sexta-feira, 28 de maio de 2021

A Graça (pte.1) - Ef 2.8

A Graça é o próprio Cristo. Só alcançada pela fé em Jesus, e poucos vivem imersos nesta Graça de Deus - sim, porque não depende de nós, vem de Deus. É dessa forma que há diferença entre falar e explicar, e viver a Graça. 

Deus se revelou no coração do povo judeu, a menina dos olhos de Deus, o Messias, mas estes o rejeitaram como Filho de Deus. É dessa forma que a Salvação do homem está á disposição de todos (os que creem), mas a nação escolhida, está fora. Paulo diz que há um remanescente escolhido pela Graça (Rm 11.1-6) - e se é pela Graça não pode ser pelas obras, porque se assim fosse, não seria "Graça" (favor imerecido). Os comentários de Paulo não tem lógica, ferem a tradição e doutrina protestantes - e a Graça não permite que eu raciocine como muitos.

Deus disse ao profeta Elias (I Rs 19.18) que escolheu 7 mil que não se curvaram a Baal. Paulo, oriundo do povo judeu que rejeitou Jesus como Messias foi escolhido para pregar o Evangelho ao mundo - nem todo Israel rejeitou Jesus, Paulo creu. Isto é Graça. Assim como eu e você, ainda pecadores, fomos amados, e escolhidos (salvos) para levar o Evangelho e ainda falar em nome do Pai. Paulo foi escolhido porque era "bom" ou tinha algo especial? Os 7 mil tinham algo especial? Eu tenho algo especial? Nada temos e ainda assim, fomos escolhidos, é pela Graça.

(leia a continuação)

A Graça (pte.2) - Ef 2.8

A experiência de fé não está em nossas mãos, é Deus quem concede o dom da fé através da Graça, que não vem de nós, e é por isso que somos salvos. A fé para Salvação tem uma prerrogativa: ninguém virá a Cristo se o Pai não o enviar.

Fomos escolhidos pela Graça de Deus para crer? Estamos entre os 7 mil que não se curvam ante a Baal?

A Bíblia é um livro que fala de solidariedade da raça humana - pelo pecado de um homem, alcançou a todos nós, e pelo sacrifício de amor e justiça, a Salvação se estendeu a todos - como não chamar de solidariedade?

Daniel diz "Nós pecamos" (Dn 9.8). Neemias diz: "Eu e a casa de meu pai pecamos" (Ne 1.6). Já citei aqui a placa no museu do Holocausto que diz: "O holocausto matou um judeu 6 milhões de vezes" - algo solidário, profundo, como um cordeiro para toda a família na Páscoa.

Deus não rejeitou Israel graças ao remanescente fiel, e através dEle, todo Israel será acolhido. Afinal, o próprio Deus endureceu o coração de Israel (Rm 11.25) até a plenitude dos gentios para que a nação de Israel seja salva. É pela fé no remanescente, pela Graça, que a Salvação chega a todos.

A Graça é o próprio Cristo. O conteúdo desta Graça é a Salvação do homem da condenação eterna, caso tenha fé no Filho de Deus, e ainda instrui ao viver a vida com equidade, justiça, de acordo com a Palavra de Deus.

(leia a continuação)

A Graça (pte.3) - Ef 2.8

A Graça é um ato de Deus, que se opõe a qualquer ação ou mérito do homem. Vejo nisso um ato de compaixão, já que não merecemos, e mortos espiritualmente, não conseguimos entender, mas Deus nos quer para si. Alguém morto tem vontade ou desejo? Graça, portanto, é um ato unilateral de Deus, uma disposição em tratar bem àqueles que o rejeitaram, sustentar a existência dos resistentes, que não acreditam ou são contra Ele. Essa presença insistente talvez fosse mais fácil nem dar sinal algum de que Ele vive, mas por amor, insiste em mostrar Sua face, e esse amor e perdão, nos constrange. A Graça de Deus é a boa vontade, o desejo de abençoar, a ação bondosa sobre sua criação.

