quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Vivemos a era da ansiedade (pte.1) - Lc 10.41,42

 

A ansiedade é esmagadora, nos consome, nos imobiliza até retirar toda a alegria de viver. O impacto é tanto físico quanto emocional - eu mesmo já senti insônia, insuficiência respiratória, pânico, dor de cabeça insuportável, medo de morrer, sudorese, coração acelerado, pressão alta, olheiras, ganho de peso e insônia.

Até compreender e aceitar que a ansiedade existe porque acredito em mentiras. Simples, não? Sim, é simples, porque se a ansiedade, como eu entendo, é medo do futuro, então ela me mostra cenários e fatos mentirosos, pois eles não aconteceram - tenho medo que aconteçam, mas ainda não aconteceram. E se a ansiedade me faz acreditar que estes fatos, que não aconteceram, são "verdades", então eu deixei de acreditar nas promessas de Deus que sustentam a minha vida. 

Afinal, os que esperam no Senhor renovarão suas forças. É isso que Deus nos diz para acreditarmos.

As mentiras estão dizendo que Deus, a quem eu creio e entrego minha vida, não é bom, nem onisciente nem onipotente. Precisamos parar de ouvir (e acreditar) em mentiras.

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Vivemos a era da ansiedade (pte.2) - Lc 10.41,42

A ansiedade oprime as pessoas diariamente. Como cristãos, precisamos saber combater o inimigo. Paulo nos mostra (Fp 4.6) como não ficar ansioso. Certa vez, numa loja de departamentos, senti um calafrio e Deus me alertou: "Olhe seu neto (5 anos)". Falei para minha filha: "Onde está o Pedro? Dê a mão para ele"; e ela respondeu: "Ele está ali, brincando perto do manequim". Andando na frente e eles atrás, ouço minha filha gritar: "Pedro!! Pedro!!". Meu neto desapareceu naquela loja enorme. Quase tive um infarto, e não adiantava dizer "Eu avisei!", porque seria pior. Procuramos e percebi que estava ficando sério, quando pedi para anunciarem na loja. Meu coração estava acelerado, os músculos do meu corpo começaram a travar, por dentro eu queria gritar e por fora, tentava conter as lágrimas. Imaginei voltando para casa sem ele... meu Deus! A ansiedade me esmagava! Quando minha filha avistou ele, no mesmo manequim que estava brincando, um pouco assustado (talvez pela nossa cara de pavor!), mas tranquilo, disse: "Não vi mais vocês. Fiz o que sempre disseram: Parei e esperei no mesmo lugar". Foi isso que combinamos mesmo. Deus cuidou dele.

Neste exemplo, podemos até perceber que a ansiedade é, perfeitamente normal - afinal, quem nunca se sentiu assim? - mas é exatamente este o problema da ansiedade! É a resposta natural do ser humano para algo que não tem controle. Mas Paulo (Fp 4.6) nos diz para não ficarmos ansiosos, por nada. Na verdade, a ansiedade é uma escolha. E a escolha de Paulo é "orar", e compreender que todas as situações estão nas mãos de Deus e só temos que confiar e descansar. Alguém preocupado (pré-ocupado = ocupado demais antes) não tem, muito provavelmente, uma vida de oração.

Sim, é mais fácil dizer que fazer. Mas descansar na Graça requer conhecer antes a Deus, e ao orarmos, reconhecemos que necessitamos do amor e misericórdia de Deus, pois apresentamos nossas necessidades e pedidos, e o que é mais importante, lançamos toda nossa ansiedade e cuidado em Deus, declarando nossa total dependência do Senhor, afinal, sem Ele, nada poderemos fazer (Jo 15.5).

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Vivemos a era da ansiedade (pte.3) - Lc 10.41,42


Quando lutar contra a ansiedade (pecado), lembre:

É inútil preocupar-se (Mt 6.27), não permita ser roubado em sua paz e alegria. É na oração que combatemos a ansiedade, que podemos ter a paz de Deus mesmo em circunstâncias que não fazem sentido ao homem.

Deus está conosco. Você acredita mesmo? O mesmo Deus que criou o universo, destruiu Sodoma e Gomorra, abriu o mar vermelho, enviou o dilúvio, derrubou muros em Jericó, estava com Davi, manteve Jonas vivo, e enviou Seu único Filho para morrer na Cruz por nós, está com você agora, você acredita? Pode confiar porque é em Sua presença que habitamos. Fora da presença de Deus não há vida. Nosso manual de sobrevivência, o Evangelho, proporciona uma vida decente aqui na terra e promete vida eterna no céu. Nossa maior necessidade, Deus nos atendeu: Cristo. Sua Salvação proporciona alegria, remove o medo do amanhã, porque o amanhã já está garantido, através da morte e ressurreição de Jesus Cristo.

