente de amor, pois quem se apaixona pelo dinheiro serve o deus errado. Tire da sua cabeça que o dinheiro não tem poder, que ele é neutro, porque ele é potente, a ponto de rivalizar com o nosso Deus. Dinheiro, quando é dinheiro, tudo bem, mas quando toma o lugar de Deus, é mamon.

Paulo nos diz também para ¹não estruturarmos nossa vida na lógica de mamon, na lógica do dinheiro. No texto, ao lermos "Mas é grande ganho a piedade com contentamento" (v.6), assim como Jesus, devemos nos contentar com o que temos. Tem o que vestir? Tem o que comer? Esteja satisfeito. Se tiver o suficiente, e fora da lógica de consumo deste mundo babilônico, sua vida será significativa, talvez não em abundância do que você quer, mas o que necessitamos e seus bens, serão suficientes. A vida não se resume naquilo que possui (bens).

A lógica do mercado de mamon consiste em ²consumir e possuir em abundância, o que quer dizer acúmulo de bens e sua substituição. Se possui um celular Nokia 6600, quanto ele vale em relação ao Motorola G9? O iPhone 5 nada vale perto do iPhone 12! Assim como seus sapatos, calças, blusas que, sem limites, vão se acumulando no compasso da moda que diz "o que" usar, e te faz sentir sempre insatisfeito porque há algo sempre novo, da moda, com forte marketing dizendo que se você não tiver este novo lançamento, você está fora, não pertencerá mais à sua tribo, não será aceito e perderá uma oportunidade - eis a lógica de mercado e consumo de mamon! Que sua vida não dependa das coisas que o dinheiro pode comprar. Tem o que vestir? Tem o que comer? Que bom.

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Tudo é espiritual, até dinheiro (pte.5) - I Tm 6.6-21

Aliás, esta relação da piedade (compaixão) com a alegria e satisfação, nos eleva à vida correta com Deus, contrária ao mundo, regido pela lógica do mercado e dinheiro. E o mercado sabe que Deus nos afasta destas coisas, a ponto de uma campanha de cartão de crédito criar o slogan: "Tem coisas que não tem preço. Para todas as outras, existe o cartão de crédito". Deixa claro que este mundo acredita que há coisas, sim, que não conseguiremos comprar - não edificaremos nossa vida sobre estas coisas. Ok. Mas o que estiver á venda, use o cartão de crédito deles. O dinheiro é espiritual, como sempre disse. Mas é um deus cruel. 

Digam ao dinheiro que ele é só dinheiro - coloquem-no em seu devido lugar. Costumo dizer em casa que eu uso o dinheiro, o dinheiro não me usa. As pessoas querem ficar ricas, acumular bens e coisas (v.9,10) e assim, permitem que ele se torne mamon. Quem é o Senhor da sua vida? Deveria ser Jesus, não mamon. Jesus é bendito, Senhor dos senhores, Rei dos reis, imortal, habita em luz inacessível. Você, que é servo de Cristo já não é mais escravo porque optou em servir, e o faz por amor e Graça, se fosse escravo serviria contra sua vontade, ficaria, mas se pudesse, fugiria. Assim também é em relação ao dinheiro. Estruture sua vida sem confiar no dinheiro (v.17), e não será arrogante, presunçoso, pois os que confiam em mamon, e têm dinheiro, só tem dinheiro, nada mais. Quando este acabar, não sobrará nada. Nossa esperança está em Deus. Veja  a mobilidade social: pobres continuam pobres. E Jesus, quando disse que aos pobres sempre teríamos ao nosso lado, não é por que Ele determinou isso, mas devido ao nosso duro coração. E afinal, quem quer ser pobre? Assim, o dinheiro ganha força. Como dissemos, no início, muitos ganham dinheiro com esta pandemia. Haviam ricos, que nem se preocupavam com o final do mês, mas que hoje fecharam seus estabelecimentos. E os que pouco tem, perguntem-se: Onde está a sua esperança? Pior que tudo isso, são as pessoas que tinham dinheiro antes da pandemia, e estão com medo de perder tudo e ficarem pobres. Triste. Pobre é doença? Não, mas para estes, que confiam em mamon e sua lógica de mercado, é tudo. Idolatram o dinheiro, muitas vezes acima da vida, do casamento e dos filhos. E ainda há os que mantiveram seus empregos, continuaram a dar roupas usadas e rasgadas para se sentirem "de bem" com Deus, estocaram caixas de álcool-gel até faltar no mercado (e fazem isso com alimentos e outras coisas). Estes, também colocam o dinheiro como ídolo e deus. A sua vida está estruturada fora da lógica de mamon?