A Graça remove o pecado e a culpa, mudando o homem em seu interior, e uma vez mudado, enquanto caminha é purificado. Perceba que, alguém com uma vida impura e imoral, se afasta e despreza as coisas de Deus, mas quando é alcançado pela Graça, essa pessoa se constrange ao ofender a santidade de Deus, e busca um outro modo de viver, agora de forma justa e correta - lembro fácil de Maria Madalena, Paulo ou Zaqueu, pessoas que onde abundava o pecado, superabundou a Graça.

Se derrame, caia de joelhos no trono da Graça, pois é lá que encontraremos misericórdia, não em outro lugar. O Pai busca adoradores que o busquem em verdade e em espírito, lembra? Assim, se está de joelhos no trono da Graça é porque Deus, o Pai, já te encontrou. 

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A Graça (pte.4) - Ef 2.8

A Graça é o meio único de rendição oferecido para ouvir a suave voz do Espírito de Deus para que não endureça, outra vez, o seu coração. Diariamente, o Pai nos mostra que não conseguiremos viver longe dEle, afinal, é nEle que nos movemos, vivemos e existimos, o que comprova que longe dEle, não há vida. E ainda que esta pessoa queira e saia da presença do Senhor, Deus continua a sustentá-lo, com a vida, o sopro divino, para que amanhã seja outro dia para se arrepender e aceitar Seu amor. Ainda que pessoas não o queiram, Deus os quer. Eis a Graça!

Homens maus capazes de atos de bondade - Graça! O poder abençoador que age e atua em nós para praticarmos o bem, buscar o que é justo e bom, pois é pela Graça que sou o que sou, e nEle, só dEle, e para Ele, operam tanto o querer quanto o realizar - não de nós.

Aguardemos a volta do Senhor Jesus, com longanimidade, pois Ele buscará os que aceitam Seu chamado, os que compreendem que a vida que levam não leva à vida, só á morte, pois os limpos e purificados de suas paixões e desejos da carne, são transformados, de glória em glória.

E não se envergonhe, não há um justo sequer, todos pecamos e estávamos condenados, e precisamos desta glória. Esta dívida foi paga em Cristo Jesus, que se entregou como sacrifício vivo, anulando nossa condenação, agora o que nos domina é a lei do Espírito e da vida, não mais a lei do pecado e da morte. Foi o sangue de Jesus na Cruz que nos purificou, para que sejamos eternamente dEle! Pessoas consagradas, santas, parte deste plano perfeito que começou no Éden. Por isso, amado(a) sejamos bons despenseiros desta multiforme e Graça de Deus.

Por nós mesmos, não temos condições de chegar ao Pai, porque os pecados nos separam. O caminho foi construído de lá para cá, do céu para a terra, e só assim nos alcança, pela obra da Graça. E será através desta maravilhosa Graça que o ser humano se arrepende de tudo o que fez, dos erros e pecados, se tiver fé no Filho do Deus vivo, o Cristo, para alcançar sua Salvação e herdar a vida eterna.


Que todos permitam ser alcançados pelo amor e Graça de Deus!

sábado, 22 de maio de 2021

Redes Sociais - Contato

Recebi solicitações dos meus contatos nas redes sociais, portanto, segue:

- Instagram: marcioneves67

- Facebook: não tenho


Porque não quer mais? (pte.1) - Sl 122.1,2

Os motivos pelos quais as pessoas deixam de ir à Igreja são diversos. Passam pela decepção com os crentes, com os líderes, mas quase sempre tem início em seu próprio pecado, e se isola, achando que está certo e os outros, errados. As feridas abertas das pessoas são em sua maioria insatisfação com a Igreja (por promessas feitas pelos próprios líderes que nunca se cumpriram por não terem sido iniciadas em Deus, e sim, nos homens). O Senhor nos adverte do perigo de nos afastarmos da Igreja, da comunhão dos irmãos, principalmente, se for por motivos toleráveis, pois vejo também que muitos insatisfeitos, ou saíram de outras Igrejas (e não se encaixam) ou olham para o homem e não para Deus - o que seria um erro grave.