Alguns pensam que a maior necessidade é a barriga cheia, carro 0km, casa nova, emprego, família (teologia da prosperidade). Achamos que precisamos de coisas, quando nossa maior necessidade é Deus. E em Cristo, vemos como deveríamos ser.


Graça e paz!

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Pós-modernidade na Igreja - I Tm 3.14,15


Há alguns anos, muitas Igrejas tem copiado o modelo australiano Hillsong de ser: pintam suas "paredes de preto", com aquele "ar" de cinema, música sempre mantendo o clima "up", onde ninguém se vê, e o foco é o palco (sim, "palco") onde as luzes privilegiam o "palestrante". Sei que estes termos entre parênteses não são comuns à Igreja do Senhor, mas é para acompanhar o Evangelho raso das pregações. Aliás, totalmente voltados aos não-cristãos (ou aqueles que "estão procurando"). Os "velhos" cristãos que se adaptem ou caiam fora. Assim, copiamos o padrão "américa" como sempre (willow creek, rick warren, hillsong united, saddleback, etc) e adquirimos o pacote que inclui o tema que falo hoje. Há um pragmatismo, onde o significado e importância é determinado pela metodologia do marketing. Ou seja, pessoas que só olham o crescimento através de pesquisa de mercado. 

Nunca fui fã de "Igreja com propósitos" desde que conheci em 2008. Conheço pastores que respeito mas são embasbacados com esse método de crescimento. E me pergunto: O que eu faço com At 2:47? Todas as razões desde o v.35 devem ser observadas, mas estas pessoas que conduzem essas Igrejas, pensam que terão um crescimento baseado nos relatórios, nas pesquisas, nas intuições e nos métodos humanos. Desculpem, não concordo. Em 4 (quatro anos) aprendi que Deus dava o crescimento, Ele acrescenta aqueles que devem ser salvos - não uma planilha em Excel ou pesquisa. Porque muitos destes que trazem à força, eles não querem saber de Deus, só de si mesmos. O que mais deveria honrar a Deus está claramente nas Escrituras Sagradas.

Até a música ouvida nestas Igrejas é fruto de pesquisa baseada "no que vocês gostariam de ouvir?". E falamos de música "pop", melosa, melodiosa, e de preferência, para tocar os corações, usam músicas com notas menores, com sétima ou nona. Perguntem a algum músico o "porquê".

Parecer-se com o mundo fará alguém levantar da cama para ir a uma Igreja? Ouvir um sermão que lhe estremeça cada osso e músculo do corpo porque a Palavra de Deus entre na exata divisão entre a alma e o espírito, certo? Não necessariamente. Porque a teologia de Warren, por exemplo, é fraca, além do mal uso das Escrituras, onde aprendi durante 4 (quatro) anos que um sermão deve ser expositivo. Pode ser temático? Pode, em circunstâncias diferentes de um culto.

Falo por estudar e pesquisar, só sabe disso quem estudou comigo. Se é verdade que "Deus não se importa com sua prática doutrinária ou visão espiritual...o que importa é se você aceitou Jesus" então, os mórmons podem dormir sossegados. E os pecadores? E o arrependimento? E a santificação? Redenção do sangue de Cristo? A teologia é fraca, justamente pelo alvo escolhido. Não existe autoajuda na Bíblia, só Warren acha que existe, e usa Mt 16.25, onde "carregar a sua cruz" é morrer para o mundo e seguir a Cristo! Pior, é usar esta passagem para sermos o que Deus nos criou para ser - algo que Warren faz como maestria.

Toda a ênfase na autoestima e pragmatismo de Warren são coletados de Robert Schuller, onde recebeu influências deste homem que negou o pecado e se perdeu do Evangelho.

Tenho tido algumas discussões, no melhor sentido, sobre "propósitos" de Deus com homens de Deus. Mas definitivamente, as fontes citadas no primeiro parágrafo, não podem nos levar para longe da Igreja do Senhor - baseada no amor à Deus e ao próximo, no servir, na obediência ao Pai, e principalmente, como único local onde a mão de Deus ainda é conservada e permanece. Vinde, voltemos ao Senhor, para que saibamos nos comportar na casa de Deus, coluna e verdade, com temor e tremor.