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Tudo é espiritual, até dinheiro (pte.6) - I Tm 6.6-21

Ao colocarmos o dinheiro em seu lugar, desfrutamos em tempos de vacas gordas, mas sabemos repartir em tempos de vacas magras. Desfrutar é legítimo, comprar algo para o seu filho, com o fruto do suor do seu rosto, é bênção de Deus, e dEle é a boa dádiva, nos traz satisfação e sentimos gratidão. Porém, que os ricos pratiquem o bem e repartam (v.8), pois muitos não tem o que comer ou o que vestir, e na verdade, deveriam ser sustentados justamente por quem tem maior poder aquisitivo, quem pode "doar", mas que sem o Espírito Santo, jamais conseguirão. Portanto, seja generoso.

A Bíblia fala sobre abundância e escassez, e hoje em dia, as pessoas não percebem que os tempos de vacas magras e gordas, exatamente como no AT, continuam. Há condomínios fechados mas há favelas e cortiços. Se somos seguidores de Jesus deveríamos doar, partilhar. Não escondo que, o dinheiro que devemos devolver a Deus, como dádiva pelo que nos sustenta, em tempos de pandemia, deve ser doado para ajudar a suportar os que mais necessitam, porque a Igreja alcança alguns, não todos. Não precisa passar pelo caixa da Igreja para só então chegar aos necessitados - e que isso não te impeça de fazer sua oferta.

Já presenciou uma guerra? Então, não sabe o que é. É uma convicção: Se não perdeu poder aquisitivo durante a pandemia, não viveu a pandemia. Não chorou com os que choraram, nem meteu a mão no bolso para doar, não sabe que 1 pacote de arroz (5kg) custa R$ 25,00, portanto, não passou pela pandemia. Só existo porque o outro existe, sozinho, não tenho valor. Deus me livre da maldição de ouvir do nosso Senhor: "Onde está o teu irmão?" (Gn 4.9)

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Tudo é espiritual, até dinheiro (pte.7) - I Tm 6.6-21

Como o Itaú doou 1 bilhão de reais para combater a pandemia? Esse dinheiro estava guardado, sendo usado para tantas outras coisas, enquanto o pobre passava fome? Sim, porque a fome não é oriunda da pandemia. Onde estava este dinheiro? Parado na conta? No mercado financeiro? No mercado? Só doou devido à pandemia, e se não fosse assim, não doariam. E quanto milhões estão parados, de tantas empresas? Quanto dinheiro existe ainda, destinado às indústrias bélicas, da guerra, dos medicamentos, que poderiam combater a fome no mundo? Pior, e no seu bolso? Quanto tem em sua posse agora que ainda não saiu e só por isso, está sobrando? Alguém foi ao mercado fazer compras no supermercado, e encheu outro carrinho, igual ao seu, com as mesmos produtos e os entregou a alguma família onde o pai está desempregado devido à pandemia, ou onde alguém morreu de COVID-19 e a família sucumbe? 

Desculpe te constranger, mas devemos nos perguntar: Somos mesmo discípulos de Jesus? Não é possível num mundo como vivemos hoje, consumir e administrar do mesmo jeito nossa economia e ainda dizer que somos cristãos. Jesus jamais faria isso. O dinheiro é algo que pode se tornar um ídolo e promover a destruição e morte, do único ser que pode nos levar à presença de Deus: o próximo. O único Senhor ao qual servimos, é Cristo. E o único meio de servir a Cristo é abençoar o próximo. O contrário também é verdadeiro.