Entendi da parte de Deus para a minha vida que devo ser uma Igreja para aqueles que não gostam da Igreja, e também para aqueles de quem a Igreja não gosta. E o motivo pelo qual entramos numa Igreja sempre é a busca de algo que nos falta - no caso, a eternidade que Deus colocou dentro de nós (Ec 3.11).

A decepção com alguém ainda é o maior motivo do abandono da casa do Senhor. E honestamente, você só se decepciona se sua expectativa está alta em relação a algo ou alguém. Outra: A decepção é inerente à vida, já que são muitos os motivos que nos ferem (engano ou injustiça, por exemplo). Agora, olhando para a Igreja, o principal motivo da saída de pessoas é quando ela se volta para si mesma - eventos, show, seres humanos no lugar do Altíssimo, não há discipulados, EBD fraca, louvor a si mesma, pregações rasas, simplificadas para fazer as pessoas entenderem e não transformá-las, quando deveriam estar centrados em Jesus Cristo, o Filho do Deus vivo. Prefiro que a Igreja seja eterna, não moderna. Jesus requer ser o centro de tudo, e quando a Igreja não atinge esse objetivo, as pessoas não tem mesmo um motivo para continuar a frequentá-la. Afinal, em Jesus vemos como Deus é, e como nós deveríamos ser. 

(Leia a continuação)

Porque não quer mais? (pte.2) - Sl 122.1,2

O que mais admiro em Jesus é o legado deixado para Sua Igreja, em ações e palavras, mesmo mostrando os aspectos mais sombrios das pessoas, jamais as envergonhava ou as expunha. Ao contrário, suas palavras nunca julgava ninguém, apesar de colocá-las em seu lugar e sempre exortá-las em amor, chamando-as à superação e crescimento espiritual, deixando-as seguras, propondo mudanças em seu comportamento. Não vemos Jesus zombar de alguém quando praticavam outra opção religiosa. O amor que sentia pelas pessoas era percebido claramente - isso sim é proposta para mudança no comportamento.

Continuo acreditando que a Igreja do Senhor deva ser assim.

Ao contrário dos dias atuais, quando uma pessoa erra e está em pecado, ou é exposta para que os líderes mostrem poder ou são permissivos a ponto de dizerem que "amam", por isso não retiram as pessoas de seus ministérios. Enfim, seja em qualquer dos casos acima, erram.

A expectativa sobre um cristão é enorme, diferente de tudo e de qualquer profissão que se exija ética. Há hipócritas, mentirosos e corruptos nos escritórios, nos consultórios, nas escolas - mas ninguém abandona a escola e perde seu diploma, ou deixa de trabalhar. O mundo é hipócrita, as redes sociais são hipócritas, mas ninguém sai delas por esse motivo. E a sequência da saída de uma Igreja é sempre a mesma: colocar o irmão como hipócrita, e em seguida, abandonar a Igreja.

As expectativas depositadas no homem, e não em Deus, são a base da desmotivação, da desilusão e saída das Igrejas. Muitos caem para voltar em seguida - talvez precisem disso. E outros porque acreditaram no que foi prometido - mas Deus falou com você? Qual é a sua motivação: é o amor de Deus ou o dinheiro, as posses, o status, os bens prometidos? A teoria de Maslow explica bem.

(Leia a continuação)

Porque não quer mais? (pte.3) - Sl 122.1,2

Por isso, mestres e pastores, alerto: que vossas mensagens sejam sempre voltadas para a Salvação das almas, o sacrifício vicário de Jesus, e fundamentalmente, o Cristo ressurreto - esta sim, a mensagem central das Escrituras Sagradas.

A saída das Igrejas, tem a conotação da maturidade espiritual. Sair significa recusar a mudança proposta, assim não cresce e continua a tomar leitinho (I Cor 3.2), e chora, e reclama, cita nomes, aponta erros - mas não se levanta para fazer nada, e o pior, não traz para si a mudança, sempre espera o outro, o ministério, o líder, a Igreja mudar. Este comportamento é propício para não criar raízes, não cria identificação, não participa, e fica vulnerável, sempre levado por ventos de qualquer doutrina, o que é motivo para arrancá-lo da Igreja. Isso só confirma o que sempre digo: a pior fase para o cristão é o permanecer. Não há membros mais importantes num corpo.