Graça e paz!

sábado, 26 de setembro de 2020

O que esperarmos? - Hb 5.1-4

Fiz Teologia e me considero um teólogo. Prego a Palavra de Deus. Sou líder de um Grupo de Comunhão. Faço muitos projetos que nem sempre são postos em prática. Mas busco a seguinte reflexão: "O que as pessoas esperam de mim, como pastor?"

Ser íntegro e fiel às Escrituras Sagradas para nutrir o povo de Deus, é uma premissa. Para onde as pessoas olham? Para o exemplo que deve ser a sua família, sendo ela, o primeiro rebanho a ser pastoreado. Só então, acreditarão que este homem poderá pastorear uma Igreja. Devo ser terno, amável, sem orgulho, sem carteirada, ser primeiro ser humano, depois um pastor. Vejo péssimos exemplos, então arrisco dizer que um pastor também não pode ser centralizador (por mais que digam que não o são), nem opressor. Porque um rebanho vítima de um pastor que centraliza tudo, geralmente é infantilizado.

Acredito que um líder espiritual deva orar, não só por seu rebanho, mas orar com eles. Contribuir para a busca de santidade daqueles que não sabem como fazer. Traduzir em palavras simples as Palavras de Deus no intuito de ajudar, contribuir a andar debaixo da vontade de Deus, demonstrando o sentido e propósito na vida cristã.

Estar pronto a socorrer, a hora que for, em momentos de crise e desespero - por isso, tenho um projeto para atendimento 24 horas da Igreja, porque os problemas sempre acontecem inesperadamente, quem tem fome não pode esperar até segunda-feira, e a oração deve ser feita segundo a necessidade, jamais segundo a minha disposição.

Outro ponto importante é ouvir. Sempre digo que temos 2 ouvidos e só uma boca, assim temos que ouvir 2 vezes mais do que falamos. Tenho aprendido a ser assim, porque os desabafos, problemas pessoais, buscam respostas sempre no homem de Deus, naquele que Deus levantou e é reconhecido. Chorar com os que choram é mais difícil que sorrir com os que sorriem (estes, já estão ao redor das pessoas).

Fundamental é jamais desistir de alguém. Um homem de Deus não pode alegar que alguém não tem jeito. Devemos estar ao lado de quem sofre, mesmo que em silêncio. Infelizmente, ouço líderes dizerem que não são "personal espiritual".

E por fim, devo sempre trazer porções da Palavra de Deus para levar esperança a quem já a perdeu. Repreender, se necessário e exortar ao arrependimento, sempre com amor. Nosso ministério é o da reconciliação. Precisamos exortar os cristãos a servir e assim, manter a chama do amor a Deus no propósito de glorificar ao Senhor.

Enfim, os ministérios dentro da Igreja, e seus líderes, devem ser treinados a servir com eficácia, a ponto das pessoas identificarem seus dons, dados pelo Espírito Santo, para servir à Igreja do Senhor.

Orai sem cessar - I Ts 5.17

Há orações tão silenciosas e sinceras, quanto há lágrimas que falam mais alto que gritos. Honestamente, em algumas orações, nem sei o que dizer, porque minha fraqueza em certos momentos é tão profunda, que me deixa sem palavras. Quem nunca se sentiu assim, por favor, me ensine, mande sua receita. Passo por um momento desses. Não consigo orar, somente chorar na presença de Deus e repetir: "Senhor, Tu sabes todas as coisas".

Mas isso não é necessariamente, um problema. Chorar faz bem, e ainda permaneço na presença do Senhor - e isto me conforta. Melhor estar com a minha alma perturbada e aflita, nEle que troca o Seu jugo comigo, no Espírito Santo que me consola e em Deus, que terá sempre misericórdia, do que estar longe, com pessoas, ou sozinho, o que é pior. 

Porque é na presença do Senhor que sinto Seu afago, recebo refrigério que tanto preciso.

Nunca se preocupe com o que dizer, como falar, pois Deus nos conhece, sabe que somos pó, pois nos criou e compreende meu silêncio - vai compreender o seu. Deus sonda nossas emoções, e ainda que a palavra não tenha chegado à minha boca, Ele me conhece.

Certas lágrimas derramadas na oração, tem muito mais significado que certas palavras. E quando recito a Palavra de Deus e as Suas promessas para o Seu povo (eu e você), me dá esperança, principalmente nesta semana. Substitui a lágrima e tristeza, pela esperança que Deus coloca em mim. Por isso, é só um conselho: leia a Bíblia. Perceba o amor de Deus sobre você. Eu confesso que estou experimentando isso, justamente num período muito difícil.