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Tudo é espiritual, até dinheiro (pte.8) - I Tm 6.6-21

Nossa vida não depende das coisas que o dinheiro pode comprar. Nosso contentamento em Deus é ter uma vida piedosa, o que vivemos com dinheiro ou em dinheiro, ou este sorriso que temos só o Espírito Santo pode dar. 

Desfrutar das coisas que o dinheiro compra, é legítimo, mas é imperativo doar e repartir, porque a riqueza de Deus é coletiva, jamais seria apenas alguns. Riqueza emprestada e não distribuída é própria de mamon, e é diabólica, traz maldição. Quando a Bíblia diz para cuidarmos primeiro do reino de Deus e sua justiça, é porque tudo será acrescentado, ou seja, Deus não irá abençoar você primeiro apenas porque frequenta uma Igreja, ou porque é evangélico, ou porque você é cabeça e não cauda, ou porque dizima o que ganha, só porque Deus alimenta passarinhos e flores não quer dizer que a lei que rege o mundo da escassez e abundância são da ordem da "magia" - tira do ímpio para dar ao justo - isto é feitiçaria! Sério que acredita mesmo nisso? Deus fazendo um rico e outro pobre são de ordem da justiça e ética, enquanto boas obras nada tem a ver com ser bondoso ou bonzinho porque são atos de justiça.

Se queremos ser as cartas vivas precisamos abraçar as verdades do Evangelho e não aquilo que você considera "justo". Peço que preste atenção na Bíblia, tome cuidado para o o dinheiro não se torne seu deus, seu mamon. Espero que coloque o dinheiro em seu devido lugar e estruture sua vida sobre algo que o dinheiro não pode comprar. Gostaria que desfrutasse de tudo o que Deus te deu, porém, não esqueça de repartir, seja solidário, abençoe as pessoas, e faça tudo em nome de Jesus.


Que Deus nos abençoe, amém!

domingo, 20 de junho de 2021

Fruto - Gl 5.22,23

Porque usa-se "fruto", unidade, ao invés de "frutos" do Espírito, já que são 9 (nove) ao todo? Segundo Eugene Peterson, no qual gosto muito, é que este fruto do Espírito vem (porque não é nosso, vem de Deus) dividido em traços do caráter encontrados na natureza de Cristo, e por ser de Cristo, sem Ele nada poderemos fazer (Jo 15.4,5). Afinal, qual tem sido o propósito da Lei? Amar a Deus e ao próximo.

A vida estava em Jesus, e se estivermos nEle, enxertados (https://marcioneves67.blogspot.com/2021/06/enxertados-na-oliveira-pte1-rm-11.html) Deus fará surgir em nós afeição pelos outros, teremos uma vida exuberante, serenidade, comemorar o dom da vida, compaixão pelo próximo, e convicção de há realmente algo sagrado em toda a criação de Deus, nas pessoas, acima de tudo. Uma vez recebido esse "fruto" do Espírito saberemos direcionar nossas habilidades.

No grego, original, está como "fruto", singular, que aponta para uma unidade. Mesmo sendo 9 (nove) qualidades, habilidades, nós cristãos, devemos ter essa unidade - no Espírito Santo. Sempre cito nas ministrações ou Instagram, a ideia de um cacho de uvas. Apesar de ser 1 (hum) cacho de uvas, possui várias uvas. Ao comprar um cacho de uvas não pedimos uma unidade de uva, mas um cacho de uvas. O "fruto" do Espírito, no caso, é um cacho de uvas composto por várias uvas - amor, paz, alegria, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão e domínio próprio. 

A ideia de cacho de uvas como unidade também nos leva a pensar que, se uma dessas uvas estiver podre, ruim, contaminará todas as outras. Essa era a ideia de Paulo, unidade, unidas, ativas em nossas vidas como um fruto vindo de Deus.

Algo importante também é a diferença entre "fruto" do Espírito e "dom". O "dom" é distribuído por Deus onde há diversificação aos que servem ao reino de Deus. Por exemplo, dom de mestre e evangelismo. Já o fruto do Espírito é necessário a cada um que crê, pois são qualidades que o fazem rejeitar as obras da carne (Gl 5.19-21).