Qual tem sido o seu alicerce? A Tv ou a Bíblia?

Deus instituiu a Igreja como modelo padrão para o ajuntamento de pessoas. Venha e permaneça, se coloque à disposição. Acha que o louvor, a recepção, a comunicação, a dança, o teatro, a manutenção, o ministério, não estão bons? Venha e ajude a melhorar, faça parte, dê ideias, honre o lugar que Deus te trouxe, contribua, honre a autoridade eclesiástica que Deus colocou sobre você. Deus conta com você, mas se você não quiser, a obra do Senhor não para.


Graça e paz!

quinta-feira, 20 de maio de 2021

Juventude - Ec 11.9,10


Triste realidade. A Bíblia continua a ser o jornal de hoje. Resolvi escrever porque vi esse rapaz, que caiu da janela e morreu, cantar "Eu escolho Deus" (Thalles Roberto) e me emocionei, justamente porque naquele momento estava refletindo sobre tudo. Foi um puxão de orelha de Deus para que eu orasse, e chorei. Pedi perdão, orei pela família, e não sabemos como é o trabalhar de Deus no coração das pessoas, e assim como aconteceu comigo, retirado do mundo, talvez algum anjo do Senhor estivesse ministrando ao coração deste rapaz. E decidi escrever que, eu não o conheço, nem as suas músicas, mas vejo que a Palavra de Deus se cumpre na vida de muitos jovens. A vida é passageira e frágil e conseguimos tirar lições deste triste episódio - devemos sempre orar pela vida.

Em Ec 11.9,10, Salomão fala da vaidade da juventude, da pressa em ser feliz do jeito que querem, mas adverte que prestarão conta ao Deus da vida de tudo o que fizerem.

Quando jovens, nos alegramos pois tudo podemos e conseguimos fazer, assim, só fazemos o que queremos e o que nos agrada. Mas a maior lição aqui é iremos prestar contas a Deus. Não é opção ou desejo, é um fato. E se Deus descortinar a vida destes jovens, assim como este rapaz que morreu estupidamente, o que veremos? Coisas boas ou coisas ruins? Vida dedicada e consagrada aos bons caminhos e praticar o bem, ou a vã glória, egoísmo, fazer o que se quer ainda que em prejuízo a outros, e principalmente, pecado? Os jovens estão se perdendo, a começar pelo mandamento (não é pedido, portanto) para honrar pai e mãe para que sejam longos os seus dias na terra - como vemos, o deste jovem foi curto, apenas 23 anos.

Tudo na vida é vaidade. Imagine só para alguém jovem, que não tem maturidade, que anda com pessoas que estão longe de serem sábias e que possam acrescentar alguma sabedoria à vida, e ainda ter dinheiro - algo que além de comprar pessoas e coisas, te deixa acima da média? É uma bomba relógio com prazo de validade para explodir. Um dia, a casa cai. No texto de Jó 8.8 a Palavra de Deus pede para que perguntemos aos nossos pais, que já passaram pela experiência, para que assim, quem sabe, nos aperfeiçoemos, pois a vida é curta.

E para finalizar, todos nós devemos estar prontos para nos encontrar com Deus e sermos julgados pelas boas obras. Vejo artistas que cantam louvores, dizem que amam a Deus, mas não saem da mídia, com roupas curtíssimas, fazendo o que desagrada ao Senhor. Não entendo. Tudo por um punhado de ouro e prata, que este rapaz agora morto, não levará consigo, mas deixará aqui para que tenham mais contendas, àqueles que ficaram.

A vida é como a flor do campo floresce, logo vem o vento e ela se vai. Se não for por Jesus Cristo, o único mediador entre Deus e os homens, a sua eternidade está selada. Que a morte deste rapaz, de 23 anos, sirva ao menos de alerta para os jovens desta geração, buscarem ao Pai enquanto se pode achar. Este rapaz, agora, já não pode...