Até porquê, se fosse um momento fácil e tranquilo, acha mesmo que eu louvaria e adoraria a Deus?


A paz do Senhor. Que nossas orações continuem a chegar e ser aceitas pelo Pai.

terça-feira, 22 de setembro de 2020

Autoimagem (pte.1) - Rm 1.18-25

 

A necessidade de ser visto (e adorado) consome o homem pós-moderno. Um dos maiores movimentos da história da humanidade, inclusive um dos significados que habitará o anticristo, é a cultura da idolatria, aperfeiçoado na autoimagem. Enquanto Jesus Cristo refletia a imagem de Deus exata, o anticristo reflete o rosto potencializado em seus desvios, pecados, heresias, apostasias e impiedades, do homem pós-moderno.

Ele está sendo consumido (carcomido) pela necessidade de ser visto, curtido e compartilhado, aplaudido e ovacionado, catapultado pelas redes sociais que se especializaram nisso. Quando Zuckerberg criou o Facebook, ele queria que fosse assim? Não. Mas a natureza caída do homem, quis assim. Não existe mais lugar secreto, tudo precisa ser público, inclusive momentos íntimos, nudez. O momento de lazer e descanso só faz sentido se for visto por todos, inclusive àqueles de quem não se gosta (causar inveja). E o que é pior, na minha opinião, é estender as mãos ao necessitado, não sem antes tirar uma "selfie" para comprovar o quanto esta pessoa é do "bem". Isso me entristece. 

Até o culto á Deus já está sendo devidamente postado, inclusive pela própria Igreja, para quem sabe assim, atraia novos membros pela beleza da arquitetura, das paredes devidamente pintadas de preto, pelas luzes no "palco" (sim, é palco!), e isto só terá valor se curtido, compartilhado e acompanhado de um "glória a Deus!". O alimento são as "curtidas" - sucesso e fracasso são medidos assim - e essa roda gigante vazia continua a cultuar a autoimagem. 

(leia a continuação)

Autoimagem (pte.2) - Rm 1.18-25

Escrevi há pouco que para compreendermos Deus, em nenhum dos 5 sentidos isso é possível, e só será se você transcender (http://marcioneves67.blogspot.com/2020/09/propositos-pte2-ex-1414-16.html em fé, conseguirá saber o propósito do Espírito de Deus (Jo 4.24a). Nosso chamado é ser um agente que transforma as pessoas semelhantes a Jesus, apresentar o Evangelho do Senhor para arrependimento e salvação. Jesus não tinha assessoria em marketing digital (em resposta àqueles que acham que se Jesus vivesse em nossa época, tanto andaria de BMW, ou o burrinho no domingo de ramos, quanto estaria nas redes sociais colocando versos bíblicos). A todos os que leem meu Blog, digo: Várias vezes Jesus curou enfermos mas dizia: "Fique entre nós, ok? Não chegou a minha hora, então...", ou quando satanás ofereceu glória e reinos (tudo aquilo que já era de Jesus) e ainda assim Ele recusou, simplesmente porque estava a serviço do Pai.

Na Trindade, meus queridos, o Pai dá testemunho do Filho, o Filho representa o Pai e o Espírito Santo testifica do Filho, onde Deus, o Pai, dará a todos os que pela Graça e submissão forem salvos através da fé em Jesus, o direito de serem chamados Filhos de Deus.

Que Jesus cresça e nós diminuamos (Jo 3.30).

Jamais habite em nós, os que creem, a cultura do eu, a egolatria (pior que a idolatria), culto à autoimagem. Aplausos, curtidas, vã-glória não alimentam ninguém a não ser satanás em nós. 

Que a nossa comida e nossa bebida sejam fazer a vontade do Pai (Jo 4.34) para refletirmos cada vez mais a imagem e semelhança que nos fora dada no Éden, para a Glória de Deus, amém.


Que o poder de Deus nos ajude a afastar toda corrupção satânica, contrária a imagem e semelhança que Deus criou em nós.