A vida do cristão deve ser resultado da ação do Espírito Santo, ou seja, a ação desse fruto único deve fazer com que amadureça espiritualmente, seja saudável e reconhecido pelos que conhecem este cristão. Como sorver um cacho de uvas deliciosas, doces, que alimentam, assim deve ser a companhia, o conselho, a admoestação, o discipulado deste cristão que possui o fruto do Espírito Santo.

Não pense que é fácil compreender e aplicar o fruto do Espírito em nós. Tive dificuldades no início da minha peregrinação espiritual, mas busquei o Espírito Santo de Deus, pedi discernimento e fé, para alcançar o que Deus queria de mim. É o meu conselho para você, amado.


Graça e paz, da parte do nosso Senhor Jesus Cristo!

quarta-feira, 16 de junho de 2021

Essência de Deus - Tg 1.17

Confundimos Deus com o homem, penso que na verdade, é até para tentarmos compreender melhor a Deus e colocamos o Pai num quadradinho chamado 'homem'. Só que nossa natureza é limitada, tanto ao tempo quanto ao espaço, e para tentar, apenas tentar compreender a magnitude do Pai, mais uma vez, diminuímos a grandeza divina de Deus, mas claro, sempre sem sucesso.

O livro de Jó denuncia tantas questões humanas jamais respondidas. Na verdade, quando Deus fala com Jó sobre tantos questionamentos, a coisa se inverte e quem fica sem resposta, é o homem - no caso, Jó. Ainda que tente, não há capacidade humana para compreender a divindade. Por isso, aprenda: não tente medir sua justiça sem amor, não existe.

Digo isso porque sempre limitamos Deus se o compararmos ao homem, porque os parâmetros que temos, uma pessoa é boa ou não pelo faz pelos outros, se alguém é santo baseado nos pecados cometidos, certo? Medimos o amor dos outros pela nossa régua, ou seja, pelo amor que demonstra. E se não demonstra? Deus não se mede por medidas humanas. Os atributos de Deus vão além do que a nossa vã filosofia alcança, além do nosso discernimento. Amor, santidade, justiça, por exemplo, são atributos para nós, não para Deus - porque Deus é em essência amor, Ele é a essência da justiça, e Ele é santo, em Sua essência. Não é algo que Deus adquiriu, como nós precisamos adquirir.

É deste pensamento comparativo que muita gente, inclusive cristã, se pergunta: "Porque Deus permite tanta maldade neste mundo?". Sem compreender o antes, o durante e o depois da criação, sem ver o universo, compreender a cosmovisão, e sem visão escatológica, Deus fica com a conta para ser paga - e pense bem: Quem praticou o mal? Quem se corrompeu? Quem estuprou? Em quem falta amor?

Estas eram questões profundas para Jó, que não entendia a justiça de Deus, e por isso, o questionou. Você pode questionar se Deus te ama mesmo, uma vez que permite passar por tantas lutas. Poder, você pode, mas não deve. Medir a Deus com a nossa medida sempre restará dúvidas. Porém, ao entender a profundidade do Seu amor, a nossa fé responderá que Ele nos ama, simplesmente, porque Deus é amor, não porque somos amáveis. Não há sombra de variação neste amor, porque a essência de Deus é amor.


Que a Graça e amor de Deus sejam preciosos para nós o tempo todo.

quinta-feira, 10 de junho de 2021

Enxertados na oliveira (pte.1) - Rm 11

Aprendi a dizer que o livro de Romanos é um tratado teológico, o Evangelho transcrito, pois há ensinamentos fundamentais para a fé cristã. Dizer que sou apaixonado pelo livro de Romanos e que foi a matéria mais importante do Seminário Teológico que fiz, é redundância. Quero focar no capítulo 11 de Romanos, onde Paulo explica o contexto da Salvação para a humanidade. Na verdade, Paulo inicia em Rm 9 e finaliza numa metáfora iluminada, utilizada também no livro de João, para falar de nossa relação com Deus-Pai e Deus-Filho neste processo da Salvação - uma vez que não merecíamos, mas através da maravilhosa Graça fomos levados à Cristo para sermos enxertados. Um dia, quem sabe, vira um livro, com direito à suporte de Jo 15. Há algumas tipologias que espero, levem os leitores deste Blog a buscar a leitura de Romanos 11, talvez com um olhar mais profundo.