Graça e paz!

segunda-feira, 17 de maio de 2021

O outro e eu (pte.1) - Gn 1.26,27

Ouvi um pastor que gosto muito falar sobre "outramento". Achei o termo bizarro, ao mesmo tempo, curioso. Descobri que o poeta lusitano Fernando Pessoa inventou tal termo: "Eu, poder ser tu, sem deixar de ser eu" - o que tem tudo a ver com o Evangelho de Jesus.

E o verbo correspondente "Outrar-se" é simplesmente deixar-se contagiar pelo outro, em vários sentidos, tanto novo quanto diferente, no que se refere à cultura, linguagem, pensamentos, etc. E durante este processo de outramento transformar-se em novo ser, com nova forma de olhar e percepção ao seu redor, inclusive, do outro.

A pandemia nos deu isso de presente. Em tudo dai graças, e louvo a Deus porque várias pessoas, OSCs e entidades diferentes perceberam que a fome é maior que a pandemia. E muitos tem se motivado a ajudar o próximo.

Ser imagem e semelhança de Deus é uma "unidade plural" - um só Deus na comunhão de 3 pessoas (o Pai, o Filho e o Espírito Santo), ou o mistério da Trindade. Este Deus que é uno e plural, sem qualquer incongruência, criou o homem semelhante/igual, logo, somos também um ser "unidade plural". O conceito de "indivíduo" (ou cada um por si) cai por terra já que na Bíblia não existe o indivíduo, mas existe a pessoa, e sabemos que a Salvação é pessoal, mas não é individual. A relação com Deus sempre foi pessoal, desde Adão, mas não é individual. Ser humano é ser plural.

(leia a continuação) 

O outro e eu (pte.2) - Gn 1.26,27

Ao entrar na presença de Deus, em oração, carrego a humanidade comigo. Assim, vemos Caim matar seu irmão Abel, e diante disso, ouve: "Onde está o seu irmão?", no qual responde: "Sou eu guardador do meu irmão?" (Gn 4.9). Esse diálogo mostra 2 coisas: quem somos e a resposta de Deus ("Claro que é!!"), que define que está sobre nós o cuidado de nosso irmão. Só não me pergunte "quem" é o seu irmão (leia a parábola do bom samaritano, sim?).

Nosso próximo é nosso irmão, não é "outro". O outro, no caso, é Deus. Outro ser humano ao meu lado não é outro, sou eu! Se Eva era osso dos ossos e carne da carne de Adão, então, Eva era o próprio Adão, não era "outro", entende? Apenas uma unidade.

5 (cinco) seres humanos são um e 1 milhão de seres humanos são um, uma unidade. Na cultura hebraica, Israel tem essa consciência, pois ao ler na placa do Centro Hebraico (Sumaré/SP), que é a mesma placa existente no museu de Israel, diz: "O holocausto não matou 6 milhões de judeus. Matou o judeu 6 milhões de vezes". Assim também é o corpo de Cristo, mesmo tendo muitos membros somos um só corpo (I Cor 12.12). O ser humano, criado à imagem e semelhança do Pai é plural, apesar de ser uma unidade, porque Deus é assim - plural!

Então, a partir de agora, já sabe: o que chamamos de "outro", não é o outro, sou eu.

(leia a continuação)

O outro e eu (pte.3) - Gn 1.26,27

Não é possível escolher ser sozinho, porque nunca somos ou estamos sozinhos. Pode haver a opção da solitude, mas nunca estará sozinho. Tenho em mim meus ancestrais (DNA), pais, avós, bisavós - portanto, não sou sozinho. Nem autosuficiente, pois carecemos uns dos outros para sobreviver, socializar, construir nossa identidade e humanidade. Não há ser completo sem comunhão, relacionamento.

O poder do outro (outramento) sobre nós advém da simples razão de que eu ou você, jamais teríamos vida sem o próximo. Não haveria construção alguma do meu ser sem o próximo. Duvida? São muitos que afetaram minha vida a ponto de ser quem eu sou hoje, já que dependo do próximo para chegar na minha casa ou estar onde estou (estrada, carro, rua, luz, água, combustível, chuveiro quente, dinheiro, etc). Em tudo há alguém que eu dependo, e este é o poder do próximo: dependo do próximo para algo em minha vida. Mesmo se achar que não depende de tanta gente assim, ao estar numa Igreja, você chega está tudo limpo, não? Alguém limpou. Há luz e água, não? Alguém instalou e pagamos para chegar até você. Alguém construiu ou alugou este imóvel, não? Se tem emprego, alguém o contratou, não? Seu chefe, o policial, o locador do imóvel, o encanador ou eletricista, tem poder sobre você? Sim.