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Propósitos (pte.1) - Ex 14.14-16

Muito antes de aceitar a compreensão de "propósito de Deus" como simplesmente "Até os cabelos da cabeça de vocês estão todos contados" (Lc 12.7) - como se fôssemos marionetes guiados por cordões nas mãos, pés, cabeça, mente, coração e boca, apesar de ser uma declaração bíblica, verdadeira - tenho dificuldade em aceitar esse simplismo. Mesmo porquê, continua a existir aquele que ama a Deus e oferece o melhor (sua vida) e aquele que não quer saber de Deus. Deus nos criou, sim, nos conhece e sabe que somos pó (talvez nós é quem não saibamos) mas há muito mais, antes disso. Tenho certeza que Deus não irá responder se você orar e perguntar com quem deveria se casar: com a loirinha ou com a moreninha. Nem se orar para que, no dia do casamento de seu filho, Deus não permita chuva para não estragar a festa -  ou imagina Deus ordenando às nuvens para não estarem juntas, carregadas, para que não chova, pois seu filho pediu? Isso não existe (leia Sl 115.16). Não consigo pensar que Deus escolheu meu cabelo, com quem iria me casar, meu corpo (antes ou depois de engordar?), mas e as minhas decisões? E o meu plantio? E a minha semeadura? Nem vou falar de livre arbítrio.

Propósito é cumprir uma missão, a tarefa que Deus nos incumbiu pois há um papel neste mundo que é só meu. Assim, viver com propósito é cumprir e realizar o ofício delegado por Deus.

Propósito é a razão pelo qual algo existe. A faca existe para cortar, o remédio para curar, o veneno para matar. E nós? Fomos criados à imagem e semelhança de Deus, para glorificar o nome do Senhor - mas onde está isso em nós?

Por princípio, Deus é ¹Espírito (Jo 4.24a), é pessoal (Jo 14.6-10), é plural (Mt 28.19; Gn 1.26) e 4criador (Gn 1.1).

Deus é ¹Espírito e em nossos 5 (cinco) sentidos é impossível ver, ouvir, cheirar, falar ou tocar em Deus. Assim, sendo criados à imagem e semelhança do Pai, somos seres espirituais (habitando em corpos físicos). 

Deus não é energia, não é força, não é um ser de luz, não é poder, não é (sua) verdade. Deus é uma ²pessoa, que pensa, sente tem vontade, autoconsciência. Deus é espiritual e pessoal.

Deus é ³plural: A Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo), são 3 (três) numa pessoa. Nós somos espirituais, pessoais e plurais (somos a unidade de muitos).

Deus criou céus e terra (Gn 5.1; Is 14.24), e no mesmo raciocínio em sermos imagem e semelhança, temos a criatividade e capacidade de criar, por mandato de Deus, a participarmos da criação: "Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a" (Gn 1.28).

Quando compreendermos o que envolve ser criado à imagem e semelhança de Deus, conseguiremos entender os propósitos de Deus: ¹Transcender, ²crescer, ³conviver e construir.

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Propósitos (pte.2) - Ex 14.14-16

¹Propósito: transcender - "Onde está o seu Deus?". Como eu disse, mesmo com os 5 sentidos não conseguimos atingir ou alcançar a Deus. Para compreender Deus temos que transcender, se não transcender (fé, crer) não compreenderá. Como seres espirituais, queremos suplemento para a alma, somos seres que transcendem - a gente não quer só comida, queremos a eternidade, e por isso mesmo, devemos responder "onde está Deus?".

²Propósito: crescer - Por sermos seres pessoais, gostamos do tipo de gente que nos tornamos? Não podemos culpar a genética, todos temos culpa, sim, da cara que temos, nos tornamos pessoas, desenvolvemos nossa humanidade, e aprendemos a ser gente, como gente deve ser (ou não). Se tornar gente como Deus criou, é crescer. 

³Propósito: conviver - Porque somos plurais, uma unidade de muitos, onde estão as pessoas que amei? E as pessoas que me amam? No último suspiro no leito de morte, alguém quer a chave do carro 0km ou da casa da praia ou a mão daquelas pessoas que nos amaram, que eu amei, nos segurando? Agora, pense: serão muitas pessoas? Ao longo da vida você fez mais amigos ou inimigos?

4 Propósito: construir - Somos seres criativos, imagem e semelhança de Deus. Por isso, construímos relacionamentos. O mundo é melhor, ou está melhor, porque eu passei por ele? Alterei o rumo da história das pessoas que estava à minha volta? O que eu fiz para melhorar este mundo? O famoso legado é o que fez para marcar as pessoas (amor, perdão, misericórdia, alimentar, orar por elas). O que fez para as pessoas que elas jamais esquecerão?

Resumindo, os propósitos de Deus são coisas simples, pois todos nós temos que transcender, crescer, conviver e construir. 