Paulo explica que fazíamos parte de um "zambujeiro", um tipo de oliveira brava que cresce sem controle e o seu fruto é ruim, de nada se aproveita. Esse "zambujeiro" é o tipo comum, mundano, do qual quando estamos nele e jamais produzimos frutos bons, úteis, nem para qualquer finalidade (a não como peça decorativa) que seja proveitoso para o reino de Deus. Ambas oliveiras, a brava e a boa, parecem iguais, mas a diferença vem com o tempo, pois a oliveira-brava não cresce tanto (maturidade cristã), há diferença nos frutos (ações), e as folhagens não são agradáveis (cristãos).

Assim, temos a oliveira verdadeira - ou o que aprendi chamar de "Jesuszeiro" - a boa oliveira que produz o excelente fruto da oliva, proveitoso e precioso. Entenda que, é o ramo plantado na boa oliveira que produz fruto útil, não o ramo em si que tem algum valor. É dessa forma que, quando estamos em Cristo, damos bons frutos (Jo 15.5), glorificamos o agricultor porque somos úteis para o reino de Deus. Apenas para lembrar: só conseguiremos isso ao sairmos da oliveira brava e sermos enxertados na excelente oliveira chamada "Jesuszeiro", e essa obra é de Deus, do agricultor que cultiva a boa oliveira e faz com que dê bons frutos, cuida e poda os ramos, pois os que são bons frutos continuarão a dar excelentes frutos e os ramos que não estão dando bons frutos, retira-os e lança-os no fogo. Interessante é observar que Deus cultiva a boa oliveira e faz com que nelas, seja dados bons frutos, e os restaura para que continuem a dar melhores frutos. E digo, sem medo de errar: cuidado com a soberba, mas exerça a misericórdia com os ramos que foram descartados, porque assim também poderá proceder conosco. O que pode impedir de reenxertá-los novamente?

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Enxertados na oliveira (pte.2) - Rm 11

Os ramos naturais de uma oliveira (judeus) são os únicos que desfrutam da seiva desta oliveira. Porém, ao permitir o enxerto, retira alguns ramos cortados e enxertar os ramos retirados do "zambujeiro". A rejeição de Israel ao Messias, que eram os ramos naturais pelos quais Cristo veio, serão substituídos, permitindo que nós, antes ramos do "zambujeiro" sejamos enxertados no "Jesuszeiro", na oliveira. Apenas para deixar claro, o termo "enxertados" (Rm 11.19) é o processo que o agricultor retira um ramo da oliveira-brava (zambujeiro) e insere este ramo na boa oliveira. 

É neste novo local, após o enxerto, que o ramo passa a dar bons frutos, e não mais os antigos frutos ruins do zambujeiro, graças à seiva que é retirada da raiz que gera neste novo ramo enxertado a capacidade de produzir os bons frutos que tanto o agricultor deseja. Deus (agricultor) nos tirou do mundo (zambujeiro) e nos inseriu em Sua família a partir de Cristo (a boa oliveira) e agora, não mais produzimos frutos oriundos da raiz do mundo, mas frutos do que recebemos de Jesus.

Interessante é que, neste processo de enxerto, o agricultor abre uma ferida na oliveira para que os ramos do zambujeiro sejam enxertados naquela ferida. Somos nós inseridos no contexto de Jesus Cristo que morreu na Cruz para nos salvar. A morte na Cruz, a vida plena em nós, e hoje somos a família de Deus, enxertados através da morte na Cruz.

O enxerto é algo feito pela vontade e ação de Deus, jamais do ramo, que já estavam lá, mas coube ao agricultor fazer o processo de enxerto. Isso é Graça, sem qualquer mérito ou merecimento nosso. Se alguns ramos (Israel) foram cortados foi para que tenhamos vida na boa oliveira (Jesus) e produzamos bons frutos. A Glória é dEle! Não somos melhores que os ramos cortados, apenas participantes convidados pela Graça que rege a oliveira. 

Porque dEle e por Ele, e para Ele são todas as coisas - Glória a Ele, Jesus, eternamente, amém!