É dessa forma que somos plurais, estar numa relação com o próximo não é opção, mas uma constituição natural do ser humano. É aqui que você descobre que sim, sou guardador do meu irmão, porque fomos criados como unidade plural.

(leia a continuação)

O outro e eu (pte.4) - Gn 1.26,27

O próximo pode ser a materialização do que te perturba. Quando vejo algo no outro que não tolero em mim, por exemplo, isso me afeta, porque revela minhas sombras - este é o poder do outro sobre mim. Consciente ou inconsciente, quero acabar com ele (Caim e Abel). O próximo desperta instintos primitivos, justamente pelo poder que tem sobre nós, e acabamos perdendo o controle emocional, falamos coisas que não gostaríamos. E o mais perturbador, é que este próximo é a o modo de nos aproximarmos de Deus.

 A imagem de Deus está no próximo - Deus é Espírito - e só assim podemos servir a Deus, através do próximo. Se Jesus teve fome, sede, sentiu frio, foi preso e doente, como nós servimos a Ele? Porque servimos ao próximo! (Mt 25.35-40). Quer servir a Deus? Sirva ao próximo.

Deus não precisa de manjar, frango, farofa ou vela na esquina, nem daquela musiquinha que canta aos domingos. Mas nós, sim, precisamos do próximo, um sacramento para não ficarmos no vazio, pois sem o próximo, nem de Deus nos aproximamos. E tenha certeza: ao se aproximar de Deus sozinho, ouvirá: "Cadê o seu irmão?" (Gn 4.9). Entenda que não poderá se aproximar de Deus vendo seu próximo sendo violentado em seus direitos, com frio e fome, acreditando que nada tem a ver com seu irmão, que sofre.

Aliás, Deus se achega a nós através do próximo.

(leia a continuação) 

O outro e eu (pte.5) - Gn 1.26,27

A manifestação do Espírito Santo em cada um é através dos dons espirituais manifestos para que a pessoa sirva - e só poderá servir à Igreja, para edificação de seus irmãos. Deus me deu dons, que apesar de serem para o meu uso, são para usá-los pela causa e por amor ao próximo. É o Espírito Santo de Deus agindo. Como Deus vai acabar com a fome alheia se eu não der metade do meu pão? Como vai acabar com o frio do próximo se não cedermos nosso teto? Como Deus vai consolar o próximo se eu não abraçá-lo? Ouço muitos orarem para que Deus envie seus anjos nos morros controlados por traficantes, nas prisões, nas guerras, na fome... Mas alguém tem que ir lá. Como amará a Deus, que não vê, se não consegue amar a quem vê? Se não está suscetível para ouvir o próximo, como ouvirá o Espírito Santo?

O próximo é a materialização dos meus medos e demônios, também é a materialização de Deus. Confessar os pecados, uns aos outros para que sejamos curados, é porque podemos ser perdoados, aceitos e suportados por nossos irmãos. Ao partilhar meus pecados a quem me ama, excluo a vergonha pública, mostrando quem sou, e se aceito, o amor de Deus se materializou.

O outro exerce poder sobre nós, que é Deus, através da vida dele. Se o poder de Deus se aperfeiçoa na nossa fraqueza, ao nos vulnerabilizar, nos expor diante do próximo, o poder de Deus se materializa em minha vida. Há perdão, há cura.

Por isso, a Igreja do Senhor deve ser um ambiente acolhedor, receptivo, inclusivo, jamais excludente. A comunidade criada por Cristo é a comunidade dos pecadores que confessam seu pecado e ouvem: "Eu te perdoo!".


Que a Graça de Deus, o Pai, seja sentida por todos que fazem parte desta comunidade chamada Igreja. Amém!