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Propósitos (pte.3) - Ex 14.14-16

 

Precisamos de Deus para que nossa humanidade se desenvolva (transcender)?

Nossa humanidade depende da construção da nossa identidade (crescer)? 

Nossa humanidade depende da nossa rede de afetos, da capacidade de externar o amor entranhado na comunidade que vivemos (conviver)?

A nossa humanidade depende da disponibilidade em criar pontes, e não muros, entre os que amei e fui amado (construir)?

Percebe agora, você que conseguiu ler até aqui e entender, que viver com propósitos é viver a experiência humana, criada por Deus e oriunda da imagem e semelhança do Pai, em transcender, crescer, conviver e construir?

Propósito para nós é cumprir a missão dada por Deus, enquanto imagem e semelhança, pois o papel que devo desempenhar é meu, o seu é outro. Logo, o viver com propósito é cumprir essa missão, realizá-la, como vemos vários exemplos na Bíblia:

- Moisés tinha o propósito de tirar o povo de um lugar; Noé, teve o propósito em construir um grande barco; Os profetas tiveram o grandíssimo propósito de entregar mensagens de Deus; Maria pariu e cuidou de uma criança até os 12 anos; José cuidou e educou, deu sua linhagem, ensinou um ofício a esta criança; o propósito de João Batista foi alertar a chegada do Messias, do Filho do Deus vivo.

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Propósitos (pte.4) - Ex 14.14-16

 

Ok, mas e para nós, eu e você, o que vem a ser isso? Pode ser a dedicação a uma causa, a uma pessoa, a uma instituição, ao ensino ou a alimentar muitos, exercer uma competência. Alguns, que dizem não saber o propósito de Deus para si, podem ter passado por este propósito e nem se aperceberam.

Para saber qual o seu propósito, acredite: Você cumpriria esta missão sem receber um centavo. E mais, até pagaria para fazer isso. Agora sim, tenha certeza que este é o seu propósito, porque o propósito é de Deus - nada que possamos nos gloriar.

Propósito é cumprir a missão sem ter a ver com você ou com os que você ama. Na verdade, Deus nunca enviará uma missão onde só você ganha, ou os que você ama ganham. É sempre em favor dos que nada tem, dos necessitados, do outro, do próximo. Se o propósito que você (acha que) tem ou faz só tem a ver com você e os seus, repense - é  muito pouco! Muita gente reclama que Deus o colocou num lugar de trevas... mas você não é luz? Reclamar do quê, você está no lugar certo.

Por causa desse propósito, você fará sacrifícios, aqueles que doem - dizer "não" para oportunidades que queria muito, só para não ter que dizer "não" ao que Deus mandou você cumprir, porque acreditará que foi Deus quem te deu, ao mesmo tempo que diz "sim" para os sacrifícios, assume compromissos á exaustão, doar de si mesmo (não dar 'coisas'), se preparar, orar.

E por último, preferiria morrer a não cumprir esse propósito de Deus para você. Ter uma vida medíocre é morrer. Como dormir, acordar, trabalhar, comer, vai ao banheiro, dormir, acordar. Tem gente que come até caviar, dá no mesmo. "Se tiver prazer e conforto, eu vou" ou "Férias na Europa, eu vou!" ou "Pregar a Palavra nos EUA, eu vou!" - medíodre!! Se não houver doação ou auto-doação que nada tem a ver com você mesmo e os seus, saiba que não é propósito de Deus. Vida com propósito é uma oferta, é uma oportunidade na vida para fazer o bem! Sabe porque o mar vermelho se abriu para Moisés? Porque ele carregava mais de 2 milhões de pessoas. E você, quantos carrega, para orar (ou cantar, o que é pior!) "se não abrir o mar, Deus vai me fazer andar por sobre as águas" - Acha mesmo que Deus abrirá o mar para que passe, sem propósitos com ninguém, a não ser com você mesmo? Pense nisso.

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Propósitos (pte.5) - Ex 14.14-16

 

O maior exemplo que lembro de propósito na Bíblia é José de Arimatéia (Lc 23.50-54). Rico, fariseu, membro do Sinédrio (tribunal judaico) que tinha status social na época, foi quem deu o túmulo para Jesus. Tão importante que pediu audiência com Pilatos e este lhe concedeu. Sabe o que pediu a Pilatos? O corpo de Jesus para sepultar. Quem era crucificado era deixado na cruz como exemplo, em praça pública, para que o povo visse o que aconteceria com rebeldes contrários ao Império Romano. Ao pedir o corpo de Jesus e dizer: "Vocês condenaram o cara errado, Ele é inocente, merece ser sepultado, e eu vou sepultá-lo". Perceba que, ao fazer isso, coloca sua reputação, posição, status, riqueza, em jogo.

