quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

No caminho, em crise de fé (pte.1) - Lc 24.13-32

 

Amo esse texto porque fala de mim e para todos nós. Nas minhas crises de fé, e após o Seminário não foram poucas, esse texto me ajudou a perceber que as expectativas que tinha em relação a Deus foram frustradas, porque Deus não realizava coisas que eu achava que deveria fazer - e isso nos frustra. Não que estivesse certo, mas a expectativa era alta. Contribui também a distância entre os clichês aprendidos na minha peregrinação religiosa e a realidade da vida.

Só compreendi que era mesmo o início de uma crise de fé quando disse a Deus que queria desistir de tudo, que o que eu tinha ouvido era coisa da minha cabeça, e não tinha mais certeza do meu chamado para o ministério, se deveria crer na liderança sobre mim ou aspirar ser um pastor e mestre, como sempre cri. Com a média mais alta dos 4 (quatro) anos que fiz Seminário, carregava esse peso e achava que, se estou questionando minha fé, minha vocação, tudo o que aprendi e o que me foi ensinado ao longo dos anos, com pastores diferentes, seria justo e legítimo ainda querer ser pastor? Ou teólogo? Continuar como se eu tivesse aquela fé que as pessoas achavam que eu tinha, mas eu mesmo duvidava, pensei: "Melhor desistir". E dessa forma, fui percorrendo o caminho de Emaús, ou melhor, eu estava indo para Társis quando Deus me queria em Nínive. Eu raciocinava diferente das pessoas que estavam nos ministérios por onde passei. Queria estar entre os que não tinham oportunidade, os necessitados, onde ninguém queria estar. Tinha e tenho muitos projetos, ideias que jamais foram concebidas, algumas abandonadas. A concepção e direção de Deus para a minha vida, além de nunca ser ouvida, o que era executado, contrariava a Palavra de Deus, ou o que eu entendia que a Palavra de Deus dizia, e que não cumpriam a determinação do Evangelho de Cristo. Somado ao fato de nunca ser convidado para nada (dentro), mas convidado para tudo (fora), tudo foi morrendo em mim. Já não me sentia um servo de Cristo. Enquanto muitos liam e se refestelavam com "Igreja com propósitos" (R.Warren), eu colocava pontos contrários a esta "moda" que me perturbava por estar contra o que eu sempre acreditei: A Igreja como inclusiva, jamais excludente. Sou o primeiro pastor da minha família há 4 gerações, com parentes surrados pelo espiritismo, e marcas que gostaria de esquecer que um dia vi. Como um homem de fé, em minha peregrinação espiritual, consegui ser respeitado e reconhecido pela minha família (algo difícil de ser alcançado), pelos amigos, e pela Igreja, como um homem usado por Deus, que orava por quem precisasse a qualquer hora do dia e da noite, que louvava em adoração a Deus, mas que não deveria alimentar mais essas pessoas, porque nem eu acreditava que eu era uma pessoa vocacionada, com chamado de Deus, e de fé. 

Ao me dar conta desse conflito profundo, que estava se assentando em meu coração, diante de tantas negativas, pensei: "Estou numa crise de fé. Quero abandonar tudo, não sei se devo continuar onde estou".

(leia a continuação)

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