Quando descobrir algo que vale a pena todo e qualquer sacrifício, que vai custar o que temos e o que somos, então teremos um propósito para existir e viver: "Enquanto não descobrir um propósito para o qual morrer, então não descobriu ainda uma razão para viver" (Martin Luther King).

Lembre: Viver com propósito é transcender, crescer, conviver e construir. Se Deus lhe deu é para cumprir, e este propósito, provavelmente, terá sacrifícios, haverá doação, não tem a ver com você e com os que ama, e estará intrinsecamente ligado a, se necessário, morrer por isto, e se for o caso, pagará para cumpri-lo, tamanha sua importância. Agora sim, Deus sabe todas as coisas.


Que a Graça continue nos alcançando!

 

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Aviva, ó Senhor! - Hq 3.2

Declínio espiritual. Apesar de estar claro, nada mais é que o esfriamento gradual do cristão a respeito da Graça imerecida, a perda contínua da vontade em buscar a Deus e ao reino, diariamente, bem como questionamentos sobre temas fundamentais, bastante questionados nas redes sociais, como salvação, ressurreição, Igreja, mandamentos de Deus, amor, e outros. A decadência, além de gradual é imperceptível, como olhar seu filho todo santo dia e não perceber que ele cresceu, mudou, e não é mais um bebê de colo - os pais demoram para perceber isso. É necessário ânimo - como Deus instigou a Josué (Js 1.6a) - para ler a Bíblia, prestar culto ao Senhor, orar, dar testemunho da sua fé, porque naturalmente, esmorecemos. Não é que deixaram de amar a Deus, só esfriou, e é necessário avivar, no meio dos anos, o povo do Senhor.

O antagonismo cresce nos corações de quem crê, por tudo o que foi citado acima, onde toleram o pecado e a vontade de errar ou experimentar quando deveriam fugir.

Imaginem isso acontecer com muitos cristãos. Imagine agora, a Igreja, como ficaria? É nesses tempos de pandemia que os corações esfriaram, o coração antagônico predomina, e a fé desaba. Vejo muitos na internet buscando pastores bons, homens de Deus, mas também vejo que buscam o que querem ouvir, e não o que precisam ouvir sobre pecado, obediência, salvação, santidade, céu, cruz, morte, ressurreição, humildade, servo - todos exemplos que Cristo nos deixou. Assim, a Igreja acaba fortemente afetada e manifesta o declínio espiritual, da diaconia ao louvor, do culto às missões (inexistentes). Para mim, que me considero um mestre/pastor/teólogo, o declínio doutrinário vem em seguida - e isso me assola, me devasta por dentro. Há o abandono do Evangelho para se amoldar ao mundo.

Daria para citar algumas Igrejas que entraram em declínio espiritual, abandonaram a doutrina de inspiração e inerrância da Bíblia - agora falam da sexualidade de gênero, trocam pecado por "erro", e que Deus é amor e por isso aceita tudo, a família é do jeito que queremos, além das doutrinas fundamentais acerca da salvação em Jesus Cristo - onde vamos parar?

Entretanto, Igrejas devem manter a ortodoxia e a confissão de fé nos pontos cruciais do Evangelho. Ainda assim, podem perder o primeiro amor, a paixão e zelo pelas coisas de Deus? Sim, podem. E como numa avalanche, os cristãos, individualmente, também.

Aviva, ó Senhor, o Teu povo no meio dos anos!


Graça e paz!

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Mídias sociais (pte.1) - I Cor 6.12

As mídias sociais trazem vários desafios para os cristãos. Interessante é que, as redes sociais (https://marcioneves67.blogspot.com/2018/11/redes-sociais-pte1-i-cor-1023.html) tem esse objetivo: unir, conectar pessoas. Quantos amigos de infância ou parentes distantes encontramos? Ao curtirem, comentarem e compartilharem algo que postou gera uma boa sensação. Se por um lado, se mal utilizadas, gera distancia, zombaria e tristeza, por outro lado aumentam as amizades, são úteis para ter informação e crescimento. Haja visto que muitos pastores utilizem as redes sociais para passar sua mensagem do Evangelho.

Mas há desafios espirituais envolvidos, que são inegociáveis. Domínio próprio é um desses desafios, advém do Espírito de Deus, é uma das virtudes do Espírito Santo (Gl 5.22), e como controlar-se a si mesmo (Pv 16.32) se é tentado a cada vez que entra na rede social? Difícil. Pois é necessário uma mente pura para não se deleitar no prazer da carne (apesar de virtual) pois há postagens cercadas de impurezas - se não explícitas em imagens, são textuais.

Há que se ter muita benignidade (sobriedade) para não dar crédito à desinformação, deturpação da verdade, e falsas notícias que, com certeza, prejudicam pessoas e famílias. Deve haver discernimento espiritual (sensatez) para não expor sua casa, família e seu lar, trazendo para dentro da intimidade, pessoas que nem conhece, ávidos por destilar inveja, um olhar maligno. Inclusive há casos de pedofilia pela exposição de crianças tomando banho, em piscinas, que os pais nem se apercebem.

(leia a continuação)

Mídias sociais (pte.2) - I Cor 6.12

Algo que chama a atenção são as discordâncias. Há que se ter muita paciência para lidar com críticas, opiniões e comentários maldosos, de pessoas sem educação, com outro nível cultural ou religioso, sem bom senso, sem a mínima condição de manter um diálogo, mesmo que discordemos no campo das ideias. Não há mais cordialidade entre as pessoas. Plantado o "nós x eles", cada um assume sua posição e vamos para a arena lutar. O cristão já foi perseguido numa arena, mas somos livres em Cristo Jesus, o que não me permite ofender, mas oferecer os dons do Espírito que habitam em mim. 

É preciso sabedoria para não reagir às provocações. A palavra doce pode desviar o furor, mas o contrário é verdadeiro: a palavra dura suscita a ira (Pv 15.1). Não terá a paz com brigas compradas com o ímpio. 

E por último, mas não menos importante, a humildade (https://marcioneves67.blogspot.com/2016/03/humildade-e-humilhacao-pte1-lucas-147-11.html) para compreender que, ter acesso à internet não me faz sábio, não nos dá títulos, nem razão. É só um acesso à internet. E apesar desse livre acesso permitir que escrevamos, postemos fotos, nosso ego se satisfaça a cada curtida ou compartilhada do que postamos, não lhe fará ser, jamais e em tempo algum, um Filho de Deus, um teólogo ou um pastor.

Muitos postam versos bíblicos - que lindo! Mas estes vivem o que postam?


Que a Graça e misericórdia do Senhor Jesus seja sobre todos nós!

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

O caminho - Jo 14.6

Nem toda estrada é um caminho. Nem todo trajeto é um caminho. Só é caminho aquilo que te leva da origem ao destino.

Quando temos a ideia de que Jesus é o caminho, não o destino, não o fim, este caminho nos conduz a um novo lugar. É com temor que reflito, que é possível que nós enquanto Igreja, estamos fazendo a obra do reino pela metade (https://marcioneves67.blogspot.com/2019/12/igrejas-precisam-de-pastores-e-mestres_17.html). Muitas vezes, trabalhamos unicamente para levar as pessoas até Jesus e acreditamos que, quando levamos aquela alma à Jesus, a obra então está completa. Mas não está.

Como eu disse antes, levamos a pessoa até o caminho, mas este caminho leva a algum lugar. Se, de fato, nos encontramos com Jesus achamos o caminho, mas o nosso destino quase sempre é outro: é o próximo! 

Jesus então não é o destino, é um novo jeito de ir, Ele é o caminho. Assim, Jesus nos mostra que se amarmos somente a Deus, seremos apenas religiosos. Se amarmos só as pessoas, não passaremos de ateístas e ativistas. E se amarmos somente a nós mesmos, seremos narcisistas e egoístas.

Portanto, Jesus diz que Ele é o caminho para destituir a religião/religiosos.

Jesus diz que é o caminho para destituir a forma como dizem que amam ao outro (no AT, tinha que amar a Deus, e não necessariamente amar o próximo).

E Jesus diz que é o caminho para destituir o egoísmo e narcisismo, tão presentes hoje em dia - eu não existo sem o outro existir, a minha existência é vinculada e depende do outro. 

Jesus é o caminho porque acaba com a religião, acaba com a desigualdade social (o amor faz com que ninguém deixe seu irmão passar necessidade), e acaba com o amor-próprio, aquele que é tóxico, egoísta. Atitudes de amor só exalam quando o amor de Deus habita em nós, e é verdadeiro, na exata proporção contrária. 

Que possamos nos entregar nessa relação.

Graça e paz!